Quinta-feira

CLIPPING (21.12.2017)

VALOR ECONÔMICO

BC vê inflação abaixo da meta e PIB maior em 2017

A inflação anual medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2017 em 2,8%, chegar a 4,2% em 2018, marcar 4,2% em 2019 e 4,1% em 2020. Essa é a trajetória da inflação no cenário que considera as estimativas dos analistas financeiros coletadas no Boletim Focus do Banco Central. As projeções foram divulgadas nesta quinta-feira (21) no Relatório de Inflação (RI), que tem data de corte em 15 de dezembro.

Para fazer as projeções, o BC considerou dólar de R$ 3,29 neste ano, de R$ 3,30 em 2018, R$ 3,40 em 2019 e R$ 3,45 em 2020. A Selic assumida é de 7% em 2017 e 7% em 2018. No RI de setembro, a projeção para a inflação no fim de 2017 era de 3,2%, subindo a 4,3% no fim de 2018 e marcando 4,2% em 2019 e 4,1% em 2020. Para 2017 e 2018, a meta é de 4,5%, em 2019 recua a 4,25% e em 2020 cai a 4%. O intervalo de tolerância é de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

A expectativa, segundo o BC, é que a Selic atinja 6,75% no início de 2018, e entre em trajetória de alta em dezembro do mesmo ano, chegando a 8% em abril de 2019 e mantendo-se nesse patamar até o final de 2021. PIB O BC elevou a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 de 0,7% para 1%.

De acordo com o RI, a revisão reflete “os impactos dos resultados das Contas Nacionais Trimestrais divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o terceiro trimestre do ano, da revisão da série histórica do PIB e de estatísticas setoriais disponíveis para o trimestre em curso”.

O relatório também eleva a projeção para a expansão dos componentes da oferta em 2017. Para o setor agropecuário, a estimativa de alta passou de 12,1% para 12,8%. Para a indústria, a projeção melhorou de queda de 0,6% para recuo de 0,3% em função, principalmente, do incremento na indústria de transformação (de 0,6% para 1,3%).

O setor de serviços deve apresentar crescimento maior do que o previsto anteriormente (0,3% ante 0,1%), com destaque para o comércio (0,8% para 2,0%); atividades imobiliárias e aluguel (0,7% para 1,1%) e intermediação financeira, seguros e serviços relacionados (de -1,6% para -1,1%). Pela ótica da demanda, a principal revisão veio do consumo das famílias, para o qual o BC estima agora alta de 1,2% em 2017, ante a previsão de 0,4% feita em setembro. A autoridade monetária também melhorou a projeção para a Formação Bruta de Capital Fixo, medida do que se investe em máquinas, equipamentos e pesquisa, de queda de 3,2% para recuo de 2,5%.

A melhora está “associada à recente reação da absorção de bens de capital”, segundo o BC. Para o consumo do governo, a previsão foi alterada de redução de 1,8% para queda de 0,8%. Mercado externo O BC elevou as projeções para alta de exportações (3,9% para 5,5%) e importações (1,9% para 4,6%). As alterações, segundo a autoridade monetária são “consistentes com a ampliação que vem sendo observada na corrente de comércio do país.” A contribuição da demanda interna para a expansão do PIB em 2017 é estimada em 0,9 ponto percentual (p.p.) e a do setor externo, em 0,1 p.p

 

Entrevista – Presidente do BC

'Manter a inflação baixa exige reformas'

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse em entrevista ao Valor que o adiamento da votação da reforma da previdência social não significa que há a opção de não fazê-la. A opção se restringe a não votá-la agora, mas depois. "Está claro que a capacidade de manter a inflação baixa com crescimento exige continuidade de reformas", salientou ele.

O adiamento da votação da proposta de emenda constitucional da previdência para fevereiro (em tese), não muda os sinais emitidos na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), de novo corte da taxa Selic na primeira reunião do comitê, também em fevereiro, mesmo que em magnitude menor do que o 0,5 ponto percentual de dezembro. "Reformas não são cenário binário. Nada do Copom é binário. Olhamos o conjunto de dados e a situação da economia", afirmou.

Pela primeira vez na história do regime de metas para a inflação, iniciado em 1999, o Copom terá que escrever carta aberta ao ministro da Fazenda para explicar as razões de o ano encerrar com uma taxa de inflação inferior ao piso da meta (de 3%). O IPCA deve terminar o ano em algo como 2,8%.

