Segunda-feira

VALOR ECONÔMICO

Paralisação piora perspectiva para atividade no 2º trimestre

Depois de um início de ano mais fraco que o esperado, a atividade econômica continuou a crescer, ainda que sem força, no início do segundo trimestre. Os indicadores coincidentes de abril oscilaram entre altas e baixas e a greve dos caminhoneiros, que parou produção e comércio pelo país durante uma semana, pode ter impacto negativo na atividade de maio, mês em que a confiança do setor privado já tinha diminuído. Tudo somado, aumentou o grau de incerteza sobre o ritmo da recuperação da economia brasileira.

Para o Bradesco, que tem uma das menores projeções para o PIB do segundo trimestre, a estimativa inicial de crescimento de 0,4% sobre o primeiro, feito o ajuste sazonal, pode não se realizar. "Nossa projeção pode não se concretizar tendo em vista o desempenho dos indicadores de abril e maio, que sugere um ritmo mais moderado de expansão", afirmaram os economistas da casa, em nota.

O Banco Pine, que esperava algo em torno de 1%, baixou para 0,7% a projeção de alta do segundo trimestre, feito o ajuste sazonal. O cenário pior que o esperado para o emprego pesou na revisão, afirmou o economista-chefe do banco, Marco Caruso. Os indicadores coincidentes mostram que a indústria pode ter saldo positivo em abril, puxada pelos automóveis.

Segundo dados dessazonalizados pela LCA Consultores, a produção de veículos leves aumentou 6,6% em abril na comparação com março, e os licenciamentos de veículos novos subiram 6%. Por outro lado, a produção de aço bruto caiu 3,1%, a expedição de papel ondulado recuou 1,1% e o fluxo de veículos pesados nas estradas diminuiu 0,13% no mesmo período. A consultoria prevê crescimento de apenas 0,1% na produção industrial de abril. "Os indicadores mais importantes do setor mostram uma divisão", observa Rodrigo Nishida, economista da LCA.

De uma forma geral, o quadro segue de recuperação muito gradual. "A retomada da indústria continua, embora mais lenta do que esperávamos". Nishida pondera que há risco de a situação piorar diante das incertezas internas e a turbulência externa. A disparada do dólar, por exemplo, encarece insumos para segmentos importantes da indústria, como a de bens de capital, mas por outro lado dá vantagem aos exportadores. "E há uma questão relevante para acompanhar, que são as exportações para a Argentina. Tudo leva a crer que haverá uma queda nos embarques para lá", diz.

As expectativas para a indústria em abril, contudo, estão longe de um consenso. Baseado nos dados da produção de veículos, o economista André Muller, da AZ Quest, espera alta de 0,7% na produção de abril, com aumento de 8,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. A estimativa também é preliminar. "O conjunto de indicadores aponta uma melhora gradual no setor", diz.

No comércio, a LCA estima alta de 0,7% no varejo restrito ante abril do ano passado e de 1,3% ante março. No ampliado as projeções prévias são de 8,2% e 1,5% respectivamente. "O contexto geral é parecido com o da indústria. Tem recuperação, mas o risco para baixo aumentou nas últimas semanas". Ainda no comércio, o indicador da Boa Vista SCPC aumentou 0,2% em abril, após crescer 0,3% em março, feito o ajuste sazonal. Supermercados, com peso de cerca de 50% no índice, tiveram crescimento tímido de 0,2% ante março.

Flavio Calife, economista do birô de crédito, diz que o segmento depende mais da renda que do crédito e por isso tem sido afetado pelo desemprego, "que parou de cair". O mercado de trabalho afeta muito esse setor", diz. As vendas de móveis e eletrodomésticos, que vinham aumentando, caíram 1,9% em abril ante março, mas Calife diz que o segmento ainda tem fôlego por causa do aumento da concessão de crédito e da Copa do Mundo, além da queda do endividamento do consumidor. Seja como for, o economista diz que o setor percebeu um freio na atividade e agora espera um crescimento entre 4% e 4,5% neste ano, ante 4,5% a 5%, antes.

