Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

Indústria cresce aquém do esperado e mantém sensação de atividade travada

A produção da indústria surpreendeu negativamente ao crescer 0,2% na passagem de janeiro para fevereiro, feitos os ajustes sazonais, abaixo da previsão média do mercado (0,6%). O resultado reforçou a percepção de moderação da atividade econômica no primeiro trimestre, mas existem "poréns".

Analistas ponderam que a queda de 5,2% da indústria extrativa puxou o resultado para baixo. Além disso, a abertura da indústria mostra um desempenho ligeiramente mais favorável, com 14 das 26 atividades com taxas positivas. O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) acredita que o ritmo mais moderado da indústria e dos serviços neste início de ano poderá ser compensado por surpresas do agronegócio.

Para Julio Mereb, pesquisador do Ibre-FGV, a previsão de avanço de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, frente aos três meses anteriores, poderá ser mantida, com maior contribuição da agropecuária. "Os dados da indústria e de serviços sugerem uma atividade econômica um pouco mais fraca no primeiro trimestre do que os analistas imaginavam.

Por outro lado, o setor agropecuário vem surpreendendo positivamente, da mesma forma como tivemos uma surpresa positiva no setor em 2017. As revisões do IBGE para o setor agrícola têm sido consistentes para cima. E os dados de pecuária têm vindo bem" disse o economista do Ibre-FGV. Em fevereiro, a produção da indústria cresceu 0,2% impulsionada pelos bens de consumo duráveis, que avançaram 1,7% frente a janeiro.

O resultado geral recuperou assim uma pequena parcela da perda de janeiro, quando havia recuado 2,2% frente a dezembro de 2017 (dado revisado de queda de 2,4%). Pela média móvel trimestral, considerada pelo IBGE um espécie de indicador de tendência, o setor apresentou crescimento de 0,3%.

Segundo André Macedo, gerente da pesquisa, o aumento da produção de eletrodomésticos da linha marrom, motocicletas e mobiliário sustentou o avanço dos duráveis. Ele destacou ainda o crescimento da produção de televisores para a Copa do Mundo. "Em anos de Copa do Mundo observamos crescimento da produção de televisores para atender à demanda do varejo. Esse movimento influenciou positivamente no mês", disse.

Por outro lado, a indústria extrativa (petróleo, minério de ferro) pesou no resultado ao recuar 5,2% frente ao mês anterior, o pior desempenho desde o rompimento da barragem de Mariana (MG), em novembro de 2015, quando havia recuado 11%. Segundo Macedo, o minério de ferro foi o responsável pela queda da atividade no mês. O IBGE não abre, contudo, resultados mais detalhados.

"A queda na indústria extrativa é mais associada a questões operacionais e menos vinculada à demanda doméstica. Parte relevante da surpresa negativa veio desse setor", disse Artur Manoel Passos, economista do Itaú Unibanco, em relatório.

Quando comparado a fevereiro de 2017, a produção da indústria cresce 2,8%, maior alta para o mês desde 2014 (4,8%). No acumulado dos últimos 12 meses, o setor apresentou uma alta ainda mais intensa, de 3%, conforme dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF), divulgada ontem.

Para economistas, a produção deve crescer gradualmente nos próximos meses, beneficiando-se pela recuperação da economia, a queda da taxa de juros e o aumento de investimentos na Argentina, importante mercado de manufaturados brasileiros. O Itaú prevê alta de 0,6% da produção em março, na comparação ao mês anterior.

A Mongeral Aegon prevê expansão ligeiramente menor, de 0,5% por essa base de comparação. Helcio Takeda, da consultoria Pezco Economics, afirma que o destino do setor dependerá do consumo das famílias, que pode continuar moderado diante do grande número de desempregados. "Sem o estímulo do FGTS e dependendo só do mercado de trabalho, a impressão é que o consumo não terá a mesma robustez do ano passado", afirmou Takeda, acrescentando que, nesse contexto, existe a preocupação de que a indústria custe a ganhar tração.

No caso da Pezco, que previa alta de 1% da indústria em fevereiro, a projeção de comportamento do setor no ano será revisto, de alta de 5,1% para algo abaixo de 4%. A consultoria prevê alta de 0,4% em março, o que resultaria em crescimento de 0,2% no primeiro trimestre, frente aos três meses anteriores. Patrícia Pereira, economista da Mongeral Aegon, disse acreditar que o resultado de fevereiro não deve provocar uma onda de revisões de projeções de desempenho da atividade. "Estamos vendo números mistos, dúbios", disse ela.