Perguntado se isso é bom, Ilan respondeu: "O que é bom é ter inflação baixa. O que é bom é que a inflação baixa aumenta o poder de compra da população e o consumo, fazendo atividade se recuperar". Tudo indica que o crescimento este ano será de 1%, o dobro das expectativas do início do ano. Ilan adiantou que o BC está preparado para trabalhar em qualquer cenário que se coloque durante a campanha eleitoral de 2018. "Um dos riscos é a volatilidade que pode ocorrer", comentou.

O país, porém, tem colchões para lidar com instabilidades nos preços dos ativos, como US$ 380 bilhões de reservas, um baixo estoque de swaps cambiais e inflação abaixo da meta no início do ano. A redução do compulsório, conforme decisão divulgada na terça-feira pelo BC, foi um primeiro e pequeno passo na revisão estrutural dos elevados compulsórios sobre os depósitos à vista e a prazo. A principal motivação da medida é reduzir o custo de crédito no país.

Valor: Pela primeira vez o BC terá que explicar, em carta aberta ao ministro da Fazenda, porque a inflação ficou abaixo do piso de 3%, como é a expectativa. Isso é bom?

Ilan Goldfajn: O que é bom é ter inflação baixa. É ter inflação de alimentos baixa. O que é bom é o poder de compra da população aumentar, porque aí o consumo aumenta e a economia começa a se recuperar. No final das contas, temos inflação menor e crescimento melhor. No fim do ano passado, esperava-se crescimento de 0,5% para este ano e agora as expectativas do mercado apontam para 1%.

Valor: Foi certo, então?

Ilan: Tomamos a decisão de o Copom não se contrapor à queda dos preços dos alimentos - que tiveram este ano uma deflação de 5%, vindos de um aumento de 10% no ano passado. Foi um choque positivo que contribuiu com menos 2 pontos no IPCA. Seguindo os bons princípios da política monetária, deixamos o impacto primário do choque ocorrer. E reagimos ao impacto secundário, reduzindo a taxa de juros de 14,25% ao ano para menos da metade, 7% ao ano, o mínimo histórico. Acho que cumprimos nosso trabalho não só com a queda da inflação, a queda dos juros e a recuperação da economia, mas fazendo o que diz os bons princípios da política monetária: não tente inflacionar os demais preços para evitar [o choque positivo], porque os preços dos alimentos voltam e você ficará com a inflação mais alta para sempre.

Valor: O que é preciso para que a inflação baixa se perpetue. Em que momento o BC vê a inflação subir por causa da retomada?

Ilan: Estamos hoje com inflação de 2,8% e achamos que com a retomada da atividade e a volta dos preços dos alimentos, retornaremos à inflação em torno da meta [de 4,5%]. Nossa última projeção é 4,2% para 2018.

Valor: Taxa de juros de 7% ao ano é sustentável sem reformas?

Ilan: Tudo que puder ajudar na queda da taxa estrutural de juros - que equilibra a economia e que mantém a inflação baixa e a economia crescendo bem - depende de reformas e ajustes. Algumas já aconteceram e as outras devem continuar ao longo do tempo. Tentamos avaliar a taxa estrutural para a frente e não a Selic de amanhã. Hoje ela é uma taxa estimulativa, está abaixo da estrutural.

Valor: E quão estimulativa está a taxa Selic?

Ilan: É difícil determinar exatamente, mas com juros reais um pouco menores do que 3%, que é historicamente bem baixo, estamos aquém de qualquer estimativa razoável de juros estrutural. Não estamos prontos para dizer o valor exato, mas o mercado estima entre 4% e 5%.

Valor: Sem a aprovação da reforma da previdência não há garantia quanto à solvência do Estado. Isso afeta a política monetária? Parece que há um divórcio entre o que o país precisa fazer e o que a elite política está disposta a fazer.

Ilan: Tenho a impressão que na medida que vai ficando clara a necessidade do país, a sociedade vai ficando mais disposta a avançar nessa linha. Como são iniciativas que afetam as pessoas, tem o debate se é mesmo preciso. Vai ficando cada vez mais claro para todos a necessidade. A opção não é fazer ou não fazer reformas. A opção é se é agora ou depois e se ajusta de uma forma ou de outra. A opção não é não ajustar. Já começou a faltar recursos para investimentos. Vai faltar para outros gastos. Aumenta a consciência do que precisa ser feito.