Quanto a maio, economistas afirmam que ainda é cedo para calcular, mas acreditam que a greve dos caminhoneiros terá impacto sobre a atividade. Até o fluxo de veículos pesados nas estradas em maio ser conhecido será difícil ter alguma estimativa numérica, afirma Rodolfo Margato, do Santander. "Houve paralisações importantes em muitas regiões. Deve haver impacto sobre os dados de maio", afirma.

Ele observa que a greve prejudicou, por exemplo, o transporte de bens intermediários para a indústria. Por enquanto, o banco mantém a estimativa de crescimento de 0,8% no PIB no segundo trimestre, na margem. Até que sejam conhecidos os estragos da greve, a tendência é que indústria e varejo tenham melhor desempenho no segundo trimestre, dois setores que decepcionaram no início do ano. "Está longe de ser o cenário de sonhos. Mas a retomada não foi interrompida. A discussão agora é sobre a velocidade", diz Margato. Rodrigo Nishida, da LCA, também diz ser cedo para calcular o impacto da greve. Por ora, a consultoria espera aumento em torno de 1% no PIB do segundo trimestre. Mas o viés é de baixa.

 

Oposição e Bolsonaro tendem a ganhar com desgaste do governo

Na disputa político-partidária, a crise desencadeada pela paralisação dos caminhoneiros produziu dois vencedores até aqui, embora não haja sinais aparentes de participação de nenhum deles na organização dos protestos. Conforme avaliação feita ao Valor por lideranças políticas, os ganhadores são a oposição e o deputado federal Jair Bolsonaro, pré-candidato à Presidência da República pelo PSL.

A oposição faturou jogando parada. Sem conexão ou interlocução direta com os caminhoneiros autônomos nem com sindicatos, associações ou cooperativas do setor, acabou favorecida muito mais pelo desgaste do governo Michel Temer do que pelo resultado de qualquer ação concreta de sua própria iniciativa. "A influência do PT ou da CUT junto a esses grupos de caminhoneiros tende a zero", diz o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

"Essas paralisações têm muito mais de espontaneidade do que de organização. Não foi locaute. Foi feita por WhatApp mesmo e tomou essa dimensão porque o problema que enfrentam é real: de fato, não estão conseguindo trabalhar com o preço do diesel, que subiu cinco vezes na semana passada", afirma. Para ele, o desgaste do governo, que no fim da semana passada "encenou uma negociação e tentou enganar o público dizendo que havia resolvido o problema", ajuda o PT e outros que fazem oposição frontal a Temer, como os pré-candidatos Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (Psol).

"Por uma razão simples: a crise deixou mais evidente que o governo é mentiroso. Quem se posiciona claramente contra esse governo, portanto, vai ter lucro". O outro vencedor seria Bolsonaro. Por dois motivos. Primeiro, por apostar e saber jogar bem na confusão, disse uma fonte ouvida pela reportagem. Segundo, porque também não é identificado como alguém do campo governista.

Nos últimos dias, ele tentou transformar a crise numa plataforma de campanha. Declarou apoio ao protesto e divulgou vídeos contra a alta carga tributária, a "indústria de multas" e a política de reajustes de preços dos combustíveis comercializados pela Petrobras com base no câmbio internacional.

Pelo Twitter, prometeu que "qualquer multa, confisco ou prisão imposta aos caminhoneiros" será revogada "por um futuro presidente honesto/patriota". Um dos principais apoiadores de Bolsonaro no setor, o empresário Emílio Dalçoquio, dono da Transportes Dalçoquio, tem apoiado os protestos e aparece, em vídeo, dizendo aos caminhoneiros que pode "tacar fogo" e "furar os pneus" se virem algum caminhão da sua empresa circulando. O discurso de Bolsonaro foi na mesma linha. "Para tapar o rombo da Petrobras, o governo arromba o consumidor brasileiro, entre eles, os caminhoneiros", afirmou.