 

Spread alto põe em risco reação da economia

Os altos spreads bancários - a diferença entre o custo de captação das instituições financeiras e a taxa de juros dos empréstimos - podem colocar em risco a recuperação da atividade, na visão de economistas, ao reduzir a efetividade do atual ciclo de política monetária, que colocou a taxa Selic na mínima histórica.

Na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu o juro básico para 6,5% ao ano e deixou aberta a porta para mais um corte de 0,25 ponto. A despeito do corte de 7,75 pontos da Selic desde outubro de 2016, os juros dos empréstimos subiram neste ano. Dados do mercado de crédito bancário divulgados pelo Banco Central, referentes a fevereiro, mostram que as taxas dos empréstimos subiram nos primeiros dois meses, como reflexo da alta dos spreads.

No crédito livre, o spread médio teve alta de 1,2 ponto em fevereiro, para 34,1 pontos percentuais. Considerando apenas as operações com pessoas físicas, o spread fechou o mês em 49,2 pontos. Já a taxa de captação dos bancos caiu a 8,1% ao ano em fevereiro, sendo de 8,5% para pessoas físicas e 7,6% para empresas. Em fevereiro de 2017, esse custo era de 10,6 pontos.

"O spread elevado no Brasil é um problema dramático. Nessa recuperação eles estão maiores do que estavam historicamente", diz Samuel Pessôa, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Ele foi um dos participantes do debate sobre economia promovido ontem pela Fundação Fernando Henrique Cardoso (FHC), em São Paulo.

Pessôa cita três motivos principais para os altos spreads: os bancos "muito machucados" em função da crise; alterações do Judiciário "que mudaram a capacidade de recuperar garantias" e "problemas concorrenciais" do setor. O economista diz que o cadastro positivo "é uma ótima ideia, mas que não resolve todos os problemas". "Essa é uma agenda microeconômica que tem que ser perseguida o tempo todo, é um tema permanente. Não tem um fator que vai resolver, é uma soma", afirma.

Edmar Bacha, um dos idealizadores do Plano Real e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destaca que a taxa estrutural de juros de curto prazo caiu de 5,5% em 2010 para 2,7% neste ano, o que ele classifica como "extraordinário". "O problema é que taxa de juros básica é muito baixa, mas o spread bancário faz com que a taxa de juros do consumidor seja extraordinariamente elevada", afirma.

Para ele, esse spread elevado reflete "o problema do Brasil como um todo, que é um conjunto de preços surreais". Por sua vez, essa distorção de preços, segundo ele, é formada pela combinação de custos altos, e impostos indiretos também "extraordinariamente" altos e lucros "elevadíssimos" causados pela concentração empresarial em alguns setores. Essa combinação atinge a indústria, a infraestrutura e também os bancos, segundo ele

O economista Octavio de Barros, sócio da Quantum 4, destaca "a elevada tributação sobre a intermediação bancária e a baixa liquidez das garantias dos empréstimos" como fatores que levam aos altos spreads. Ele aposta, entretanto, que em breve a queda dos spreads ajudará na retomada da atividade. Barros diz que há uma "abundância de estudos que sugerem que, com alguma defasagem, o spread cai na mesma direção da queda dos juros". "É bastante lógico que isso vá ocorrer nos próximos meses", diz.

O economista aposta que as "fintechs" podem "acelerar um pouco" o recuo dos spreads, mas também afirma que são necessárias "reformas microeconômicas" para que eles se aproximem de patamares semelhantes ao verificado em outros países.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Queda do juro bancário é questão de tempo, diz Trabuco do Bradesco

É uma questão de tempo para que a forte queda da taxa básica de juros, a Selic, chegue ao juro bancário, disse nesta terça (3), o presidente do conselho do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco. “Essa correia de transmissão está contratada. Com a taxa de juro no menor patamar, ela vai bater no juro do consumidor final, é uma questão de tempo”, disse.

