Sexta-feira

TRIBUNA DO NORTE

RN perde 37 mil postos de trabalho no 1º trimestre

O Rio Grande do Norte perdeu, de janeiro a março deste ano, 37 mil postos de trabalho formal no setor privado. O dado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD C Trimestral), é comparado com o primeiro trimestre de 2018. No Estado, a taxa de desocupação saiu de 13,4% (no quarto trimestre de 2018) para 13,8% (no primeiro trimestre de 2019). Em números absolutos, o número de desocupado saltou dos 205 mil para 209 mil no período.

Conforme o IBGE, a diferença da taxa de desocupação relativa ao trimestre anterior foi de 0,4%, “uma variação pequena, que aponta para a estabilidade da taxa”. Em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, apresentou diferença de -1,1%, semelhantemente considerável quando comparada ao mesmo período de 2018. O nível de ocupação, percentual de pessoas ocupadas em relação às pessoas em idade de trabalhar (aquelas com 14 anos ou mais na data de referência), foi de 46,1%.

Isso significa que, do total de 2,820 milhões de pessoas em idade de trabalhar, 1,300 milhão estavam ocupadas. Houve estabilidade frente ao trimestre anterior, 46,7%, assim como em relação ao mesmo trimestre de 2018: 45,4%.

No trimestre de janeiro a março de 2019 havia 1.276 mil pessoas ocupadas no Rio Grande do Norte. Desse total, 321 mil atuavam como conta própria, dos quais apenas 56 mil (17,44%) eram registrados no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica. Os empregadores, por sua vez, eram 42 mil. Desses, 28 mil (66,66%) tinham CNPJ.

Os empregados do setor privado (exceto trabalhadores domésticos) eram 544 mil. Porém, somente 342 mil tinham carteira de trabalho assinada, os demais 202 mil empregados no setor privado atuavam na informalidade. Os trabalhadores domésticos, especificamente, eram 81 mil; 14 mil com carteira assinada, e 67 mil sem carteira. O número estimado de pessoal empregado no setor público (entre militares, funcionários públicos estatutários e demais) foi de 225 mil.

Números nacionais

No Brasil, a taxa de desocupação no 1º trimestre de 2019 foi de 12,7%, 1,1 ponto percentual acima do trimestre anterior (11,6%) e 0,4 p.p ponto percentual abaixo do 1º trimestre de 2018 (13,1%). As maiores taxas foram observadas no Amapá (20,2%), Bahia (18,3%) e Acre (18,0%), e a menores, em Santa Catarina (7,2%), Rio Grande do Sul (8,0%) e Paraná e Rondônia (ambos com 8,9%).

Considerando-se as variações estatisticamente significativas, em 14 das 27 unidades da federação, a taxa cresceu em relação ao trimestre anterior. Nas demais UFs, houve estabilidade. As maiores variações foram no Acre (4,9 pontos percentuais), Goiás (2,5 p.p) e Mato Grosso do Sul (2,5 p.p).

Houve aumento desse indicador em todas as grandes regiões: Norte (de 11,7% para 13,1%), Nordeste (de 14,3% para 15,3%), Sudeste (de 12,1% para 13,2%), Sul (de 7,3% para 8,1%) e Centro-Oeste (de 8,5% para 10,8%). A região Nordeste permaneceu registrando a maior taxa de desocupação entre todas as regiões. Na comparação anual a taxa recuou no Nordeste (de 15,9% para 15,3%) e Sudeste (de 13,8% para 13,2%).

 

VALOR

Ibovespa vai ao pior nível do ano com queda da Vale e cautela local

Um mercado que já começou o dia mal humorado, diante da difícil situação política e macroeconômica do Brasil, encontrou na Vale o argumento que faltava para forçar um ajuste mais forte do Ibovespa e colocálo no patamar mais baixo de 2019. O índice terminou o pregão regular em queda de 1,75%, aos 90.024 pontos. É o menor nível desde 28 de dezembro, último pregão do ano passado, quando estava em 87.887 pontos. Na mínima, o Ibovespa chegou a tocar os 89.778 pontos.

O giro financeiro foi bastante forte, de R$ 14,1 bilhões, acima da média diária do ano. Com as perdas recentes, o Ibovespa já caminha para ter o pior desempenho semanal desde a semana fechada 22 de março, quando a aversão ao risco no exterior e o ambiente político doméstico fizeram o índice acumular queda de 5,45%. Em maio, a baixa do Ibovespa já é de 6,57%. No ano, o índice só avança 2,43%.