Rasgando a bandeira liberal que vinha tentando empunhar, criticou ainda a política de preços da Petrobras. Disse que era preciso fazer "pelo menos uma média ponderada" do custo no exterior e no Brasil para chegar ao preço ao consumidor. Um aspecto que chamou a atenção de vários observadores desde o início dos protestos foi a tentativa de alguns caminhoneiros de associar os atos a Bolsonaro.

Teriam tido algum sucesso espalhando bandeiras, cartazes e mensagens por WhatsApp. Nada indica, porém, que tenha sido algo desencadeado por algum comando centralizado. Seriam iniciativas voluntárias, sem organicidade, disseminadas via aplicativos de mensagens. Algo, portanto, difícil de ser mensurado. Tudo isso contrasta com o comportamento de Geraldo Alckmin, presidenciável pelo PSDB.

Ele optou por recolher-se e evitar a exposição. Cancelou a viagem que faria a Rondônia e Mato Grosso do Sul na semana passada. Aos tucanos, disse que não tinha sentido intensificar a agenda de pré-campanha com o noticiário dominado pela paralisação dos caminhoneiros. Aliados acham que Alckmin não quis assumir uma posição mais firme sem saber ao certo o alcance do movimento.

Provocado, o tucano apenas defendeu a permanência de Pedro Parente à frente da Petrobras e criticou a condução do governo Temer ao apontar a falta de diálogo diante de uma crise que era iminente. A preocupação com a exploração eleitoral da situação foi manifestada pelo secretário-geral do PSDB, o deputado Marcus Pestana (MG). Segundo ele, a crise pode abrir caminho para a eleição de um aventureiro. "Nós podemos estar preparando um ambiente não para uma intervenção militar, mas para uma aventura eleitoral", disse Pestana.

Perguntado se referia-se ao pré-candidato do PSL, afirmou: "Bolsonaro ou qualquer aventureiro. Tem Bolsonaros com mais verniz". Pestana vê uma mistura de interesses se unindo às reivindicações legítimas do movimento dos caminhoneiros. Entre eles, do PT e MST, de Bolsonaro, do Vem Pra Rua e de alguns tucanos, que, segundo ele, agem "com oportunismo de demagógico" ao criticarem Parente.

 

Cresce risco de PIB ficar abaixo de 2%

O alongamento da mobilização dos caminhoneiros já coloca uma interrogação sobre o desempenho da economia neste segundo trimestre e, consequentemente, para o ano. Avaliações internas no governo apontam que o movimento ocorre em um período particularmente inoportuno porque afeta negativamente a confiança, que já dava sinais menos favoráveis desde abril, e também tem impacto direto sobre a produção e comercialização de diversos setores.

Nesse quadro, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), que poderia acelerar e ficar próximo de 1% de alta entre abril e junho, já começa a ser alvo de dúvidas, segundo avaliações preliminares no governo. O próprio cenário de 2,5% de alta para o ano, anunciado pelo governo antes da mobilização, tem menos chances de se materializar. Já há fonte reconhecendo o risco de o PIB em 2018 crescer menos que 2%.

Recentemente, o governo já reduziu a estimativa de expansão da economia deste ano de 2,97% para 2,5%. Isso aconteceu porque o primeiro trimestre ficou aquém do esperado (estima-se alta de 0,2% a 0,3%), o que ficará mais claro com o anúncio oficial pelo IBGE nesta semana, que ainda terá divulgação de mais um dado mostrando o desemprego ainda elevado.

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, admitiu na sexta-feira que o movimento causava preocupação para o andamento da economia. "Estamos preocupados com impactos na população. A continuidade do processo é altamente preocupante porque pode afetar diversos setores da economia", afirmou. "A situação é de extrema gravidade na vida das pessoas. As empresas sem transporte não têm como seguir suas atividades, por isso a preocupação do governo em dialogar e adotar medidas."

