Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

Empresários se unem por voto mais consciente e veem riscos em polarização

A polarização e os radicalismos dos extremos do espectro político podem trazer riscos institucionais e econômicos para o Brasil, na visão de alguns dos principais líderes do setor produtivo do país. Estes empresários evitam declarar em quem votarão e não traçam projeções sobre quem pode assumir a Presidência da República no ano que vem. Mas é consensual o pedido pela manutenção das reformas econômicas. "Existem alguns radicalismos perigosos que podem representar um retrocesso para a agenda, seja ela institucional, seja econômica", com impactos negativos também sobre a educação, segundo Pedro Passos, cofundador e conselheiro da Natura.

Ele participou em São Paulo ontem do 'Você muda o Brasil', evento promovido por empresários, executivos e acadêmicos para discutir a situação do país. "É um momento de cuidado do Brasil, de fazer boas escolhas", disse Passos. Surgido em 2016, o grupo 'Você muda o Brasil' é um movimento sem conexões político-partidárias formado por "empresários e executivos de diferentes setores" e que tem como um de seus objetivos a renovação do Poder Legislativo, por meio do "voto consciente".

Os líderes do grupo "acreditam que tão relevante quanto a eleição do presidente da República será a renovação do Congresso Nacional". Além de Passos, participam do movimento Pedro Wongtschowski, do grupo Ultra; Walter Schalka, da Suzano; Luiza Trajano, da Magazine Luiza; Rubens Menin, da MRV; Jefferson De Paula, da ArcelorMittal; Paulo Kakinoff, da Gol Linhas Aéreas; Salim Mattar, da Localiza, e Betania Tanure, sócia-fundadora da consultoria BTA e membro do conselho de administração de diversas empresas. O grupo também se reúne para debater "ética, cidadania e os desafios do país".

Durante a sua apresentação, Passos, da Natura, afirmou que o avanço da "agenda para eliminar os privilégios políticos na Previdência e simplificar os tributos" pode fazer a sociedade se sentir "mais representada na política". "Dependendo do resultado das eleições em outubro, teremos a possibilidade de retomar o crescimento do país. Por enquanto, estamos trabalhando duro", afirmou ele, que pediu "instituições livres" e que dialoguem entre elas. "As balas de prata não são efetivas para resolver os problemas", disse.

Para o empresário Walter Schalka, o Brasil vive um quadro pré-eleitoral "muito preocupante" justamente por causa da polarização ideológica e da ausência de "ideias concretas sobre como transformar" o país. Presidente da Suzano Papel e Celulose, ele fez a ressalva de que estava falando como "pessoa física", e não como executivo. "Estou preocupado com a polarização que o Brasil vive", disse. "Acho [o quadro] muito preocupante, falta pouco tempo para a eleição e não se discute ideias concretas sobre como transformar o Brasil.

Precisamos pensar sobre isso." Atualmente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) lideram a disputa pelo Palácio do Planalto, de acordo com os principais institutos de pesquisa. Com a impugnação da candidatura de Lula praticamente certa, a tendência é que o candidato petista seja o atual vice da chapa, Fernando Haddad. Sem mencionar o nome de nenhum dos postulantes à Presidência, Schalka não declara em quem votará, mas não descarta tornar sua decisão pública até a eleição. Mesmo assim ele se disse apreensivo com a possibilidade de as reformas serem abandonadas. "Temos que ser reformistas, não otimistas ", afirmou.

"Acho que o Brasil que está aí é um país que vai gerar um processo de descrédito muito grande. Nós temos que recuperar a confiança da população." "Convido todos a exercerem a convergência. É absolutamente claro que temos uma situação de crise econômica, social e política de forma simultânea", afirmou Schalka.

Mesmo sem citarem nomes, os empresários defendem que parte das alterações necessárias passa pela substituição de algumas das "lideranças" que comandam o país. "Talvez possamos mudar o Brasil com as lideranças corretas", segundo o presidente do conselho de administração da MRV Engenharia, Rubens Menin. "Estamos em um ciclo de representação em que lideranças tradicionais não dão mais conta do processo", afirmou Passos. "É consenso que é preciso mudar o sistema político. Não dá para conviver com dezenas de partidos, muitos deles sem ideologia."