O Ibovespa já tinha uma tendência negativa desde o começo do dia, pressionado pela cautela dos investidores com o Brasil. A avaliação é de que a situação não é boa em termos de comunicação do governo e construção de apoio pela aprovação da reforma da Previdência, ainda sem avanço na Câmara.

Somada a isso está a frustração com a situação macroeconômica do país, com indicadores ainda fracos e sucessivas revisões de expectativas para a expansão do PIB. Hoje foi a fez do Bank of America Merrill Lynch (BofA) cortar pela metade a previsão de crescimento do PIB, de 2,4% para 1,2%. Todo esse ambiente vem forçando uma correção de ações ligadas ao ambiente doméstico, caso de bancos, varejistas e estatais.

Hoje, Bradesco ON cedeu 1,81%, Bradesco PN caiu 1,17% e Itaú Unibanco PN perdeu 1,29%; o estatal Banco do Brasil teve baixa forte de 3,12%. No setor de commodities, a Petrobras ON teve queda de 1,91%, enquanto a PN da estatal encerrou com recuo de 2,36%. O que piorou o desempenho do Ibovespa ao longo da tarde foi a Vale.

A ação da mineradora vinha subindo pela tentativa de recomposição de preços, dado o alto nível de “desconto” do papel desde o rompimento da barragem da empresa em Brumadinho, também em Minas Gerais. Após a divulgação do balanço da empresa, em 9 de maio, os investidores estavam mais confiantes com as ações, dado que se sabia, então, qual o tamanho das provisões feitas pela empresa para lidar com os efeitos da tragédia. A alta do preço do minério de ferro, já próximo de US$ 100 a tonelada, e do dólar, já cotado acima dos R$ 4, também davam amparo ao desempenho.

Mas a notícia sobre a o risco de rompimento de outra barragem da Vale em Minas Gerais, conforme o Ministério Público mineiro (MPMG), assustou o investidor e provocou forte reação nas ações. O MPMG expediu uma recomendação à empresa para que ela adote imediatamente uma série de medidas para deixar claro à população de Barão de Cocais os riscos a que ela está sujeita, em eventual ruptura da barragem sul superior da mina de Gongo Soco.

A Vale confirmou a movimentação do talude (degrau feito para evitar avalanche de terra) da mina. O susto provocado pela informação provocou uma reação negativa em cadeia sobre as ações da empresa, que encerraram o dia em baixa de 3,23% — uma relativa melhora em relação ao momento mais agudo de aversão, quando caiu 4,44%, mas um desempenho muito ruim considerando a máxima de preço, quando a ON chegou a avançar 2,04%. O giro dos papéis disparou e atingiu R$ 2,3 bilhões hoje — ante pouco mais de R$ 800 milhões negociados ontem.

Apesar de abrupto, o movimento é classificado por gestores como um pânico momentâneo, que não muda o fundamento da Vale. É possível até mesmo que a ON da mineradora tenha uma recuperação no curto prazo, após passada a primeira onda de vendas. “Não há risco de perda de vidas. Caso haja rompimento, os taludes caem dentro da mina, sem grande impacto ambiental. Não há rejeitos e nem impacto sobre a produção”, afirma Luiz Fernando Alves Jr., gestor e sóciofundador da gestora de ativos Versa.

“O único risco é o rompimento atingir uma barragem inativa da companhia a 1,5 quilômetros de distância.” Com a alta do minério de ferro na cena externa, a CSN ON (4,61%) surfou o desempenho e ficou entre os maiores ganhos do dia, ao lado da Marfrig ON (7,87%), que reagiu à divulgação do balanço trimestral da empresa. A companhia projeta gerar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão em caixa livre este ano, uma expressiva melhora em relação à queima de caixa de R$ 1,4 bilhão no primeiro trimestre.

 

Incerteza sobre reforma atrasa crescimento, diz Fitch

As incertezas sobre a capacidade de o governo aprovar as reformas, em especial a da Previdência, têm pesado sobre o cenário de retomada do crescimento, disse Shelly Shetty, chefe de ratings soberanos para América Latina da Fitch Ratings, em evento em São Paulo. "O Brasil está experimentando uma recuperação econômica morna e esperamos que o crescimento permaneça abaixo de 2% em 2019 e em torno de 2,5% em 2020", destacou a analista.