Guardia também lembrou que a situação econômica enseja risco de perda de arrecadação para os Estados e, por isso, o governo considera razoável a proposta de antecipar a incorporação do desconto dado pela Petrobras no diesel na base de cálculo do ICMS dos Estados, que será levada à apreciação do Confaz amanhã (fórum que envolve Estados e União). Ele lembrou que a alta do petróleo e do dólar favorecem a arrecadação dos Estados com os combustíveis e por isso esses entes poderiam ceder.

Na semana passada, o governo anunciou medidas para fechar uma trégua dos caminhoneiros, que, apesar disso, não foi obtida. Dentre as iniciativas, estava a redução e o congelamento do preço do diesel por 30 dias, com compensação parcial por parte da União à Petrobras. O Tesouro vai bancar a política de estabilização de preços ao consumidor do diesel, com reajustes mensais. Inicialmente, essa "compensação" pelo congelamento de preços custaria aos cofres públicos R$ 4,9 bilhões neste ano.

Segundo fonte ouvida pelo Valor, mesmo com esse impacto, a meta de déficit primário de R$ 159 bilhões para 2018 será cumprida. O difícil, contudo, será fazer um resultado melhor do que isso. Atualmente, a folga para cumprimento da meta é de cerca de R$ 6,1 bilhões. Assim, se não houver compensação em despesas que já não estão bloqueadas ou receitas adicionais, o cenário para a meta fiscal fica mais apertado para este ano, embora uma fonte tenha mostrado segurança quanto à chance de cumprimento deste objetivo.

 

Estrategistas mantêm apostas no real apesar de incerteza elevada

Maio provavelmente será lembrado pela forte alta do dólar frente ao real, mas não necessariamente analistas estrangeiros passaram a ver a moeda brasileira em uma posição pior. Em alguns casos, vale justamente o contrário. A desvalorização da taxa de câmbio foi tão intensa que instituições financeiras passaram a recomendar compra de reais, seja ante dólar, seja contra outras divisas emergentes.

É o caso do J.P. Morgan, cujos estrategistas rebaixaram para "neutra" a perspectiva para o conjunto mais geral de divisas emergentes, mas mantiveram a recomendação "acima da média do mercado" para o real. "A análise técnica indica que a moeda está em um bom ponto de entrada", dizem em relatório os profissionais do banco, que lembram ainda a "sólida" posição externa do Brasil. O banco até revisou para cima sua projeção para o dólar, mas de R$ 3,20 para R$ 3,40 ao fim do ano. Ou seja, os profissionais ainda esperam apreciação do câmbio até dezembro.

Neste mês, o real perde 4,43% ante o dólar, quinto pior desempenho global. No acumulado de 2018, o tombo é ainda maior, de 9,59%, o que dá à moeda brasileira o nada honroso título de terceiro lugar entre as moedas com maiores perdas no ano. Essa fraca performance é associada a uma série de fatores, entre eles a força global do dólar, o aumento das incertezas eleitorais domésticas e a queda, a mínimas históricas, do diferencial de juros a favor do Brasil.

Após semanas de perdas, o movimento dos últimos dias pareceu indicar alguma estabilização para o real, o que dá sustentação às recomendações. O dólar fechou a sexta-feira a R$ 3,6651, em baixa de 2,03% na semana. Foi a queda mais forte para o período desde a semana finda em 16 de fevereiro (-2,43%). De acordo com analistas, o real teve esse respiro a partir do fortalecimento das atuações do Banco Central.

Na semana passada, o BC injetou no mercado futuro de câmbio o equivalente a US$ 3,75 bilhões em dinheiro "novo". Na semana anterior, a colocação não havia passado de US$ 1,25 bilhão. Enquanto a depreciação recente de lira turca, zloty polonês e rand sulafricano, por exemplo, levou grandes investidores de longo prazo a reduzir posicionamento nessas moedas para níveis "neutros", a desvalorização sofrida pelo real não eliminou as apostas na alta da moeda brasileira por parte desses "players", de acordo com dados do Bank of America Merrill Lynch.