Outros empresários também lamentaram a falta de propostas mais concretas e o acirramento das posições políticas. "A preocupação com a qualidade da gestão é a primeira questão que não devemos esquecer na hora de votar", disse o presidente do conselho de administração do grupo Ultra, Pedro Wongtschowski. "O diálogo é o que conecta o país", afirmou Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração da Magazine Luiza. "O Brasil não pode ser 'nós contra eles'. Somos apenas nós", reforçou Rubens Menin, da MRV.

No entanto, falando especificamente sobre o seu setor, Menin disse não ter nenhuma preocupação em relação ao futuro próximo da construção civil, independentemente do vencedor da eleição presidencial. "Já estivemos em contato com os candidatos. Tenho certeza de que a habitação é prioridade não só para o desenvolvimento econômico, mas também como questão social", afirmou, citando a necessidade de construção de 1 milhão de moradias no Brasil a cada ano. Apesar das turbulências eleitorais, ele acredita que o setor terá um segundo semestre melhor do que a primeira metade deste ano.

 

Bradesco recupera nível de 2014 no crédito imobiliário

Depois de encolher junto com o mercado imobiliário, o Bradesco volta a acelerar no crédito ao setor. O banco prevê conceder, neste ano, R$ 14 bilhões em financiamentos à venda e construção de imóveis, patamar que não alcançava desde 2014. Uma melhora na demanda desde os últimos meses do ano passado ajudou, mas o Bradesco também conseguiu ganhar participação de mercado, avançando principalmente sobre a Caixa.

Em junho e julho, o banco da Cidade de Deus atingiu uma inédita liderança nos financiamentos imobiliários com recursos da poupança, segundo dados da Abecip (associação das empresas do setor) obtidos pelo Valor. Nos sete primeiros meses do ano, o Bradesco concedeu R$ 8,08 bilhões em crédito imobiliário, seguido pela Caixa (R$ 6,28 bilhões) e pelo Santander (R$ 6,05 bilhões).

O mercado como um todo movimentou R$ 30,2 bilhões, alta de 21,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A estimativa da Abecip é que os financiamentos imobiliários com recursos da poupança totalizem R$ 50 bilhões em 2018. O número representa um crescimento de 16% em relação ao ano passado, mas ainda é menos que a metade dos R$ 112,9 bilhões concedidos pelos bancos em 2014. Se as perspectivas do Bradesco se confirmarem, a fatia da instituição nesse mercado terá subido de 13% para 28% em quatro anos.

Além da desaceleração da Caixa, historicamente líder do setor, o crescimento decorre de uma série de mudanças na área. Com a demanda fraca em meio à crise, o Bradesco digitalizou e simplificou processos, reforçou a equipe e ajustou o foco de atuação. “Com as mudanças, a gente pegou ritmo e passou confiança para quem vende na ponta”, afirma Eurico Fabri, vice-presidente executivo.

A instituição cortou a menos da metade a quantidade de documentos exigidos e boa parte do processo, exceto a assinatura do contrato, pode ser feita de forma digital. Paralelamente, questões mais operacionais deixaram de ser conduzidas internamente. Em vez disso, o Bradesco fechou parceria com quatro empresas que auxiliam os clientes com os trâmites da documentação da avaliação do imóvel em diante. “Agora focamos especificamente no crédito”, diz Fabri.

Com as medidas, o prazo médio para liberação dos recursos foi reduzido em 24%, e hoje se dá em cerca de 20 dias úteis. Até o fim do ano, o banco lançará o processo digital de ponta a ponta, o que deve encurtar ainda mais esse tempo. “Crédito imobiliário tem um componente emocional muito forte. É preciso tirar as dores do processo”, afirma Romero de Albuquerque, diretor do banco.

Na outra ponta, o banco criou o que chama de “mapa de oportunidades” — uma base de dados que leva em conta o ciclo de vida dos clientes, quais já têm imóveis e as regiões mais aquecidas. A ideia é que os gerentes tenham informações mais detalhadas para melhorar a abordagem de vendas. O Bradesco também montou 58 escritórios especializados em crédito imobiliário, distribuídos pelo país.

Em paralelo, tem promovido eventos com imobiliárias e incorporadoras para tentar fomentar o mercado de construção, que continua retraído, e capturar projetos. Na média, houve mais de um encontro por dia no primeiro semestre. “No fundo, estamos tentando unir as pontas entre pessoa física e pessoa jurídica”, afirma Fabri.