A Fitch avalia como muito lenta a expansão da atividade do país. "O crescimento do Brasil não está se fortalecendo e enfraqueceu comparado a outros pares na América Latina." Segundo Shelly, o país enfrenta riscos de curto prazo relacionados ao ambiente político. "Há um risco de desapontamento com a agenda de reformas", afirma.

Existem ainda fatores relacionados ao exterior, que podem influenciar negativamente o ambiente econômico. Ela cita, além da volatilidade do preço das commodities, o perigo de uma desaceleração mais forte do que a esperada da economia chinesa. Outro fator de preocupação é a eleição na Argentina. "As eleições no país estão muito incertas", avalia. O vizinho brasileiro enfrenta hoje uma escalada da inflação, uma grande volatilidade cambial e uma elevação das tendências populistas, o que afeta a confiança do mercado.

No Brasil, Shelly considera ainda que o grande desafio do governo é assegurar a consolidação e estabilidade fiscal, processo que vai além da Previdência. "O alto déficit geral continua a subir e a dívida geral do governo deve alcançar 80% do PIB neste ano", diz. "Nesse cenário, outras medidas vão ser necessárias para colocar o fiscal no rumo certo." Sobre a reforma da Previdência, a chefe de ratings soberanos para América Latina da Fitch vê "as discussões mais maduras", porém, "atrasos serão prováveis". Existe ainda o risco de uma diluição da economia prevista pelo atual projeto.

"A fragmentação do Congresso e as investigações de corrupção podem diluir e atrasar a agenda de reformas." Para a perspectiva se tornar mais positiva do ponto de vista do rating do Brasil, Shelly ressalta a importância de haver uma melhora do ambiente político, "que facilite as iniciativas do governo de levar adiante a agenda de reformas e, no médio prazo, ajude a endereçar a sustentabilidade da dívida pública". A analista também aponta como condição a necessidade de se resolver a "inércia relacionada às reformas", o que tem impactado negativamente a melhora do ritmo de crescimento.

 

FOLHA

Para investidores em NY, brasileiros estavam muito otimistas com governo

Investidores e analistas estrangeiros afirmam que o mercado brasileiro apostou alto demais na velocidade dos resultados do governo Jair Bolsonaro (PSL).

Impasses entre Executivo e Congresso em torno da reforma da Previdência, a mobilização na quarta-feira (15) contra os cortes na educação, a demora na retomada do crescimento e o desempregocrescente preocupam analistas e investidores —entre eles, investidores americanos que compareceram ao evento de dois dias do Itaú em Nova York.

Presentes à LatAm CEO Conference, encerrada nesta quinta-feira (16), que busca aproximar estrangeiros a empresas do Brasil, eles relataram que a empolgação aos poucos está começando a baixar.

Um analista de um grande fundo de investimento americano, que preferiu não se identificar, disse que os executivos brasileiros têm agora se mostrado mais preocupados e menos otimistas do que em relação ao início do mandato de Bolsonaro.

Segundo ele, porém, os brasileiros ainda não estão prontos para admitir que a economia regrediu.

Outro investidor, que também preferiu o anonimato, disse que já previa que a aprovação da reforma da Previdência iria demorar, mas acredita que vai prejudicar muito mais a economia se as novas regras ficarem para depois de setembro. Ele afirmou considerar os investidores locais mais voláteis.

Para Marcos Casarin, economista-chefe para América Latina da Oxford Economics, o estrangeiro não entrou na onda de otimismo com a eleição de Bolsonaro. Logo, a decepção foi maior para os brasileiros.

Da Cidade do México, Casarin disse que os estrangeiros, no entanto, não esperavam uma queda da atividade no Brasil. "Eu mesmo me surpreendi e minimizei o spillover [efeitos] da Argentina. As importações de manufaturados da Argentina diminuíram muito", diz.

Axel Christensen, chefe de investimento estratégico da América Latina do BlackRock, disse à Folha que os investidores vêm olhando com cautela não só o Brasil, mas a América Latina após eleições recentes.

A empresa participou do evento do Itaú. Baseado no escritório de Miami, ele, porém, não compareceu.

Christensen afirmou que a queda da atividade econômica do Brasil é uma preocupação. Esperava-se do país, segundo ele, uma recuperação mais robusta, uma vez que havia se encerrado uma recessão severa.