Valor: Voltando à inflação, há o risco de o IPCA ficar mais baixo por mais tempo em função do comportamento dos núcleos de inflação?

Ilan: Sim. Nós temos enfatizado dois grandes riscos, não por serem os únicos, mas por serem os mais importantes. O risco que chamo "para o lado do bem", da inflação ficar mais baixa. Esse é um risco mais fácil de administrar na economia brasileira e tem a ver com a inflação que anda "confortável, baixa". Confortável significa que está indo devagarinho para a meta. E baixa porque parece acomodada em um patamar inferior. Temos nosso cenário básico, que tem uma volta para chegar na meta. Mas estamos olhando o risco de a inflação ficar mais baixa. E tem o outro risco, que é o de não conseguirmos avançar nas reformas e ajustes e sofrermos algum choque externo que, no ano que vem, venha interromper nosso ambiente de inflação mais baixa. Temos citado, nesse caso, a não aprovação da reforma da previdência e os juros americanos subirem mais rápido, mudando o fluxo de capitais.

Valor: O senhor vê mais o risco externo, com redução do fluxo de capitais, ou o interno, da não reforma? Eles são simétricos?

Ilan: Não colocamos nenhuma assimetria nisso. Os analistas do mercado vão colocar os pesos mais adequados que acreditam. Importa para nós eles olharem o que acreditam que vai acontecer e saber da nossa reação.

Valor: A reforma trabalhista reforça o risco "do bem", na medida que pode reduzir a pressão dos aumentos de salários?

Ilan: Estamos vendo queda dos salários nominais em função da queda da inflação, mas mesmo assim o salário real está subindo porque o reajuste dos salários nominais é menor, na média, do que a inflação.

Valor: Em 2018, o movimento seria inverso, com inflação ascendente afetando os salários?

Ilan: Acho que o aumento da inflação de perto de 3% para perto de 4% não vai fazer essa diferença toda no salário real. O que vamos conviver nos próximos anos é com a confirmação do ganho do poder de compra, se o cenário básico se confirmar.

Valor: Até que ponto há preocupação com os preços administrados já que se espera a volta da inflação dos alimentos e o IPCA mais próximo da meta? Neste ano a deflação dos alimentos compensou o choque dos administrados?

Ilan: A média dos aumentos dos alimentos é de 8,5% nos últimos anos e, neste ano, os preços caíram 5%. A deflação dos alimentos hoje ganha de longe do aumento dos administrados. Em 2018, acredita-se em uma volta nos preços dos alimentos e que não terá aumentos tão fortes nos administrados quanto houve este ano [em torno de 7%]. Vai haver uma pequena compensação.

Valor: O ano de 2018, com a campanha eleitoral, um amplo leque de candidatos e pouca clareza de para onde vamos, pode ser parecido com 2002?

Ilan: Nós vamos trabalhar com qualquer cenário que se coloque. Quando falamos de riscos, pensamos em todo tipo de risco, inclusive o de inflação mais alta que vem com a ideia de mais volatilidade que pode ou não ocorrer. Começamos o ano de 2018 com "colchões" melhores do que no passado. Temos reservas cambiais, um pequeno estoque de swaps, a taxa de câmbio flutuante e iniciamos 2018 com uma inflação abaixo da meta. Ou seja, temos vários colchões, alguns construídos ao longo do último ano e meio, que podem ajudar a economia brasileira a navegar qualquer cenário para frente. Eu prefiro o cenário básico.

Valor: Temos uma dívida de 75% do PIB, jamais vista. Qual risco de entrarmos em dominância fiscal?

Ilan: Não acredito nessas questões. A questão dos ajustes e reformas não funcionam como zero ou um. Se você não tiver avanços ainda maiores... E nós tivemos avanços, com o teto de gastos, mudanças na política econômica, nas questões quase fiscais como a Taxa de Longo Prazo (TLP). Foram avanços que mostram que mudamos de direção. Agora, se continuar avançando, para a política monetária, melhor, pois se reduz a taxa estrutural e permite uma economia melhor. Mas isso não significa nenhuma dominância. É só uma questão de qual é a taxa de juros estrutural que a economia vai conviver para a mesma inflação.