A demanda das famílias por financiamento imobiliário tem crescido em ritmo bem mais forte que a das empresas do setor. Ao mesmo tempo, os bancos continuam muito seletivos no crédito a construtoras e incorporadoras depois do tombo que levaram na crise com os chamados distratos (devolução de imóveis). Dos R$ 14 bilhões que o Bradesco pretende financiar neste ano, 75% se referem a operações com pessoas físicas.

É uma situação bem diferente da que se viu em 2014, quando as liberações de crédito do banco foram divididas quase meio a meio entre famílias e empresas. Embora a demanda das construtoras por crédito continue fraca, o Bradesco está presente em “mais de mil canteiros de obra”, segundo Leandro Diniz, diretor de empréstimos e financiamentos do banco.

“Estamos prontos, é questão de o mercado voltar”, afirma. De acordo com o executivo, a flexibilização do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), anunciada no mês passado pelo Banco Central (BC), vai ajudar. “As medidas estimulam os bancos a irrigarem o mercado com mais dinheiro para financiar o próximo ciclo”, diz Antonio Barbosa, superintendente do banco. As mudanças na área de crédito imobiliário do Bradesco tiveram início há dois anos e meio, no auge da crise.

A maior parte da reformulação já foi feita, mas restam alguns passos — casos da contratação digital completa para celulares e internet banking e do lançamento de uma plataforma que vai permitir aos gerentes enxergar o fluxo todo num só lugar. O banco aproveitou a retração para reorganizar a casa, o que incluiu também melhorias na modelagem de crédito.

Criou ratings específicos e aprimorou os mecanismos de recuperação. Nas operações com pessoas jurídicas, reforçou o controle de garantias, dando peso maior aos recebíveis. Para isso, contratou uma empresa que ajuda a fazer o acompanhamento do fluxo de caixa dos projetos. “Estoque já não é tão importante na análise. Estoque é bom se tiver liquidez”, afirma Albuquerque.

 

Potencial de instabilidade crescente nos mercados é elevado

Ano de eleição é sinônimo de volatilidade nos mercados. E, desta vez, os sinais são de que o potencial de instabilidade é elevado. O dólar já subiu 23,5% no acumulado do ano, bem mais do que o observado em igual período de 2014, ano em que foi reeleita a ex-presidente Dilma Rousseff. A desvalorização cambial, entretanto, ainda é mais contida do que a observada em igual período de 2002, ano em que a ansiedade do mercado com a definição do novo governo alcançou contornos inéditos e fez o dólar ganhar 53,2% em relação ao real.

A principal diferença entre 2002 e 2018, segundo os especialistas, é a vulnerabilidade externa do país, muito maior há 16 anos. O Brasil tinha dívida em dólar, carregava praticamente o dobro de déficit em conta corrente (em proporção do PIB) e mantinha cerca de um décimo das reservas cambiais atuais. Esse quadro, que foi melhorando ao longo dos anos, deixava a economia muito mais vulnerável a uma eventual saída de recursos externos.

Hoje, o câmbio flutuante consegue absorver esses choques, porque o déficit externo é menor, o governo não tem dívida indexada à moeda estrangeira e tem um elevado colchão de reservas internacionais. Mas, quando se olha para os dados da dívida interna, o quadro é muito mais assustador. Todos os indicadores são piores do que há 16 anos, com destaque para o déficit primário, que alcançou o equivalente a 1,3% do PIB em julho deste ano, ante superávit de 3,2% do PIB em igual período de 2002.

Alguns ex-BCs, como Arminio Fraga, Gustavo Loyola e José Julio Senna, consideram que essa situação torna a situação mais desafiadora para o país. “Lá atrás, os fatores macros não tinham saído dos trilhos e agora o desafio é colocá-los de volta aos trilhos, algo de custo muito mais elevado", diz Senna.

 

Moody's vê capital privado na infraestrutura em 2019

A agência de classificação de risco Moody's acredita que os investimentos em infraestrutura por meio de concessões e parcerias público-privadas (PPP) continuarão a ser apoiados no país independentemente de quem vença as eleições deste ano. Em relatório obtido pelo Valor, os analistas da Moody's avaliam que o modelo privado será atraente aos futuros governantes principalmente devido às limitações nas contas públicas.

