Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

Emergentes devem ter mais um ano de desafios, diz J.P. Morgan

O banco J.P. Morgan prevê mais um ano de desafios para os mercados emergentes, principalmente a partir do segundo semestre, com os Estados Unidos entrando em um território de política monetária mais restritiva. Isso deve ocorrer em meio ao debate sobre o início de uma possível recessão na economia americana.

Nesse cenário, esses países ainda devem ver saídas de recursos em 2019, mas o Brasil pode se destacar e atrair capital estrangeiro se conseguir avançar na agenda de reformas, principalmente a da Previdência. "O Brasil pode ter a melhor performance entre os mercados emergentes se fizer as coisas certas", afirma Luis Oganes, chefe de pesquisa para commodities, câmbio e mercados emergentes do J.P. Morgan.

O executivo está no Brasil para participar do seminário "Brazil Opportunities", em São Paulo. O banco prevê desaceleração do crescimento do PIB emergente de 4,8% para 4,4%, de 2018 para 2019, puxado pelo enfraquecimento da economia chinesa, que deve crescer 6,1%. Excluindo a China, a desaceleração será menor, de 3,3% para 3,2%.

O cenário de menor liquidez global, com o Banco Central Europeu (BCE) devendo encerrar o programa de compra de ativos e a política monetária americana caminhando para um território mais restitivo, deve impactar o fluxo de recursos para os mercados emergentes. O banco prevê que os investimentos estrangeiros em ativos desse grupo devem ter ligeira alta, mas continuarão abaixo das máximas históricas.

O banco conta com quatro altas da taxa básica de juros americana em 2019, o que deve levar a taxa básica americana de um território neutro para 3,5% no fim do ano que vem. A taxa de juros real pode ficar entre 1% a 1,5%, o que deve tornar o país mais competitivo. "A taxa de juros real positiva nos EUA deve trazer mais competição por capital, o que significa que os fluxos de mercados desenvolvidos para os emergentes devem diminuir", afirma Oganes.

Ele lembra que o segundo semestre deve ser mais difícil para os mercados emergentes com o debate sobre o início de recessão nos EUA devendo ganhar atenção. "Historicamente, no momento em que começa essa discussão, há um aumento da aversão a risco e os mercados emergentes tendem a sofrer", diz.

Nesse cenário, os fluxos para bônus emergentes devem ser mais impactados. O banco espera uma saída líquida de US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões dos fundos dedicados a papéis emergentes em 2019, depois dessas carteiras terem registrado um aporte líquido neste ano de cerca de US$ 20 bilhões. Esse cenário, segundo Oganes, vai requerer uma resposta da política monetária dos mercados emergentes para estabilizar suas moedas.

O banco espera uma pequena desvalorização para o real, com o dólar passando de R$ 3 90 no fim de 2018 para R$ 4 10 no final do próximo ano. Com a ligeira depreciação do câmbio e o crescimento maior para o país - de 2,3% em 2019-, o Banco Central, segundo Oganes, deve voltar a subir a taxa de juros em junho, com a Selic devendo encerrar o ano em 8,75%.

Oganes afirma que os investimentos em títulos públicos no mercado local continuarão atrativos. Segundo ele, se o governo conseguir implementar as reformas e enfrentar o problema na parte fiscal, as taxas de juros de prazos mais longos tendem a cair com a diminuição do risco de crédito do governo.

O banco está com uma recomendação "overweight" (acima da média do mercado) para os títulos públicos em reais e neutra para os papéis soberanos em dólar. Segundo Oganes, os investidores reduziram a posição em Brasil antes da eleição, mas, com o aumento das chances de vitória de Jair Bolsonaro no segundo turno, aumentaram as alocações e agora estão com uma exposição neutra ao país. "Vemos espaço para compra de ativos brasileiros, mas isso depende de um progresso nas reformas", diz Oganes.

Nesse cenário em que as alocações de investimento ficam mais "oportunísticas", Oganes afirma o Brasil tem a vantagem de não ter um déficit em conta corrente alto como o de Turquia, África do Sul e Indonésia. Dessa forma, pode atrair investimentos estrangeiros se conseguir avançar nas reformas. "O problema do Brasil não é externo é fiscal. O país precisa endereçar a reforma da Previdência para estabilizar a parte fiscal", diz.

O cenário base do banco é que o governo consiga aprovar a reforma da Previdência em 2019. Na avaliação do executivo do J.P. Morgan, a equipe econômica escalada por Bolsonaro é composta por bons nomes, que inspiram confiança no mercado e que entendem os desafios do país. O que pode ser um desafio para os mercados emergentes é a tensão comercial entre Estados Unidos e China.

A falta de um acordo comercial entre os dois países pode levar o governo americano a adotar uma tarifa de importação de 25% para todos dos produtos chineses. O banco estima que isso teria um impacto de 1% no PIB da China.

Mas, segundo Oganes, o governo chinês adotará medidas para atenuar esse efeito como a adoção de estímulo fiscal, por meio do corte de impostos, além de depreciação do renminbi e redução do requerimento para os bancos manterem sob reserva. "Vamos ver o que acontecerá na reunião do G20. Se os EUA e a China chegarem a um acordo talvez tenhamos até um rali nos mercados", diz Oganes.

 

Câmbio tem alívio com BC, mas cautela persiste

A inciativa do Banco Central para acalmar o mercado parece ter surtido efeito. O dólar interrompeu uma sequência de cinco altas consecutivas e voltou a cair abaixo da marca de R$ 3,90 depois que a autoridade monetária se propôs a emprestar capital aos investidores. Ontem, foram vendidos US$ 2 bilhões nos chamados leilões de linha e, diante da demanda elevada, o BC faz hoje nova oferta de US$ 1 bilhão.

O dólar comercial fechou em baixa de 1,04%, aos R$ 3,8768, mas só reverteu parte do salto dos últimos dias. Especialistas alertam, entretanto, que o câmbio não está livre de novos solavancos já que sobram motivos para cautela neste fim de ano.

Para se ter ideia do tamanho da escalada, a moeda americana ainda acumula alta de 4% no mês de novembro, deixando o real entre os piores desempenhos globais do período, após o rali dos ativos brasileiros em outubro.

A forte depreciação do real tem surpreendido especialistas como Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central. "Não está clara a explicação para o real ter depreciado tanto. Pode ser pelo barulho da formação do governo, pode ser porque o ambiente externo está mais volátil, e tem a sazonalidade do fim do ano", afirma o ex-diretor do BC.

Segundo ele, o mercado enfrenta baixa liquidez com o investidor estrangeiro fora dos negócios e o local sem querer tomar risco. Nesse contexto, quando uma remessa de lucros e dividendos é feita, essas operações típicas de fim de ano tendem a gerar uma forte reação no mercado. Mas não explica todo o movimento. "Podia estar faltando linha? Podia, mas não sei se isso explica", diz Figueiredo. Mesmo que para solucionar apenas parte da questão, o Banco Central veio a mercado com os chamados leilões de linha, aqueles com venda de dólares e compromisso de recompra, e encontrou forte demanda - apenas uma proposta tomou todos os US$ 2 bilhões ofertados.

Tudo indica que essa também foi a leitura da autoridade monetária, já que anunciou nova operação para hoje. Esses leilões servem como uma espécie de "empréstimo" de moeda estrangeira no mercado à vista e tendem a ser executados em momentos de falta de liquidez no sistema.

Para especialistas, o próximo passo pode ser a rolagem de um lote de US$ 1,25 bilhão - que já estava no estoque do BC há alguns meses - com vencimento no começo de dezembro. Mas, talvez mais importante que a própria operação, é a indicação de que o BC está pronto para agir em momentos de nervosismo. "O leilão aliviou a pressão, sim. Só o fato de o BC aparecer já acalma o mercado", diz um experiente gestor de fundo multimercado, que preferiu não ser identificado.

Em geral, o fim do ano é marcado pela saída de recursos do país, por causa de remessas de empresas ao exterior para fechamento de balanços ou pagamento de dividendos. De acordo com dados do Banco Central, divulgados ontem, as empresas remeteram liquidamente US$ 14,442 bilhão em lucros e dividendos no ano até outubro, pouco acima dos US$ 13,354 bilhões de um ano antes. A situação atual não traz nada de "extraordinário" em termos de fluxo, afirma Robério Costa, economista-chefe do grupo Confidence.

O que torna este ano diferente, entretanto, é a conjuntura internacional mais adversa e o momento de transição no Brasil. "Se você tiver um desaquecimento econômico global mais contundente do que se imaginava antes para o ano de 2019, tudo fica mais difícil para a cena política: negociar reforma, privatização", diz Costa.

Para Maurício Molan, economista-chefe do Santander, aspectos técnicos também intensificaram o movimento negativo para o câmbio brasileiro, que foi capitaneado primordialmente pelos ventos contrários do exterior. "Vimos um movimento mais forte [de queda] no minério de ferro no exterior e, por aqui, a posição técnica dos investidores brasileiros pesou.

Muitos estavam vendidos em dólar [que ganha com a queda da moeda] e, com o movimento abrupto, tiveram de correr para cobrir a posição. Isso gerou um movimento exagerado." A volatilidade é comum para o período de fim de ano, diz Maurício Oreng, economista-chefe do Rabobank Brasil.

Por outro lado, ele enxerga também uma recomposição de prêmio de risco nos ativos após o período eleitoral, dentro de um quadro externo mais adverso para emergentes. "As perspectivas são boas para a política econômica, mas faz sentido ter alguma dúvida e algum prêmio embutido", diz. "Quando o cenário internacional está menos favorável, o investidor olha o copo meio vazio", destaca.

 

Elie Horn, da Cyrela, crê na volta dos bons momentos do passado em 2019

O mercado imobiliário começa a dar sinais de melhora, na avaliação do fundador da Cyrela e presidente do conselho de administração da companhia, Elie Horn, e a escolha dos novos ministros pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) sinaliza que o próximo governo será "muito bom". "Para cada ação, há uma reação. Um bom governo significa uma boa gestão. O setor também parece acordar um pouco", afirma o empresário de 74 anos.

Segundo ele, o fato de o novo governo ter sido eleito faz com que haja "menos desconfiança e mais torcida a favor". Recentemente, a Cyrela lançou R$ 815 milhões em dois empreendimentos de alto padrão - R$ 415 milhões da fase residencial de projeto em São Paulo e R$ 400 milhões em retrofit de edifício no Rio de Janeiro. Segundo Horn, as vendas dos dois projetos já chegam a R$ 800 milhões. "Parece um pouco o cheiro do passado. Voltamos a sorrir e a ter esperança", diz.

Para o fundador da Cyrela, esse patamar de comercialização resulta de maior otimismo do mercado e de "produtos bem pensados". Há lançamentos para a média renda previstos para este fim de ano. Um novo ciclo está começando para o setor, no entendimento de Horn, mas ele diz não esperar crescimento semelhante ao vivido pelas empresas no período de 2007 a 2011. "Deus queira que isso não aconteça. No boom, todo mundo perde a cabeça - incorporadoras e consumidores", afirma.

Segundo o empresário, nesta nova fase, as incorporadoras não devem crescer em excesso sem consolidar essa expansão. Uma taxa de 10% ao ano é considerada saudável por Horn, que diz que a retomada depende de a economia ser "próspera" e da regulamentação dos distratos. Na última semana, o Senado aprovou, com alterações, o projeto de lei que regulamenta os cancelamentos de vendas.