Segundo ele, é preciso olhar para o mix de produtos dos bancos e não para uma linha de empréstimo específica. Para ele, medidas do Banco Central, como a formação de um cadastro de bons pagadores, o cadastro positivo, deve reduzir o spread bancário - a diferença entre o custo de captação dos bancos e os juros cobrados do consumidor. Segundo matéria da Folha, a despeito de a taxa Selic ter atingido nível recorde, de 6,5% ao ano, o spread cai muito lentamente e apenas desde o último trimestre do ano passado. (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/03/ganhos-dosbancos-com-a-diferenca-de-juro-nao-caem.shtml) O executivo disse ainda que a liquidez do sistema bancário deve ficar ainda melhor com a liberação dos depósitos compulsórios, anunciada na semana passada. “O BC está na direção de prover liquidez ainda maior aos banco”, disse, ao ressaltar que as instituições financeiras não existem para ficar com caixa, mas para emprestar.

Segundo ele, o crescimento da economia ao redor de 3% fará com que a demanda por crédito reaja, em especial a procura por capital de giro para reduzir a ociosidade da indústria. Estamos percebendo crescimento da demanda nos últimos três meses, especialmente em março”, disse. Os bancos, afirmou, também comemoram a volta do crédito imobiliário no começo do ano.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Congresso derruba vetos de Temer e causa impacto de R$ 13 bi no Orçamento

O Congresso Nacional retomou nesta terça-feira, 3, uma série de medidas que já haviam sido vetadas pelo presidente Michel Temer e que têm um impacto negativo de R$ 13 bilhões no Orçamento deste ano. Estão na lista o programa de parcelamento de dívidas (Refis) para micro e pequenas, a reformulação da carreira dos agentes comunitários de saúde e o refinanciamento das dívidas rurais (Funrural).

A pauta incluía 16 vetos, cada um deles com vários dispositivos. Um integrante da área econômica informou que a derrubada em bloco das proibições pode representar uma perda de R$ 10 bilhões para arrecadação da Receita Federal este ano. O Tesouro Nacional poderá perder outros R$ 3 bilhões.

Na cerimônia de filiação do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao MDB, no início da tarde, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) já havia dado o tom do que seria a sessão parlamentar. Depois que o presidente Michel Temer e Meirelles já tinham deixado a sede do partido, Eunício disse, sem disfarçar a irritação, que a área econômica “não manda” na pauta do Senado.

“Pelo menos, enquanto eu for presidente, não manda”, afirmou ao ser interpelado sobre decisão da Associação Nacional dos Auditores Fiscais (Unafisco) de tentar impedi-lo de pôr em votação veto presidencial ao Refis das micro e pequenas empresas.

No mesmo momento em que os vetos eram colocados em votação, o presidente Temer discursava em cerimônia no Planalto. Depois de anunciar aos presentes a derrubada do veto ao Refis das microempresas, ele pediu aos empresários que corressem ao Congresso para acompanhar a votação. Temer disse que a derrubada do veto torna “um tormento do passado em algo agradável”, dando a entender que a decisão dos parlamentares era uma medida consentida pelo Executivo.

O presidente explicou que, em janeiro, o veto foi decidido porque não havia previsão orçamentária para um novo programa de refinanciamento de dívidas. Sem dar detalhes, explicou que o governo encontrou uma solução que prestigia as micro e pequenas empresas. Temer participou ativamente da articulação para a derrubada dos vetos. “Micro e pequenas empresas que têm o prestigiamento constitucional geram empregos”, defendeu.

Integrantes da equipe econômica, porém, não receberam com a mesma satisfação a decisão do Congresso. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, no Ministério da Fazenda há ainda a esperança de que o Tribunal de Contas da União (TCU) exija que o governo entre com uma ação pedindo suspensão dos efeitos da medida até que se apresente uma fonte de receita. A avaliação é que a derrubada dos vetos ao Funrural, por exemplo, concederá um benefício duplo aos produtores rurais, que terão os abatimentos de 100% nos juros e multas e ficarão isentos de IR sobre esse ganho. Avaliação preliminar é que o prejuízo da votação única dos vetos é maior do que a ampliação do perdão da dívida de R$ 7,6 bilhões para R$ 15 bilhões ao longo dos 15 anos de parcelamento.

Contrariados. Embora tenha sido amplamente beneficiada pela votação, a bancada ruralista foi surpreendida pela decisão do presidente do Congresso de pautar de uma única vez todos os vetos ao programa de parcelamento de débitos junto ao Funrural. “Eu queria até saber (o que motivou a decisão); Eunício votou como ele quis”, afirmou a presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputada Tereza Cristina (DEM-MS).

O acerto entre os parlamentares e o governo era para que houvesse a derrubada de alguns dos dispositivos do veto do Funrural. Para isso, diferentes partidos apresentaram “destaques” para que a votação ocorresse uma a uma.

 

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