"As fracas situações fiscais continuarão a estimular as administrações federal, estaduais e municipais a atrair capital privado por meio de PPPs e concessões. Isso permite a elas investir em infraestrutura sem aumentar a dívida de forma antecipada mesmo com o risco fiscal que as PPPs implicam", afirma a equipe da Moody's.

Os analistas afirmam que taxas recebidas pelas concessões leiloadas nos setores de energia e de aeroportos ajudaram o governo federal a reduzir o déficit primário em 2017 e que isso construiu um "amplo consenso" dentre os agentes políticos para a participação das empresas em infraestrutura.

Além disso, a Moody's avalia que no âmbito estadual e municipal há exemplos de administrações de vários partidos que chamaram empresas para investir no setor nos últimos anos. A agência diz que dois dos Estados mais ativos em termos de concessões e PPPs foram Bahia, dirigida pelo PT, e São Paulo, comandado pelo PSDB. "Do ponto de vista fiscal, as concessões são a opção preferida porque não envolvem financiamento público", resumem os analistas.

O documento relata outro ponto positivo para as empresas ao afirmar que há um ambiente legislativo favorável ao setor. Para a agência, o governo trabalhou com o Congresso nos últimos trimestres em mudanças de lei que, se aprovadas, poderiam aumentar a participação do setor privado e melhorar a transparência nos contratos de infraestrutura.

Um dos exemplos comentados pela Moody's é uma lei aprovada no ano passado (13.448/2017) que facilita novos leilões de concessões federais eventualmente rescindidas nos segmentos de rodovias, ferrovias e aeroportos. A mesma lei também incentiva o uso de arbitragem para conceder aditivos de reequilíbrio financeiro. "Esse mecanismo será particularmente útil para rodovias com pedágios e concessionárias de aeroportos que ganharam lances com base em projeções de tráfego excessivamente otimista feitas antes da recessão".

Outros efeitos das leis comentadas pela Moody's são pagamentos compensatórios às antigas concessionárias, maior participação privada no segmento de água e esgoto pela padronização de práticas regulatórias e fortalecimento das agências reguladoras. Apesar da análise favorável ao setor, os analistas ainda veem a existência de barreiras significativas para o mercado privado atingir seu pleno potencial.

"O ritmo de crescimento de PPPs e concessões dependerá de endereçar as preocupações do investidor, como a promoção de um marco legal consistente, o aumento da qualidade dos projetos e a oferta de mecanismos robustos de garantia de pagamentos em PPPs para mitigar riscos dos financiadores públicos”.

 

BNDES deve anunciar primeiro fundo de crédito corporativo em setembro

O BNDES espera concluir em breve a estruturação dos primeiros fundos de crédito que compõem o programa anunciado pelo banco no primeiro semestre do ano, com orçamento de R$ 6 bilhões, para financiamento de projetos via mercado de capitais, com títulos de dívida de longo prazo. Desse total, R$ 5 bilhões serão destinados a fundos de investimento em infraestrutura e R$ 1 bilhão a fundos de crédito corporativo a pequenas e médias empresas.

A diretora de mercado de capitais do BNDES, Eliane Lustosa, acredita que em setembro terá anunciado o primeiro fundo de crédito corporativo; e que, a partir daí, "em um ou dois meses" possa anunciar também gestor qualificado para receber aportes de recursos aos primeiros fundos de infraestrutura na nova política.

O BNDES, por meio da BNDESPAR, será cotista desses fundos, que vão investir prioritariamente em debêntures ou em recebíveis vinculados a projetos de logística e transporte, mobilidade urbana, energia, telecomunicações e saneamento básico. "O objetivo é ampliar alternativas para o financiamento de projetos com instrumentos de mercado de capitais e atrair novos investidores", diz Eliane, convencida de que, para o mercado de dívida privada se desenvolver, como o mercado de dívida pública se desenvolveu a partir dos anos 2000, é preciso mais alternativas de 'funding' e mais projetos de modo contínuo.

"Os fundos são fonte a mais de financiamento, para que projetos não dependam apenas de crédito dos bancos comerciais e do BNDES", afirma. Pelas regras pré-definidas, cada fundo de infraestrutura terá aporte máximo do banco estatal de R$ 500 milhões, limitado a 30% do seu capital total. Ele poderá ser formado por parte das debêntures de infraestrutura da carteira do BNDES. Já os fundos de crédito corporativo focados em PMEs (que faturam até R$ 300 milhões por ano), poderão receber, cada um, até R$ 300 milhões, não podendo ultrapassar 20% do capital total subscrito no fundo.