Valor: O senhor não vê qualquer risco de dificuldade para se financiar a dívida mobiliária no ano que vem, por exemplo?

Ilan: Temos um "colchão" no Tesouro Nacional, com a Conta Única bem elevada [de mais de R$ 1 trilhão]. Acho que não se coloca essa questão.

Valor: O sr. poderia esclarecer uma mensagem de política monetária da ata do Copom. Tudo o mais constante haveria espaço para nova redução moderada da Selic em fevereiro. Parte do mercado começou a fazer uma ligação automática: se o Congresso Nacional aprovar a reforma da previdência, cai mais a taxa de juros. Tem essa ligação automática, binária?

Ilan: Nada no Copom é binário, automático ou depende de uma regra só. Tudo depende de olharmos um conjunto amplo de dados e avaliar a forma como estão evoluindo. Sei que seria mais fácil se procurar atalhos, se acontecer isso, eu faço aquilo, até porque fica mais fácil pensar. Mas não é o caso. A situação de uma economia é mais ampla do que zero ou um em várias questões.

Valor: O sr. não acha que a recuperação da economia precipitou uma acomodação das forças políticas, tendo como percepção empírica de que elas só agem em períodos de grave crise?

Ilan: Na verdade, sob o ponto de vista econômico, tivemos dois anos de uma recessão profunda, uma das piores recessões que já convivemos. Então acho que a recuperação está, digamos, no momento certo. Poderia ter vindo até antes sob o ponto de vista econômico. Temos que ter a noção de que essa recuperação só se sustenta de forma contínua se continuar as reformas e ajustes. Não está garantido que, independentemente do que fizermos, vamos ter crescimento sustentável. Para mim está claro que a capacidade de manter a inflação baixa, a capacidade de manter o crescimento depende do que a gente fizer. Talvez não dependa no curtíssimo prazo, mas no médio e longo têm uma conexão grande que depende de nós.

Valor: A economia conseguirá sustentar o processo de recuperação no ano que vem sem expansão dos investimentos? É possível falar em retomada com inflação baixa sem ampliação da oferta?

Ilan: Uma recuperação precisa, em algum momento, ter o investimento para dar sustentação. Como temos uma capacidade ociosa grande, podemos recuperar por um tempo sem necessariamente ter de aumentar a capacidade. Mas nós já observamos no terceiro trimestre que o investimento começou a voltar. O consumo já vem crescendo faz três trimestres, pelo menos. Então o consumo vai dar lugar ao aumento de investimento em algum momento. Isso é que vai dar a sustentação à recuperação.

Valor: Mas esse descasamento pode criar algum tipo de pressão inflacionária já em 2018?

Ilan: Não no curto prazo. Não ao longo do ano que vem. Isso é uma questão mais para frente. Temos uma economia que caiu 7%, 8% e está crescendo a 2,5%. Então ainda tem espaço. A nossa avaliação é que ainda temos um hiato considerável, capacidade ociosa existe. Valor: Não se imagina que em 2018, em plena indefinição eleitoral, haverá investimentos em grandes ampliações de oferta. Ilan: Como caiu muito, já está começando algum investimento. Alguma recuperação tem que ter. Claro que se conseguirmos avançar e o futuro ficar mais claro, aí acho que deslancha de vez.

Valor: A redução do compulsório, na última terça-feira, foi o início de movimento mais estrutural ou foi uma medida pontual?

Ilan: Foi um primeiro movimento estrutural, mas bem moderado. Fizemos um ano de simplificação e consolidação [das regras do compulsório], mas falamos que ao longo do tempo iríamos estudar como tirar esse peso, como normalizar o sistema. Então você pode considerar esse pequeno acréscimo de R$ 6,5 bilhões além da devolução como um primeiro passo nessa linha. Mas demos um sinal de que buscamos uma normalização do sistema. Agora, a velocidade e como fazer, vamos avaliar.

Valor: Pode ser um estímulo à retomada da economia?

 Ilan: Não. É importante que isso não seja confundido com um estímulo à economia. Esse movimento tem relação com outro ponto que é o custo de crédito no Brasil. Estamos tentando trabalhar todos os componentes do custo de crédito no país.

