Segunda-feira

VALOR

Bolsonaro diz que tabela do IR será corrigida pela inflação

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem ter orientado o ministro da Economia, Paulo Guedes, a corrigir pela inflação a tabela do Imposto de Renda para a pessoa física em 2020. A última atualização ocorreu em abril de 2015. De lá até o fim de 2018, a inflação acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 21%. Para este ano, as projeções apontam para um IPCA na casa de 4%. Num momento de grave desequilíbrio fiscal, o presidente acenou com medidas que diminuem a receita de impostos, em entrevista à Rádio Bandeirantes.

Além da correção da tabela do IR, Bolsonaro mencionou ainda que poderão ser ampliados os limites de dedução de gastos com áreas como educação e saúde. No entanto, isso não estaria garantido. "É uma orientação que dei para eles. Quero que ele cumpra porque orientação não é ordem, mas, pelo menos, corrigir o imposto de renda pela inflação... Isso com toda a certeza."

As deduções com despesas médicas e com educação no IR da pessoa física devem alcançar o equivalente a R$ 20,1 bilhões neste ano, de acordo com estimativas do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2019. Esse valor é equivalente a pouco menos de 7% do total de R$ 306,4 bilhões de renúncias fiscais previstos para este ano.

Pelo PLOA, a renúncias tributárias com gastos médicos devem totalizar R$ 15,5 bilhões e as despesas com educação, R$ 4,6 bilhões. Segundo Bolsonaro, hoje em dia, o IR é redutor de renda. "Falei para o Paulo Guedes que no mínimo, este ano, temos que corrigir, de acordo com a inflação, a tabela para o ano que vem", disse o presidente. Hoje paga imposto quem ganha mais de R$ 1.903,98 por mês. A partir dessa faixa salarial, existem quatro alíquotas: 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%.

De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), a tabela carrega uma defasagem de 95,46% nos últimos 22 anos. Por esses cálculos, se a tabela tivesse sido integralmente atualizada entre 1996 e 2018, os contribuintes que ganham até R$ 3.689,93 seriam isentos da cobrança. Além disso, trabalhadores de classe média que estariam pagando alíquotas mais baixas são enquadrados em categorias superiores.

Para o Sindifisco, esse atraso não apenas leva a um efeito cascata que aumenta o imposto descontado na fonte, mas também acaba diminuindo o volume de deduções. O teto das deduções com educação, que foi de R$ 3.739,57 em 2018, chegaria a R$ 6.961 sem a defasagem na tabela. Correções na tabela do IR costumam ter ampla repercussão positiva entre o eleitorado, mas à custa de complicar ainda mais o cenário fiscal.

O governo já projeta déficit primário de R$ 124,1 bilhões para o ano que vem e tem baixíssima margem de manobra para fazer "bondades". O resultado primário (que exclui gastos com juros) do setor público está no vermelho desde 2014.

Na entrevista, Bolsonaro afirmou que o governo ainda pretende fazer uma reforma tributária, mas que é preciso definir a melhor estratégia de condução do debate no Congresso. "A gente vai tentar sim. Eu estou falando para o pessoal não entrar muito fundo. Porque quando querem entrar para resolver fica aquela história de remendo novo em calça velha. Não vai dar certo."

 

Mercado coloca fichas em acordo comercial

Os mercados acionários de Nova York passaram por uma reversão do bom humor que vinha impulsionando os preços das ações nas semanas anteriores, com o acirramento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Analistas consultados pelo Valor, no entanto, não acreditam que a escalada deve levar a um fracasso total das negociações, uma vez que, segundo eles, esse cenário teria consequências drásticas para a economia global e poderia atrapalhar as ambições eleitorais de Donald Trump.

No domingo, Larry Kudlow, considerado o principal assessor econômico de Trump, afirmou que há uma “grande possibilidade” de o presidente americano se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping, na reunião de cúpula do G-20, nos dias 28 e 29 de junho, no Japão. Dados econômicos fortes nos EUA, além de uma recuperação dos indicadores industriais chineses, vinham dando suporte ao otimismo para os ativos de risco.

As tensões comerciais, fora dos noticiários há algum tempo, pareciam longe da cabeça dos investidores e também não pesavam sobre os mercados. Em meio ao cenário positivo, tanto o Nasdaq quanto o S&P 500 anotaram novos recordes na primeira semana de maio. O cenário mudou quando os mercados foram pegos de surpresa, no último dia 5, por um comentário de Trump, pelo Twitter, ameaçando nova escalada das tensões.