Em ambos os fundos essas condições são para seleção por meio de consulta prévia ao banco (sem chamada pública). Segundo a executiva do BNDES, o cenário de inflação baixa e queda de juros "ajuda muito a atrair investidores para o mercado de debêntures", sobretudo investidores institucionais, que precisam diversificar investimentos, ampliar portfólio e compatibilizar ativos e passivos.

E, segundo ela, com um gestor qualificado, que receberá performance em função do sucesso do fundo, aumenta a chance de êxito dos projetos. "Há enorme apetite dos investidores institucionais por um veículo que permita diversificar risco. Dívida de bom risco é ativo interessante", observa.

Eliane explica que cabe ao BNDES identificar "falhas de mercado" e trazer recursos públicos para esse tipo de investimento, desde que o setor privado venha junto, mostrando que o modelo de negócio faz sentido. "Vamos ajudar a desenvolver o mercado de financiamento com dívida privada, contribuindo para a captação dos fundos, para que eles sejam concluídos, tragam debêntures e maior liquidez ao sistema", afirma.

O processo de seleção desses fundos será por meio de consulta prévia à equipe técnica BNDES, responsável pela análise das propostas de gestores. "Este é um processo mais ágil e rápido, na modalidade "fast track" sem chamada pública. O banco vai selecionar gestores que já estão no mercado e em fundos de infraestrutura que estejam em processo de captação", segundo a diretora.

 

Projeção para inflação em 2018 sobe para 4,17%, traz Focus

A expectativa dos analistas de mercado para a inflação teve uma ligeira alta na semana passada, segundo ao boletim Focus, do Banco Central (BC). A projeção do juro básico para o fim do ano, porém, ficou inalterada pela 13ª semana consecutiva. A mediana das projeções para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 4,15% para 4,17%. Há quatro semanas, estava em 4,11%.

O ajuste ocorre após a divulgação do IPCA-15 de agosto, que saiu de uma alta de 0,64% em julho para 0,13% em agosto, mas ficou ligeiramente acima da expectativa do mercado, de 0,10% de aumento. Depois de fortemente afetada pelo desabastecimento provocado pela greve dos caminhoneiros, a inflação cedeu. Com exceção de alguns itens como farinha de trigo, o IPCA-15 não mostrou influência da alta do dólar nas últimas semanas.

Na semana passada, a moeda americana ficou acima de R$ 4,10 e, no Focus, a projeção para o fim do ano passou de R$ 3,70 para R$ 3,75. A despeito desses fatores, os analistas não alteraram a projeção da Selic para o fim deste ano, de 6,50%, patamar atual. O boletim do BC também mostra que a estimativa para o IPCA em 2019 subiu ligeiramente de 4,10% para 4,12%, mas as projeções do dólar (R$ 3,70) e da Selic (8%) foram mantidas.

A expectativa para o IPCA nos próximos 12 meses subiu de 3,67% para 3,70%. Entre os analistas do grupo Top 5 de médio prazo, a estimativa para a inflação deste ano subiu de 4,16% para 4,17%, mas a de 2019 foi mantida em 4,20%. Já a projeção para a Selic deste ano ficou em 6,50%, mas a de 2019 subiu de 7,63% para 7,75%.

Esse grupo de economistas não mexeu nas projeções do dólar para o fim de 2018 e 2019, que permaneceram em R$ 3,50 e R$ 3,51. Atividade Caiu mais um pouco a expectativa dos analistas para o crescimento da economia brasileira neste ano. De acordo com o boletim Focus, a mediana das projeções passou de 1,49% para 1,47%.

Para 2019, a estimativa foi mantida em 2,50% de expansão. Na sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o desempenho do PIB do segundo trimestre, que, de acordo com a média de economistas consultados pelo Valor Data, deve ser de apenas 0,1% de avanço em relação aos três primeiros meses do ano. O período de abril a junho foi conturbado, com greve dos caminhoneiros, cenário externo turbulento e piora das condições financeiras para famílias e empresas. Antes da greve, as projeções para a economia já vinham caindo. Após a paralisação, as revisões para baixo se aceleraram num processo que ainda não terminou.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Governo escala Caixa e BB para emplacar FGTS como garantia de crédito

Sem adesão dos bancos privados, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil tentam impulsionar empréstimos consignados com a garantia do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para atender ao presidente Michel Temer no intuito de mostrar que seu governo está ativo.