Ele espera que o receio seja temporário. “No fim do dia, as pessoas precisam fazer negócio e vão começar a investir de novo”, disse. “Quando a comunidade financeira se adaptar à nova situação, os investimentos que estão paralisados devem voltar.”

Christensen estacou atenção ao cenário internacional, com desaceleração após a crise de 2008 na China e em toda a América Latina. O Brasil, apesar desse contexto, disse ele, tem frustrado as expectativas.

Ao olhar para dentro do país, o cenário também é preocupante. O chefe de investimentos do BlackRock questiona como o governo vai ser capaz de pressionar o Congresso a aprovar sua agenda de reformas.

"Os investidores veem como um risco para o avanço da economia os problemas pessoais de Bolsonaro e as manifestações", disse, ao comentar as suspeitas contra o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e as milhares de pessoas que foram às ruas contra os cortes no Ministério da Educação.

 

Incerteza econômica adia investimentos no país, diz presidente do BC

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (16) que o Brasil ainda não conseguiu se livrar das incertezas econômicas, o que explica o adiamento das decisões de investimento no país.

As declarações foram feitas em audiência na comissão mista do Orçamento, no Congresso Nacional.

Segundo ele, após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL), houve um princípio de otimismo com a economia, mas, a seguir, os agentes do mercado entenderam que o país não tinha uma trajetória fiscal compatível. “Não existe país com inflação baixa e juros baixos e inflação ancorada com fiscal ruim”, disse.

“Viemos de um mundo de grandes incertezas no passado, mas não conseguimos nos livrar das incertezas. As incertezas continuam no ar. E acho que isso explica um pouco esse adiamento da decisão de investir”, disse.

“Acho que, quanto mais nós formos capazes de sinalizar aos investidores que estamos falando sério sobre a disciplina fiscal e que vamos resolver esse problema, mais rápido eles sentem confiança para investir.”

Na avaliação de Campos Neto, isso vai acontecer quando o governo conseguir aprovar e implementar as reformas fiscais, como a da Previdência, tributária e outras que melhorem o ambiente de negócios para poder investir.

“Frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória de inflação num horizonte relevante para a política monetária”, disse.

Ao ser questionado pelo deputado federal Alexis Fonteyne (Novo/SP) sobre argumentos da oposição de que usar as reservas internacionais para pagar a Previdência acabaria com o déficit, Campos Neto afirmou que isso seria "uma forma rápida e ligeira de perder a credibilidade de forma acelerada e de colocar o país numa espiral de piora."

"O que não podemos fazer é tomar a solução de saída fácil. Nós tivemos várias experiências no passado, onde ou se privilegiou ter um crescimento excessivamente baseado no fiscal, no engordamento da máquina pública, que gerou uma alocação de recursos ineficiente e problemas que estamos vendo aí, com inúmeras empresas com dificuldade de pagar dívida, corrupção, Lava Jato", complementou. Campos Neto afirmou que não há mais espaço para usar essa ferramenta.

Campos Neto também comentou a possibilidade de ser criado um comitê de política cambial, semelhante ao Copom. Para ele, como o país adota um regime cambial flutuante, não faria sentido ter uma decisão colegiada sobre o câmbio.

"Nós não temos meta de câmbio, por isso que não temos um comitê de cambio. Não usamos política cambial para fazer política monetária", disse.

O presidente do BC reconheceu ter ficado decepcionado com o crescimento econômico do primeiro trimestre, embora acredite em uma retomada. O recuo nos três primeiros meses já foi sinalizado na ata da última reunião do Copom (comitê de política monetária do BC), que manteve os juros em 6,5% ao ano.

Na quarta-feira (15), o indicador de atividade econômica do Banco Central recuou 0,68% nos três primeiros meses do ano, o que levou analistas a revisarem as projeções de crescimento econômico para este ano.

Na comissão, Campos Neto voltou a defender o projeto de autonomia do Banco Central. Para ele, se aprovada no Congresso, a medida reduziria as incertezas econômicas e poderia ajudar a reduzir os juros no país.

 

ESTADÃO

Por que o PIB está tão devagar?