O representante comercial americano, Robert Lighthizer, deu forma às ameaças no dia seguinte, anunciando uma elevação tarifária, de 10% para 25%, sobre USS 200 bilhões em importações chinesas, que foi implementada na última sextafeira. Por enquanto, a piora das tensões segue pesando sobre os índices acionários americanos. Na semana passada, o Dow Jones recuou 2,12%, para 25.942,37 pontos.

O S&P 500 e o Nasdaq tiveram sua pior semana em 2019, com o índice amplo cedendo 2,18%, para 2.881,40 pontos, e o de tecnologia caindo 3,03%, para 7.916,94 pontos. A incerteza provocou uma corrida a ativos defensivos, o que derrubou o rendimento dos Treasuries.

Apesar de especialistas concordarem que o novo capítulo de disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo tenha elevado o risco para o futuro das negociações, eles não acreditam que a escalada de tensões possa evoluir para uma guerra comercial ampla. O clima de confiança cautelosa até ajudou a aliviar a pressão sobre os ativos na sexta-feira, quando as bolsas de Nova York fecharam em terreno positivo.

Para Yves Bonzon, diretor de investimentos do Julius Baer, no pior dos cenários, o S&P 500 poderia recuar às mínimas de dezembro, o que representaria uma queda de aproximadamente 20% no índice amplo de Nova York. De acordo com ele, a economia dos Estados Unidos tornou-se muito sensível a mudanças nos preços das ações e a instituição estima que uma redução de 10% nos preços dos ativos possa diminuir o PIB dos EUA em 0,4% ao longo de um ano.

“As chances de Trump ser reeleito diminuiriam drasticamente se a economia dos EUA entrar em recessão no próximo inverno [do hemisfério norte], independentemente do quão popular seus tuítes sejam no curto prazo", afirma Bonzon, em relatório.

Alguns analistas trabalham com a hipótese de que Trump esteja apenas tentando arrancar mais concessões da China, ainda que isso custe, momentaneamente, alguns pontos nos índices acionários. Segundo análise divulgada pelo Bank of America Merril Lynch, quando houve o último grande movimento de baixa nos índices acionários dos EUA, em dezembro, o Fed tinha uma postura mais favorável ao aperto monetário, o que contribuía para a aversão ao risco. “É possível que Trump tenha acreditado que o Fed, e não as disputas comerciais, tenham sido o verdadeiro problema”, aponta a instituição.

O relatório pontua que os dois componentes foram igualmente importantes para o tombo sofrido pelos índices americanos em dezembro. “Com o Fed adotando uma postura mais acomodatícia, qualquer solavanco no mercado de curto prazo seria agora claramente atribuível à guerra comercial. Com a temporada de campanha eleitoral também se aproximando, outro surto de fraqueza do mercado deve levar a um desfecho das negociações comerciais”, acrescenta o relatório.

 

FOLHA

Cenário ainda é positivo, diz economista-chefe do Bradesco

Só será possível dizer que o ano de 2019 na economia terá sido ruim se a aceleração prevista para os próximos meses não se confirmar, diz o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato.

Após cortar a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do ano de 1,9% para 1,1%, ele defende que o cenário é positivo e que os ruídos políticos são secundários.

O crescimento do PIB de 1,1% não nos leva a mais um ano perdido? 

Quando há uma revisão do primeiro trimestre, isso impacta estatisticamente o PIB. Esperamos crescimento de 0,4% [no segundo trimestre], 0,6% [terceiro] e 0,8% [quarto]. No final do ano, o PIB anualizado está crescendo a 3,5%. Se a gente estiver certo, o sentimento é que as coisas estão caminhando. Terá sido um ano em que o PIB acelerou.

Há uma previsão de que o governo precisará fazer novos cortes de gastos. O quanto afetará o crescimento? 

Os contingenciamentos são fruto de dois fenômenos: baixo crescimento da economia e arrecadação, que tem caído. A segunda coisa é ter pouquíssimo espaço no Orçamento, o que só explicita a urgência da reforma da Previdência.

Mas sem o governo, como a economia vai se recuperar?

O setor privado tem que ser o protagonista, e, para que a equação feche, a taxa de juros tem que cair e a incerteza tem que ser menor. Não é necessário que haja impulso fiscal [do governo].

Os ruídos de comunicação do governo não pioram a incerteza? 

O preponderante é a agenda econômica positiva. Se ela prevalecer, o ruído dos temas políticos são todos secundários. A reforma da Previdência tem ganhado tração, e a gente imagina que vá ser aprovada entre julho e agosto.

Vocês esperam que a Selic termine o ano em 5,75%, e a inflação, em 4%. Não é um juro real muito baixo? 