A ideia é que esses bancos emprestem cobrando até 3,5% ao mês.

Sem adesão dos bancos privados, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil tentam impulsionar empréstimos consignados com a garantia do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para atender ao presidente Michel Temer no intuito de mostrar que seu governo está ativo.

A ideia é que esses bancos emprestem cobrando até 3,5% ao mês.

Para aderir, os bancos privados representados pela Febraban (entidade do setor) queriam cobrar 6,5%, mas o conselho curador do FGTS forçou a taxa para baixo.

Na semana passada, a Caixa criou um sistema para bloquear os 10% do saldo do FGTS e também para permitir que os bancos tenham acesso à movimentação das contas.

A medida foi uma forma de atrair os bancos, incluindo o BB, que antes não tinham segurança de que os recursos estariam disponíveis nas contas.

Pessoas que acompanharam as conversas afirmam que a medida da Caixa foi uma resposta ao pedido de Temer para turbinar o consignado. O BB deve acompanhar a Caixa para gerar empréstimos.

O governo considera que, com o giro dos bancos públicos, a taxa tende a baixar e os bancos privados podem se interessar pelo negócio.

A medida foi herdada por Temer da ex-presidente Dilma Rousseff, mas nunca emplacou porque os bancos não acham essa operação segura.

O bloqueio ajuda a derrubar a resistência, mas ainda não torna o empréstimo tão rentável quanto os bancos privados desejam.

Nessa modalidade, o público-alvo é de trabalhadores de pequenas e médias empresas do setor privado, segmento de alta rotatividade. Por isso, a maior parte desses trabalhadores tem saldos muito baixos no FGTS --cerca de R$ 1 mil, segundo técnicos do governo.

Assim, o volume reservado para garantia (10%) não passaria de R$ 100, valor insuficiente para impulsionar operações atrativas a bancos privados.

Nos bastidores, até dirigentes de bancos estatais não acreditam na viabilidade da medida defendida por Temer.

A estratégia do presidente de usar bancos estatais para alavancar crédito foi usa por Dilma, que, em 2012, se valeu de BB e Caixa para forçar o mercado a baixar juros.

A política não durou muito tempo e os bancos rapidamente voltaram a praticar taxas mais elevadas.

Assessores de Temer consideram que o aumento de oferta via consignado pode funcionar como mais um reforço na economia que já tem os recursos do fundo PIS/Pasep.

Na semana passada, o governo autorizou os bancos privados a repassarem automaticamente o dinheiro de cotistas aptos. Estima-se que, até o fim deste ano, serão pagos cerca de R$ 28 bilhões.

 

O GLOBO

Com alívio no cenário externo, dólar fecha cotado a R$ 4,08

O dólar comercial, que iniciou o pregão desta segunda-feira com valorização ante o real, encerrou os negócios desta segunda-feira negociado a R$ 4,082, com queda de 0,53%. A moeda brasileira acompanhou o movimento de desvalorização em escala global da divisa americana. O "Dollar Index", índice da Bloomberg que acompanha o desempenho do dólar frente a uma cesta de divisas, recuava 0,89% no encerramento do pregão brasileiro. Por sua vez, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo, fechou com alta de 2,19%, aos 77.929 pontos. Neste pregão, a ausência de grandes fatos sobre a política internacional e o acordo comercial entre EUA e México foram os principais influenciadores.

— O que podemos observar no pregão desta segunda é um movimento de acomodação do dólar, não de reversão de tendência. Uma acomodação pontual em relação às recentes altas — analisa Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H. Commcor. — O mercado sabe que ainda há muitos fatos envolvendo o cenário eleitoral local, e qualquer notícia sobre este assunto pode fazer com que a moeda americana volte a ter significativa valorização frente o real.

O que continua pesando para que o dólar continue em patamares elevados no Brasil continua sendo o cenário eleitoral, uma vez que candidatos considerados alinahdos com as reformas estruturais defendidas pelo mercado estão performando mal nas pesquisas de intenção de voto.