Com as projeções de crescimento em 2019 convergindo para 1% (já há previsões até abaixo disto), a frustração com a retomada após a recessão de 2014-2016 torna-se tão forte que fica difícil ficar só na explicação da falta de confiança pela incerteza em relação à reforma da Previdência. Afinal, será o terceiro ano consecutivo ao ritmo de tartaruga de 1%.

Explicar uma frustração desse tamanho exige naturalmente se examinar um conjunto de fatores, alguns mais batidos e reconhecidos, outros menos óbvios.

Além dos já muito comentados choques de oferta de 2018 (greve dos caminhoneiros, estresse eleitoral, crise argentina afetando exportações) há, para início de conversa, o fator confiança mesmo, que não deve ser descartado, ainda que não possa ser visto como causa única.

Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, nota que a economia brasileira há três ou quatro anos vêm passando por uma série de situações binárias em termos de confiança: impeachment ou não de Dilma, aprovação ou não da reforma da Previdência de Temer, eleição de um presidente com plataforma econômica liberal ou populista, aprovação ou não da reforma da Previdência de Bolsonaro.

Do ponto de vista da percepção do mercado e dos investidores (acertada ou não) em cada um desses momentos, fica-se entre um cenário desastroso e outro não desastroso. Esse tipo de insegurança extrema, naturalmente, inibe investimentos.

Mas não dá para parar por aí. Ainda que necessário, o ajuste fiscal retira demanda da economia. O crescimento real do gasto público federal, que vinha num ritmo de quase 6% ao ano nas últimas décadas, caiu para praticamente zero nos últimos três anos. A crise que se alastra pelas finanças estaduais só piora esse quadro.

Outro fator frequentemente mencionado é a característica da recessão de 2014-2016 de ter ocorrido depois de um ciclo forte de endividamento de famílias e empresas. Os impactos desse tipo de “ciclo financeiro” sobre a atividade econômica costumam ser mais prolongados do que os do “ciclo de negócios” tradicional.

Um grande debate adicional é sobre o nível da taxa de juros real. Para um grupo expressivo de economistas, a chamada taxa de juro real neutro brasileira pode ter caído mais do que a avaliação convencional, por uma série de fatores (alguns até internacionais ou comuns a várias economias emergentes). Neste caso, a atual Selic de 6,5%, na sua baixa recorde, pode estar sendo menos estimulativa do que tem julgado o Banco Central.

Um freio na economia já mencionado há bastante tempo, mas que Kawall crê que possa ser bem mais forte que o usualmente suposto, é o impacto pelo lado da oferta da Lava-Jato na construção civil.

Ele observa que a construção está caindo pelo quinto ano consecutivo, acumulando uma queda de 30% em relação a 2014. Parte disso tem a ver com a construção residencial e comercial, afetada pelo recuo da demanda e do crédito. Uma outra parcela, entretanto, tem a ver com projetos paralisados ou se arrastando por questões jurídicas, e não por falta de recursos, em setores como aeroportos, metrô, rodovias, petróleo e gás etc.

Finalmente, um fator novo que pode explicar a lentidão da retomada, e que começa a ser pesquisado por Kawall e outros economistas, é o aumento da poupança doméstica brasileira pós-crise, especialmente das famílias. Um fenômeno semelhante ocorreu nos Estados Unidos pós crise de 2007-2009.

A razão é que estouros de bolhas de endividamento tendem a criar um efeito “gato escaldado” em famílias e empresas. Adicionalmente, no Brasil a recessão também colocou em xeque o modelo de expansão acelerada das transferências previdenciária e sociais pelo setor público, com a perspectiva de reforma da Previdência e de endurecimento das benesses em geral. Os cidadãos reagem percebendo que terão que poupar mais para a velhice e para as adversidades imprevisíveis da vida.

Kawall alerta que essa é uma hipótese que apenas começa a ser avaliada, e para teste da qual há certa carência de dados disponíveis.

Se essa visão estiver correta, entretanto, as implicações são interessantes, e não necessariamente negativas em sua totalidade. Num primeiro momento, o aumento de poupança, por se dar em detrimento do consumo, freia a economia, especialmente porque a incerteza impede que o investimento preencha a lacuna.

No médio e longo prazo, entretanto, uma taxa maior de poupança doméstica pode sustentar um modelo de crescimento mais baseado no investimento do que no consumo, e menos dependente da poupança externa. A experiência internacional, e especialmente asiática, sugere que esse tipo de modelo de crescimento é mais sustentável para economias emergentes.

 

 

 

 

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