Devido às emendas, o texto voltará à Câmara dos Deputados e, se aprovado, irá para a sanção presidencial. O principal ponto do projeto é a retenção pelas incorporadoras de 50% do valor pago pelo cliente em caso de distrato. "Reze conosco para que a Câmara aprove o projeto", disse Horn, ao ser questionado sobre a regulamentação. Na definição do empresário, quando ocorre um distrato, a empresa "vende, mas não vende" o imóvel.

Em fevereiro do ano passado, o fundador da Cyrela defendeu, em entrevista ao Valor, que o consumidor deveria perder todo o valor já pago em caso de rescisão da compra de um imóvel. Ao ser perguntado se mantém a mesma posição, Horn preferiu não comentar a declaração anterior e limitou-se a dizer que "as regras são bem claras no mundo todo".

De janeiro a setembro, a Cyrela acumula prejuízo líquido de R$ 200,5 milhões. No terceiro trimestre, a companhia teve perda de R$ 121 milhões, resultante, principalmente, do impacto negativo de R$ 94 milhões de despesas reparatórias em São Luís (MA). "Bom não é, mas a vida é um teste de altos e baixos. Quem não sabe perder não sabe ganhar", afirma o fundador.

A Cyrela espera voltar à lucratividade em 2019, e há expectativa de retomada gradual das margens, de acordo com o diretor de relações com investidores, Paulo Gonçalves. "O mercado começa a dar sinais de melhora", afirma Gonçalves.

O executivo ressalta que os bancos privados estão menos restritivos na concessão de crédito, as vendas de lançamentos estão "muito boas" e a comercialização de estoques voltou a crescer em outubro. A atuação da incorporadora se concentra em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre.

O empresário conta que já passou por várias crises do setor imobiliário e a experiência lhe ensinou que "o país enverga, mas não quebra". Segundo o fundador da Cyrela, executivos mais jovens, como seus filhos Raphael Horn e Efraim Horn, copresidentes da companhia, e o diretor de relações com investidores "acham que o mundo acabou quando há uma crise".

Desde maio de 2014, quando passou o bastão da presidência executiva da Cyrela a Raphael e Efraim, o fundador divide seu tempo entre as presidências dos conselhos da companhia e da Cyrela Commercial Properties (CCP), seis a sete horas diárias dedicadas à filantropia e almoço com uma pessoa diferente quase todos os dias, com quem diz aprender muito. Na definição da esposa, Suzy Horn, o empresário "não dá o braço a torcer, como alguém do signo de Leão", mas ele se diz "disciplinado e lutador".

Conhecido por ser um grande doador de recursos, o empresário conta que, antes da abertura de capital da Cyrela, fazia concessões de preços aos clientes desde que o comprador doasse a diferença de preços para a caridade. Em meados do mês, Horn lançou o movimento "Bem Maior", que tem como objetivos fomentar a filantropia e dobrar a participação das doações em relação ao Produto Interno Brasileiro (PIB) em dez anos.

Por enquanto, o Instituto Cyrela e o Instituto MRV fazem parte do movimento, cujos pilares são cultura de doação, primeira infância, saúde, educação, deficiência/inclusão, combate à pobreza, exploração sexual de crianças e adolescentes, meio ambiente, idosos, ética na política/civismo e prevenção à violência.

Segundo Horn, uma economia próspera também contribui para que se faça o bem. "Quando o país cresce, há menos pobreza, menos prostituição, mais meninas respeitadas e mais educação", afirma o empresário.

 

ESTADÃO

Demanda por crédito pelo consumidor tem melhora em outubro

A demanda por crédito pelo consumidor teve alta de 1,7% em outubro na comparação mensal dessazonalizada, de acordo com dados nacionais da Boa Vista SCPC. Na relação anual, o aumento foi de 6,7%. Já no acumulado de 12 meses, o indicador subiu 2,9%.

 

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