Por outro lado, o que dá um alívio para a moeda americana em escala global é o fato de que as autoridades do México e dos Estados Unidos fecharam um acordo de resolução de seus problemas bilaterais na renegociação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).

— Toda notícia que, de alguma forma, acalme o mercado, é positiva e reflete bem no compotamento da Bolsa. No pregão de hoje, pela ausência de grandes notícias sobre a cena eleitoral local, o Brasil acompanha o cenário externo, no qual índices americanos e europeus operam em alta, e que o dólar tem queda frente à cesta de moedas da Bloomberg — indica Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.

Outro fato da cena internacional que tem influência nos negócios desta segunda é a decisão do governo chinês de reintroduzir o chamado “fator contracíclico” para determinar a taxa de paridade do yuan com o dólar, de forma a impedir que a moeda local se deprecie de forma muito acentuada.

O Banco Central (BC) brasileiro ofertou e vendeu integralmente 4,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 4,56 bilhões do total de US$ 5,25 bilhões que vence em setembro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

Principais ações em alta

Nesta sessão, os papéis ordinários (ON, com direito a voto) e preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras fecharam com alta de 1,28% e 2,02%, respectivamente.

O setor bancário, de maior peso na composição do Ibovespa, segue a mesma tendência. Os papéis ordinários do Banco do Brasil e do Bradesco avançaram 2,79% e 3,24%, respectivamente. Os do Itaú Unibanco subiram 2,97%.

A Vale também operou no campo positivo. As ações ordinárias da mineradora tiveram valorização de 2,27%.

EUA TEM DIA DE RECORDES

No exterior, o dia também foi de ganhos. Nos EUA, os índices foram impulsionados pelo acordo comercial entre Washington e México.

O Nasdaq — que concentra ações de tecnologia — superou pela primeira vez a barreira dos 8 mil pontos, encerrando aos 8.017 pontos, uma alta de 0,91%. Já o S&P 500, mais amplo, avançou 1,01%, aos 26.049 pontos, seu maior patamar até agora. E o Dow Jones, principal índice da Bolsa dos EUA, chegou à faixa dos 26 mil pontos pela primeira vez desde fervereiro.

Na Europa, o índice DAX, de Frankfurt, teve um bom desempenho e fechou com alta de 1,16%. O CAC 40, em Paris, encerrou o pregão com valorização de 0,86%. Já a Bolsa de Londres não operou por causa de feriado bancário local.

 

Governo estuda medidas para 'facilitar' o crédito, diz ministro

O ministro do Planejamento, Esteves Colnago, disse nesta segunda-feira que o governo federal estuda, junto aos bancos públicos, formas para facilitar o acesso ao crédito e “reduzir a burocracia”. A declaração foi dada após reunião da equipe econômica com os presidentes da Caixa, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e BNDES.

— Foi uma reunião com os bancos para ver o que os ministérios do Planejamento e o da Fazenda podem fazer junto aos bancos para facilitar o crédito, reduzir burocracia. Estamos discutindo coisas que podem trazer mais segurança jurídica para as operações — disse o ministro, em rápida entrevista.

Colnago não entrou em detalhes sobre quais medidas são estudadas e nem deu prazo para a divulgação das propostas.

— Não tem nada ainda decidido. É um conjunto de medidas microeconômicas em discussão com os bancos — acrescentou.

Além de Colnago, participaram da reunião a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi; os presidentes do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli; da Caixa Econômica Federal, Nelson de Souza; do BNDES, Dyogo Oliveira; e do Banco do Nordeste, Romildo Rolim. O ministro também afirmou que o governo estuda aumentar o compartilhamento das compras pelos bancos para reduzir custos operacionais.

Uma das principais medidas defendidas pelo governo para baratear o crédito para pessoas físicas e jurídicas no país é a adoção do cadastro positivo, um banco de dados dos consumidores que são bons pagadores. O projeto de lei, no entanto, está parado na Câmara do Deputado, sem data para ter a votação concluída.

Segundo o Banco Central, a taxa de juros médios das instituições com recursos livres (sem contar BNDES, crédito rural e imobiliário) foi de 38,5% ao ano em junho — últimos dados disponíveis. Nas operações com pessoas físicas, essa taxa era de 53,2% ao ano em junho.

 

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