Será inédito, sem ser causado pela alta de inflação. Se a incerteza aumenta e a inflação está comportada, o BC corta juro.

 

Mobilização dos caminhoneiros deteriora confiança na economia, dizem economistas

A paralisação dos caminhoneiros, que completa um ano neste mês, tirou entre 0,1 e 0,3 ponto percentual do crescimento do Brasil em 2018, quando a economia se expandiu 1,1%.

O movimento foi o primeiro de uma série de choques que tem prolongado o ciclo de expectativas frustradas em relação à retomada do país.

Essa é a leitura que os economistas fazem, hoje, do evento que parou o Brasil por 11 dias, derrubando a produção da indústria e a confiança de empresários e consumidores.

“Os principais efeitos da greve já se dissiparam, mas ela mostrou como seria difícil para o Brasil sair do fundo do poço”, diz Fábio Ramos, economista do UBS.

As sondagens de confiança da FGV (Fundação Getulio Vargas) ilustram bem o diagnóstico dos analistas.

A pesquisa converte em índice o que os agentes econômicos percebem em relação ao presente e esperam do futuro. Números acima de cem denotam otimismo, abaixo indicam pessimismo.

Desde 2014, os resultados da confiança de empresários e consumidores brasileiros apontam um quadro persistente de percepção de conjuntura ruim casada com desânimo em relação ao futuro.

O subíndice de expectativas da confiança empresarial —que consolida as sondagens de diferentes setores econômicos e dos consumidores em relação aos três meses seguintes— rompeu poucas vezes para cima a barreira dos cem pontos nesse período.

Um desses breves momentos foi antes da paralisação dos caminhoneiros. O outro, mais recente e ligeiramente mais longo, ocorreu entre o fim de 2018 e os primeiros meses deste ano.

“A melhora recente resultou da lua de mel com o governo novo, que, pelo que captamos em algumas pesquisas, se deu mesmo entre eleitores que não votaram no [presidente Jair] Bolsonaro”, diz Aloisio Campelo Jr., superintendente de estatísticas públicas do Ibre/FGV.

Segundo ele, após um longo período de crise, houve a percepção de que uma nova administração, eleita com ampla vantagem, conseguiria aprovar medidas positivas para o país.

Um sinal de que o otimismo começava a voltar foi captado por uma pergunta que mede as expectativas de empresários em relação aos seus negócios e das famílias em relação à sua condição financeira em um horizonte mais longo, de seis meses.

Pela primeira vez em mais de quatro anos, esses índices ficaram, a partir de novembro de 2018, por alguns meses consecutivos acima de cem, mas, no mês passado, houve novo recuo para o nível que indica pessimismo.

O temor de especialistas é que a melhoria recente tenha sido mais um soluço positivo temporário e que o quadro de baixa confiança, que desestimula investimentos e consumo, volte a predominar.

Isso ocorreu após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em agosto de 2016.

A mudança de governo criou a esperança da aprovação de reformas que fariam o país retomar o crescimento. Mas reveses sofridos pela gestão Michel Temer (MDB) —como o vazamento de conversa comprometedora com Joesley Batista em maio de 2017— frearam o retorno da confiança.

No Brasil, o foco havia migrado do então paralisado governo Temer para a perspectiva de mudanças positivas após a eleição.

Essa sensação de mudança para melhor não durou muito. Antes da eclosão da paralisação dos caminhoneiros, já havia sinais de que o quadro talvez não fosse tão positivo, na esteira de juros em alta nos EUA e aumento de incertezas em relação às eleições domésticas.

Mas analistas, empresários e consumidores não esperavam a eclosão de uma paralisação longa e intensa como a promovida pelos caminhoneiros, que levou à interrupção do transporte, ao fechamento de lojas e de fábricas.

“A greve teve um impacto forte, embora pontual”, afirma Luka Barbosa, economista do Itaú Unibanco.

O efeito mais nocivo da paralisação foi via o canal da indústria, cuja produção despencou 10,9% em maio de 2018. Embora uma parcela considerável dessas perdas tenha sido recuperada nos meses posteriores, um efeito negativo residual se manteve no balanço geral.

O Itaú Unibanco calcula que esse impacto tenha subtraído entre 0,1 e 0,2 ponto percentual do já fraco crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2018. O UBS tem uma estimativa parecida, entre 0,2 e 0,3 ponto percentual.

Os especialistas ressaltam, porém, que a fraqueza persistente da economia já existia.

“Se houvesse uma tendência de crescimento mais forte de fato, ela teria sido retomada alguns meses depois da paralisação, e não foi isso que ocorreu”, diz Marcelo Gazzano, da consultoria A.C. Pastore & Associados.