Os estrategistas do banco mantêm recomendações de compra de real contra dois pares regionais: peso mexicano e peso chileno. O baixo patamar do real ante essas duas divisas é um dos argumentos da posição. No acumulado de 2018, a taxa de câmbio brasileira se deprecia 9,86% ante a mexicana e 7,91% frente à chilena. "Estamos neutros em reais, mas achamos que a moeda está excessivamente fraca em relação a seus pares emergentes. E ainda gostamos do 'carry' [taxa 28/05/2018 Estrategistas mantêm apostas no real apesar de incerteza elevada ", afirma o BofA, acrescentando que a vitória de Sebastián Piñera nas eleições presidenciais chilenas de dezembro passado deixou a moeda local em território "excessivamente forte".

No caso da moeda mexicana, o uso do real como contraparte de posições negativas no peso se justifica porque é uma forma de mitigar o custo de carregamento das apostas contra a divisa do México. "Além disso, o real continua amparado pela melhora dos fundamentos econômicos, sobretudo baixa inflação e setor externo mais forte", dizem estrategistas do BofA. Numa evidência da confiança nesse cenário, a recomendação está em curso desde o fim de janeiro e não foi interrompida nem quando o câmbio chegou a flertar com R$ 3,80 por dólar.

Mais recentemente, o Morgan Stanley decidiu iniciar posição comprada em reais também contra a moeda do México. "Não apenas o prêmio de risco do real já é um dos mais altos do universo emergente, como a postura menos 'dovish' do BC - junto com a intervenção no mercado de câmbio - pode deixar investidores mais confortáveis com posições em real", dizem estrategistas do banco. A meta é que o real se valorize para 5,65 pesos. Já o ponto de "stoploss" (aquele em que a posição será desfeita) é de 5,22 pesos por real. Na sexta-feira, a divisa brasileira terminou em 5,3509 pesos.

 

Mercado vê expansão menor do PIB em 2018, de 2,37%

A mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia em 2018 saiu de 2,50% para 2,37%, conforme a pesquisa semanal Focus, do Banco Central (BC), divulgada nesta segunda-feira. Foi o quarto corte consecutivo na previsão. Quatro pesquisas atrás, o ponto-médio das estimativas na pesquisa do BC era de um avanço de 2,75% no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga as Contas Nacionais Trimestrais do primeiro trimestre na quarta-feira. Para 2019, a expectativa segue em 3% de expansão pela 18ª semana seguida. Inflação A mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação em 2018 subiu de 3,50% para 3,60%.

Foi a segunda elevação consecutiva. Para 12 meses, o ponto-médio das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saiu de 4,21% para 4,32% de aumento. Para 2019, a estimativa teve leve ajuste, de 4,01% para 4%. Entre os economistas que mais acertam as previsões, o chamado Top 5, de médio prazo, a mediana para a inflação de 2018 caiu de 3,27% para 3,24% e se manteve em 3,75% para 2019.

Juros

Os economistas do mercado que participam da pesquisa Focus ajustaram ainda suas expectativas para a taxa básica de juros no fim de 2018, de 6,25% para 6,50%. A elevação, depois de a estimativa ficar por nove semanas em 6,25%, acompanha a que foi promovida uma semana antes pelas casas que mais acertam as previsões – grupo chamado Top 5, de médio prazo – que agora mantiveram suas apostas em 6,50% para o fim do ano.

A alteração ocorre depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 6,50% na reunião de maio, contrariando a expectativa de corte para 6,25%, até então ainda predominante no mercado e indicada pelos comunicados recentes da própria autoridade monetária.

Por outro lado, esse seleto grupo também aproveitou para ajustar para cima sua estimativa para a Selic no fim de 2019, de 7,50% para 8%, patamar em que já está há 20 semanas entre os economistas em geral. Câmbio A mediana das projeções dos economistas do mercado para o dólar no fim do ano subiram pela sexta semana consecutiva, agora de R$ 3,43 para R$ 3,48.