Valor: A redução estrutural do compulsório tem relação com a criação dos depósitos voluntários?

Ilan: Essas agendas conversam, mas obviamente são muito mais amplas. Se eu tiver um instrumento como o depósito voluntário ele me facilita o processo de médio e longo prazos de redução dos compulsórios. A questão é que é bom ter um instrumento que complemente as operações compromissadas, que vão continuar sendo nosso principal instrumento.

Valor: Hoje o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne para definir a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) que vai balizar, também, a Taxa de Longo Prazo (TLP). Como fica essa avaliação, já que temos TJLP e Selic no mesmo patamar de 7% pela primeira vez na história?

Ilan: Não quero adiantar uma decisão do Conselho. No longo prazo o que vai valer é a TLP e ela vai começar próxima à TJLP, mas vai convergir ao longo de cinco anos. Esperamos, ao longo do tempo, que a taxa de longo prazo vá caindo porque a economia brasileira vai convergir para taxas de juros menores para todo mundo.

Valor: Quando o BC vai enviar ao Congresso o projeto de resolução bancária?

Ilan: Esse projeto, que lida com intervenções e liquidações bancárias, está nos seus últimos movimentos e vai ser mandado para o Congresso no ano que vem. O uso de recursos do Tesouro seria a última instância, algo de probabilidade muito baixa. Esse projeto foi construído no G-20 depois da crise de 2008 para, exatamente, organizar o 'bail-in' [quando os acionistas são chamados a aportar capital na instituição problemática], pois na época se utilizou recursos públicos, foi o "bailout". É importante não mudar o objetivo que é regular o "bail-in" para evitar o "bailout" e não o contrário.

Valor: Sobre o Copom de fevereiro, o corte moderado é de 0,25 ou pode repetir meio ponto?

Ilan: É a mensagem que passamos na ata. Valor: A mudança das condições fiscais pode mudar a percepção do Copom no curto prazo? Ilan: Isso está dentro dos riscos que já tínhamos apontado. As pessoas vão saber avaliar nossa função reação em função desses riscos.

Valor: O sr. externou uma posição bastante firme sobre as moedas virtuais, como o bitcoin, falando que eram uma bolha ou pirâmide. De que forma o BC está acompanhando o tema? O BC vê algum risco ao sistema bancário em função do aumento no volume de negociação dessas moedas virtuais no país?

 Ilan: Não vejo qualquer risco ao sistema. O que fizemos foi fazer um alerta e esse alerta continua válido. Tem um comunicado [já emitido]. Tem outros reguladores acompanhando. Esse é um assunto também em fóruns internacionais. Aqui vamos continuar olhando o sistema e ver se tem atividades ilícitas. Alertamos a população que são instrumentos que não tem lastro. E acho que todos os países do mundo estão enfrentando as mesmas questões.

Valor: Mas a rentabilidade é um grande atrativo, não?

Ilan: Por isso que chamei de bolha, pois uma coisa que sobe tão rápido também tem a capacidade de voltar tudo com a mesma rapidez.

 

Alta do PIB deve elevar receita em R$ 100 bi em 2018

Uma expansão de PIB de 3% no ano que vem, conforme projeta o governo federal, deve resultar no ano que vem em crescimento de R$ 100 bilhões a R$ 120 bilhões nominais em relação à arrecadação federal de 2017, segundo cálculos preliminares de economistas ouvidos pelo Valor. Para alguns analistas, a receita adicional seria suficiente para cobrir possível perda de arrecadação do governo com alguns projetos que ainda não foram votados ou ficaram para ser decididos em 2018, como a reoneração da folha de pagamentos e a tributação dos fundos exclusivos.

A Tendências estima que um crescimento de 3% da economia em 2018 resultaria em arrecadação adicional de cerca de R$ 100 bilhões nominais em relação a este ano, explica o economista Fabio Klein. Ele levou em consideração inflação de 4,1% no ano que vem e arrecadação de R$ 1,337 trilhão neste ano. Nos cálculos da 4E, o ganho de arrecadação seria de R$ 120 bilhões nominais em relação a 2017. As consultorias, porém, ainda fazem seus cálculos com projeções mais conservadoras de elevação de PIB para o ano que vem e, consequentemente, com estimativas menores de elevação de receitas.