O que a greve pode ter criado, segundo Gazzano, é um ponto a mais na lista de riscos que os empresários consideram quando elaboram seus planos de investimentos.

Barbosa menciona que um exemplo dessa maior cautela é o aparente movimento das empresas para aumentar suas frotas próprias. Os caminhoneiros autônomos, por sua vez, parecem estar enfrentando como efeito colateral uma demanda menor.

 

Percepção de mais um ano perdido se espalha entre analistas de mercado

A percepção de que o Brasil terá mais um ano perdido na economia se espalhou entre analistas de mercado, que promovem cortes sucessivos nas previsões de crescimento do PIB de 2019.

Nesta sexta (10), o Bradesco revisou a projeção para 1,1%, corte de 0,8 ponto percentual em apenas um mês.

Se confirmado o número, o PIB (Produto Interno Bruto) terá avançado ao final deste ano à mesma taxa registrada em 2018 e em 2017.

A brusca revisão de expectativas para o ano, feita pelo segundo maior banco do país, já vinha aparecendo: em abril, Santander e Itaú cortaram suas estimativas a 1,3%.

A indicação é que novos cortes continuarão a ser feitos, como reflete o mercado nas estimativas do Boletim Focus do Banco Central. Na semana passada, a previsão de PIB foi reduzida todos os dias.

Na mediana, os economistas ainda projetam avanço de 1,49% ao final de 2019.

Considerando o relatório, o crescimento do PIB será 40% menor que o previsto no começo de janeiro (2,5%), quando o mercado ainda alimentava a euforia com o recém-empossado governo de Jair Bolsonaro (PSL) e sua equipe econômica dos sonhos.

Em 2018, corte da mesma magnitude só ocorreu em junho, um mês depois de a paralisação dos caminhoneiros travar a economia em um momento em que o país sofria também com a turbulência vinda do exterior, pela alta de juros nos Estados Unidos.

Já em 2015, no início do segundo mandato de Dilma Rousseff (PT), a revisão no crescimento foi feita ainda em janeiro. O mercado começou o ano prevendo alta de 0,48%, mas em 21 de janeiro passou a estimar 0,30%.

Naquele ano, a economia brasileira encolheu 3,5%.

“No ano passado, essa correção do otimismo foi ao longo dos meses. Neste ano ela foi feita em maio e nem saiu o PIB [do primeiro trimestre]”, diz Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria.

O PIB do primeiro trimestre será divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no fim do mês, e, baseado nos dados econômicos conhecidos, como produção industrial e vendas no varejo do período, a projeção é que ele tenha caído 0,2%.

O tombo do primeiro trimestre é especialmente frustrante porque mostra uma reversão de expectativas muito rápida. Os indicadores de confiança, que vinham em alta até janeiro, recuaram para níveis pré-eleitorais, e a avaliação do presidente foi posta em xeque rapidamente.

Há ainda o cenário da reforma da Previdência no radar, considerada essencial para o equilíbrio das contas públicas e também para ampliar o horizonte de planejamento dos empresários.

“Se a reforma da Previdência tivesse sido aprovada já em abril, ou mais cedo, logo depois da eleição, sem dúvida a gente estaria em cenário mais benigno”, afirma Luka Barbosa, economista do Itaú Unibanco.

Para ele, um dos problemas da economia atual é a taxa de juros em um patamar insuficiente para estimular a economia.

A Selic está na mínima histórica de 6,50% e, em reunião nesta semana, o Banco Central disse precisar de mais tempo para avaliar a economia ao mesmo tempo em que voltou a atrelar a queda de juros à Previdência.

A expectativa de Itaú e Bradesco é que a taxa básica de juros termine o ano em 5,75%, com reduções a partir de setembro.

Para Evandro Buccini, da Rio Bravo Investimentos, o problema é menos o juro básico e mais o custo do crédito, ainda caro para pequenas e médias empresas.

“Deve ser mais um ano fraco, e, para o nível de ociosidade que o Brasil ainda tem, a gente está indo para mais um ano perdido. Qualquer crescimento abaixo de 2% é ruim”, afirma Buccini.

 

ESTADÃO

Com economia fraca, economistas preveem mais um ano de estagnação

A crise na Argentina, o corte na produção industrial mineral decorrente da tragédia de Brumadinho (MG) e um governo sem coordenação política, reduzindo a confiança do empresariado e do consumidor, têm levado especialistas a preverem mais um ano perdido na economia – o terceiro depois da recessão em que o Produto Interno Bruto (PIB) não deve crescer muito mais que 1%.

Apesar de a impressão geral dos economistas ser de uma economia estagnada em um patamar muito baixo, há quem já fale em “cheiro de recessão”, como a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, ou em “possível recessão técnica”, como o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale.

Para Zeina, os sinais mais preocupantes vêm da indústria, cuja produção recuou 2,2% no primeiro trimestre deste ano. “A indústria geralmente é o abre-alas da crise. Em 2011, já dava sinais da recessão que estava por vir (em 2015 e 2016). Se ela estiver estagnada mesmo, vai puxar o setor de serviços, que é muito dependente dela”, diz a economista, que não descarta a possibilidade de o PIB de 2019 ser inferior ao 1,1% registrado em 2018.

O setor industrial, sobretudo o segmento automotivo, tem tido impactos negativos da crise na Argentina, que reduziu as importações totais do Brasil em 46,5% no acumulado dos quatro primeiros meses do ano. O segmento da mineração é outro que tem sofrido e acumula queda de 7,5% no ano até março.

Zeina destaca que há também uma substituição de produtos industriais nacionais por importados, apesar de o dólar ter subido. “Isso mostra que há algum problema estrutural grave, de competitividade”, diz.

A crise, porém, já começa a ir além da indústria. Na última semana, dados do IBGE apontaram que o varejo está desacelerando. De fevereiro para março, o setor cresceu apenas 0,3% e decepcionou analistas. “O consumidor está novamente preocupado com a possibilidade de perder o emprego, o que trava o consumo”, diz Vale, da Tendências.

O economista afirma que estagnação é o melhor modo de definir a atual situação econômica brasileira. Ele lembra, no entanto, que pode haver uma recessão técnica (dois trimestres consecutivos de queda no PIB) no País se o crescimento do quarto trimestre do ano passado for revisto para baixo.

Entre outubro e dezembro, o PIB avançou 0,1%, mas é comum que o IBGE reveja os dados para apresentar uma radiografia mais precisa da realidade. Para o primeiro trimestre deste ano, bancos como Itaú e Bradesco já projetam retração do PIB.

Segundo Vale, o elemento que agrava a situação é a instabilidade política, com o próprio governo gerando constantemente novas crises e reduzindo as expectativas do investidor.

A tensão dos agentes econômicos tem aparecido nos indicadores de confiança do Ibre/FGV. O de incerteza econômica atingiu 117 pontos em abril, o mais alto desde as eleições.

Ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore diz que a economia anda de lado e que é preciso criar confiança – através de reformas – para que ela volte a crescer. “O momento é muito ruim. O desempenho, desanimador. A economia está parada em um ponto bem baixo e sem expectativa de crescer.” Segundo ele, a probabilidade de o País repetir o PIB tímido dos últimos dois anos é alta, o que resultaria num aumento do PIB per capita de apenas 0,3%.

 

 ‘As pessoas já entenderam que sistema está quebrado’, diz economista do Itaú

Para o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, existem evidências de que o brasileiro está aberto à discussão das mudanças do sistema de Previdência. Segundo ele, com a redução das garantias estatais, deve haver um aumento da predisposição dos cidadãos a pouparem por conta própria.

O brasileiro ainda tem de aprender a poupar?

Há evidências de países asiáticos, e até mesmo o Brasil, de que a baixa renda também consegue poupar com planejamento. Acho que a gente passou por um período de democratização do crédito. E é natural que, nesse cenário, haja um predomínio do consumo presente em relação ao consumo futuro. Mas acredito que já houve um amadurecimento do consumidor brasileiro. Tanto que, mesmo com a taxa de juros no patamar atual (6,5% ao ano, o mais baixo da história), não está se vendo um “boom” de tomada de recursos no Brasil.

Se a política pública mudar, a disposição da população em poupar deve mudar?

Sim. Quanto mais a renda futura é garantida pelo Estado, menor o incentivo individual para poupar. O que as crises fiscais em nível estadual mostraram é que a garantia do Estado não é mais absoluta. O regime de benefício definido que a gente tem hoje só se materializa se a entidade mantenedora é solvente. Por enquanto, o governo tem resolvido essa questão com dívida, vendendo títulos a investidores. Mas isso tem limite. Se não tiver mais condições de tomar dívida para pagar aposentadorias, vai ter de fazer isso com inflação, imprimindo moeda.

O debate sobre Previdência no País está mais maduro?

O grau de conscientização da população sobre Previdência está aumentando muito. As pessoas têm a compreensão de que o sistema atual está quebrado e que não se sustenta no tempo. É claro que é mais fácil falar em termos difusos. Na hora de medir impactos, da discussão no Congresso, o apoio tende a cair.

 

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