Para 2019, as estimativas subiram, pelo segundo levantamento seguido, de R$ 3,45 para R$ 3,47. Entre o Top 5, de médio prazo, as medianas das estimativas para o dólar se mantiveram em R$ 3,50 no fim de 2018 e de 2019.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Concessões do governo a caminhoneiros vão custar R$ 10 bi ao contribuinte

A série de concessões que o governo se dispôs a fazer aos caminhoneiros neste domingo (27) em uma nova tentativa de que eles encerrem a greve vai custar R$ 10 bilhões aos contribuintes. “Estamos investindo R$ 10 bilhões no atendimento dessas reivindicações porque entendemos que isso se transformou no desejo da sociedade brasileira", disse o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo).

O valor anunciado por ele é próximo àquele do impacto de uma eventual isenção de PIS/Cofins e que, na semana passada, o governo dizia não haver espaço orçamentário para conceder. Marun disse que as situações tão diferentes porque a isenção de PIS/Cofins do diesel aprovada por Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi uma decisão “baseada em um cálculo incorreto”, como o próprio presidente da Câmara admitiu posteriormente.

“Em tendo sido apontada corretamente fontes para que fosse compensada essa redução no valor de impostos, ela poderia ter sido admitida”, disse Marun, apostando que os caminhoneiros retornarão ao trabalho até o fim desta segunda-feira (28).

A origem dos recursos só deve ser detalhada nesta segunda pelo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia. “Estamos, na verdade, dando um desconto no valor do diesel equivalente ao somatório da Cide e do PIS/Cofins e vamos criar um crédito extraordinário, as fontes estão sendo detalhadas, para que possamos, juntamente com a Petrobras, garantir esse benefício”, afirmou Carlos Marun.

Marun disse que zerar Cide, PIS e Cofins exigiria que o governo os substituísse por outros tributos, o que considerou “uma situação praticamente inexequível no momento e com a rapidez desejada”. O PIS/Cofins será utilizado para indenizar a Petrobras pelo desconto que será obrigada a conceder no preço do diesel.

Em entrevista após pronunciamento do presidente Michel Temer, Marun disse que a redução de R$ 0,46 no litro do óleo diesel chegará às bombas e que o Procon já está editando medida para garantir isso. “Não cedemos tanto neste segundo [acordo]. Praticamente foi uma garantia do que havia sido acordado na semana passada”, disse Marun, minimizando a imagem de fragilidade do governo diante da pressão a que cedeu para tentar encerrar a mobilização.

Questionado se as concessões não provocavam uma imagem de fragilidade do governo e abria espaço para pressões de outras categorias, como os petroleiros, que anunciaram greve para esta quarta-feira (30), Marun negou.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

‘O maior custo da paralisação é o abalo na confiança’

 Paradas de produção e preços explosivos para os alimentos à parte, o problema maior do movimento grevista dos caminhoneiros para a economia é o abalo na confiança, diz Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas e professor da UFRJ.

Para piorar, na visão de Castelar, a resposta à crise adotada pelo governo, direcionada para baixar o preço do óleo diesel, é pouco eficiente e, ao envolver a Petrobrás, eleva o risco empresarial do País. Tudo isso contribui para adiar investimentos, tornando a recuperação da atividade econômica ainda mais lenta, explica Castelar. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Qual o impacto da greve dos caminhoneiros na economia?

Tem um impacto óbvio de curto prazo de coisas que não estão acontecendo. Nesse tipo de choque, algumas coisas acontecem depois. Por exemplo, os automóveis que não estão sendo fabricados porque as peças não chegaram, depois se fabrica, faz uma puxada maior e compensa. Mas tem muita coisa, como as viagens que não aconteceram, o leite que foi jogado fora e assim por diante, que são perdidas. Os serviços, tipicamente, não dá para recuperar. Não aconteceu, não aconteceu. Esse impacto é sensível no curto prazo, mas, normalmente, não é muito grande, porque uma parte é recuperável depois.

Qual o principal impacto da greve então?