A Tendências, diz Klein, estima expansão de 2,8% para o PIB em 2018, o que resultaria em crescimento de arrecadação de R$ 97 bilhões em relação às receitas deste ano. Com projeção de alta de 1,9% para o PIB no ano que vem, o economista Bruno Lavieri, da 4E, calcula que o crescimento de receita seria de 1,2% em termos reais, o que resultaria em receita adicional de R$ 61 bilhões por conta da retomada, em relação ao arrecadado em 2017.

A decisão de segunda-feira do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a Medida Provisória (MP) 805, que estabelece o aumento da alíquota previdenciária de 11% para 14% dos servidores públicos federais e adia para 2019 o reajuste salarial que algumas categorias deveriam ter no ano que vem, diz Lavieri, joga uma incerteza adicional para o quadro fiscal do ano que vem.

Para o economista da 4E, a MP, que tem efeito tanto para a elevação de receitas como para a redução de despesas, é necessária para que a União consiga entregar a meta fiscal de déficit de R$ 159 bilhões em 2018. A alta da arrecadação com a retomada da economia, porém, seria suficiente para cobrir possível frustração de receitas caso o governo não consiga levar à frente a reoneração de folha e a tributação dos fundos exclusivos.

Klein, da Tendências, lembra que a preocupação com a MP já existia porque sua apreciação tinha sido adiada para 2018. Se a medida não prosperar, o governo federal deixa de ter receita adicional de R$ 2,2 bilhões em 2018. O que mais preocupa, porém, diz ele, está do lado das despesas, já que a medida para o ano que vem reduziria em R$ 5,1 bilhões os gastos projetados por conta do adiamento para 2019 do reajuste salarial para algumas carreiras de servidores, entre outras despesas.

Klein acredita que no campo das receitas, ainda há possibilidade de o governo cobrir essa e outras possíveis frustrações com a arrecadação adicional que a União poderá ter com a recuperação da economia. Mesmo com a estimativa anterior do governo federal, de crescimento de 2,5% do PIB para o ano que vem, mais conservadora que os 3% atuais, a arrecadação seria maior que a deste ano em R$ 92,5 bilhões nominais, calcula Klein. Para Klein, a preocupação maior é com as despesas e não somente com a entrega da meta fiscal, mas principalmente com o cumprimento do teto de gastos.

Além da votação da reforma previdenciária, deixada para ser votada para o ano que vem, com possíveis efeitos somente a partir de 2019, ele destaca a aprovação de gastos como a da Lei Kandir, que garante aos Estados o pagamento pela União de R$ 1,8 bilhão como ressarcimento das perdas com ICMS sobre exportação, e a do aumento do repasse aos municípios via Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

O pagamento da Lei Kandir espera sanção presidencial enquanto o repasse foi aprovado pelo Senado e ainda deve ser analisado pela Câmara dos Deputados. Segundo Klein, o espaço total para contingenciamento em 2018 seria de R$ 18,5 bilhões em despesas discricionárias, considerando o que já pode ser previsto em gastos para o ano que vem e levando em conta que as receitas adicionais com o crescimento da economia devem cobrir a arrecadação que o governo não conseguiu aprovar até agora.

Para Vilma da Conceição Pinto, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), a perspectiva que se tem hoje é de que o governo conseguirá cumprir meta fiscal e também a regra do teto de gastos no ano que vem. Mas se não forem aprovadas medidas como a do adiamento do reajuste salarial a servidores de 2018 para 2019, diz, o caminho deverá ser o do contingenciamento.

A despesa discricionária prevista pelo governo federal para o ano que vem, avalia, tem um pouco de "gordura" que poderia ser contingenciada. Para ela, poderia ser bloqueado valor entre R$ 3 a R$ 8 bilhões no ano que vem em gastos discricionários. Do ponto de vista das receitas, diz Vilma, a recuperação da economia parece se consolidar e deve dar impulso à arrecadação.

Isso poderá compensar a frustração com a não aprovação de medidas que garantiriam mais recursos no ano que vem mas, para ela, há ainda um risco grande em relação aos recursos previstos com as concessões. São quase R$ 20 bilhões nessa conta, destaca ela. "Desse total, cerca de R$ 6 bilhões são de concessões já existentes, mas os demais R$ 14 bilhões devem vir de operações novas, com risco maior."

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