O custo maior é que isso vai abalar a confiança. Aumenta a incerteza, que já vinha sendo um problema. Temos uma economia que vinha tendo dificuldade de se recuperar num ritmo proporcional à queda que tinha sofrido, por causa da incerteza. A incerteza estava muito em cima da questão eleitoral, mas tudo isso fica ampliado se você percebe que o próximo presidente vai ter de lidar com um ambiente difícil. A fragmentação política dificulta soluções e a gente viu muita fragmentação política na resposta (à greve), viu gente pedindo a cabeça do presidente da Petrobrás.

Como o abalo da confiança atrapalha a economia?

Decisões de investimento vão ser adiadas. As pessoas vão prestar mais atenção na situação política como fator de decisão para investimentos. Também indica que o ambiente pós-eleições pode não ser tranquilo. A incerteza não vai acabar só com as eleições.

A causa da crise é econômica?

A causa mais imediata da crise é a subida simultânea dos preços do dólar e do petróleo, o que não se via acontecer há 15 anos. Há também outro fator por trás disso, que é a economia não ter se recuperado da recessão. Isso reduziu a demanda por frete, portanto, fez a situação dos caminhoneiros ficar muito mais complicada. O caminhoneiro ficar sem frete é uma forma de desemprego. Isso mostra que o desemprego elevado permanente vai gerando uma tensão social que pode explodir de maneiras diferentes. Essa percepção vai prejudicar a recuperação e, num certo sentido, piorar o problema, porque com menos recuperação teremos mais desemprego por mais tempo.

A resposta do governo à greve dos caminhoneiros foi boa?

A resposta que o governo está dando não é a melhor. Em primeiro lugar, está gastando demais. Se baixa o preço do diesel, vai gastar dinheiro com um monte de gente que não são caminhoneiros. O caminhoneiro não consome a maioria do diesel. A maioria do diesel é consumida por empresas, por máquinas agrícolas, por carros de luxo. Baixar o preço do diesel é gastar R$ 10 para fazer R$ 1 chegar ao caminhoneiro. Uma coisa focada, que se preocupasse mais com o grupo específico dos caminhoneiros, e não usasse os impostos sobre o diesel para fazer isso, gastaria muito menos dinheiro e faria muito mais. Gastar muito dinheiro com quem não é a questão faz com que outros interessados se juntem e apoiem a resposta. Além disso, a comunicação está sendo muito ruim.

Por que a comunicação é ruim?

O Brasil tem um preço do diesel que é abaixo da média mundial, cerca de 5% mais barato, pelo preço de segunda-feira passada, que já até caiu. É um combustível poluente, não deveríamos querer subsidiar, porque, se subsidiar, ele será mais usado e haverá mais poluição ainda. É preciso sentar e entender o que está acontecendo com a categoria (dos caminhoneiros).

E o impacto na Petrobrás?

Se quer dar um subsídio, pode fazer chegar ao caminhoneiro sem interferir na Petrobrás. Estamos destruindo uma lógica comercial. É um custo altíssimo para fazer uma transferência de renda para um grupo específico. (A resposta à greve) foi péssima para a governança de uma empresa que teve problemas gigantescos e fez um esforço para ter uma gestão mais organizada, mais eficiente, livre de lógicas políticas. Se o governo quer fazer uma política, até pode fazer, a Petrobrás pode até ser o veículo, mas o dinheiro não pode sair da empresa.

E a inflação?

Vai ter um impulso, sim, no curto prazo, porque o preço da gasolina no posto subiu, o preço do alimento subiu, mas depois volta. Não é uma coisa permanente. Obviamente, preocupa as pessoas pagarem mais por alimentos, que é uma coisa que afeta principalmente os mais pobres, mas do ponto de vista da política monetária, do controle da inflação, preocupa menos.

 

BANCO DE TALENTOS

ÁREA DO ASSOCIADO

O Sinduscon/RN pensa como você, e por isso trabalha:

NOSSA MISSÃO

Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

contato@sindusconrn.com.br

SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

Rua Raimundo Chaves, 2182 - Sala 101 Empresarial Candelária - Candelária - Natal/RN

SINDUSCON/RN (C) 2012 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS