Segunda-feira

VALOR

Mercado reduz para 7,25% projeção para taxa de juros em 2020

A mediana das estimativas para a taxa básica de juros no fim de 2020 caiu de 7,50% para 7,25% entre os economistas do mercado, segundo a pesquisa semanal Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira, baseada em projeções de economistas do mercado coletadas até o fim da semana passada. Entre os economistas que mais acertam as previsões, os chamados Top 5, de médio prazo, o ponto-médio para a Selic no fim de 2020 também caiu, de 7,21% para 7,00%.

 Para 2019, as estimativas permaneceram em 6,50% nos dois grupos. O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 6,5% ao ano pela nona reunião seguida, em 8 de maio, em linha com o esperado pelo mercado. A autoridade monetária descartou a possibilidade de um corte de juros no futuro próximo, ao reiterar que precisa de tempo para avaliar a economia brasileira.

O colegiado salientou pela primeira vez que o arrefecimento da atividade observado no fim do ano passado no país teve continuidade no início de 2019. Mas afirmou que seu cenário básico contempla a retomada do processo de recuperação econômica gradual. Dólar Por outro lado, a mediana das estimativas para o dólar no fim de 2019 voltou a subir. As projeções saíram de R$ 3,75 para R$ 3,80.

Para 2020, o ponto-médio das expectativas permaneceu em R$ 3,80. Entre os economistas que mais acertam as previsões, os chamados Top 5, de médio prazo, a mediana das projeções foi mantida em R$ 3,80 para 2019 e R$ 3,90 para 2020.

 

Incertezas para os juros vão além da Previdência

Uma boa parte do mercado financeiro acredita que a reforma da Previdência vai determinar o rumo da política monetária. Para muitos, com o bom encaminhamento do projeto, o Banco Central poderá finalmente cortar os juros para estimular a fraca economia. Sem ignorar a importância da reforma, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC nunca vinculou os passos da política monetária a eventos específicos do calendário político. O que importa é algo mais subjetivo: como a inflação será afetada pelas expectativas dos mercados sobre o encaminhamento das reformas necessárias à solvência fiscal.

O que interessa saber, portanto, é se os mercados estarão seguros de que os desequilíbrios fiscais estão sendo de fato equacionados, uma vez aprovado o projeto de reforma da Previdência. E como isso afeta atividade e inflação A reforma da Previdência é uma condição necessária, mas não suficiente, para o equilíbrio fiscal. Foi o que reconheceu, na semana passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em evento do banco BTG Pactual em Nova York.

Mesmo com o ajuste no sistema de aposentadorias e pensões, o cumprimento do teto constitucional de gasto público não está garantido, e o país poderá caminhar em direção ao que chamou de "colapso social".

Maia esclareceu, em entrevista ao Valor, que não estava pregando um afrouxamento do teto de gastos, mas enfatizando que a agenda de reforma fiscal terá que ter continuidade depois da aprovação da reforma da Previdência. Ele citou a desvinculação de gastos obrigatórios do Orçamento e uma reforma administrativa para reinar sobre as despesas com o funcionalismo.

A Instituição Fiscal independente (IFI), que em pouco tempo se firmou como uma fonte confiável de dados e análises técnicas na área, divulgou na semana passada as suas primeiras projeções para a evolução das contas fiscais já levando em conta a economia nos gastos prevista com a aprovação da reforma da Previdência.

A conclusão: será preciso ir além para garantir a solvência do setor público. A IFI calcula que, para recuperar a sustentabilidade da dívida bruta, que chegou a 78,4% do Produto Interno Bruto (PIB), será preciso um superávit primário de 1,7% do PIB. O ajuste fiscal necessário, portanto, é de 3,3 pontos percentuais do PIB, considerando que hoje temos um déficit primário de 1,6% do PIB.

Pelas projeções do IFI, o déficit primários seria zerado apenas entre 2025 e 2026 e, nos anos seguintes, a divida bruta se estabilizaria e começaria a cair. Esse é cenário-base da IFI, que considera que o governo vai ter uma boa dose de sucesso na aprovação da reforma da Previdência, mantendo 80% da economia do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e 100% dos ganhos no abono salarial.

Embora a IFI ainda não tenha concluído uma estimativa para a economia da reforma no setor público, pode-se afirmar que o cenáriobase é consistente com o governo manter uma economia de R$ 1 trilhão do R$ 1,23 trilhão da proposta original. A projeção-base da IFI é, portanto, um tanto otimista, inclusive porque projeta reajustes do salário mínimo apenas pela inflação.

 Mas, mesmo assim, são grandes as chances de estouro do teto de gastos em 2022. O equilíbrio fiscal só é conquistado, nesses exercícios, devido ao gatilho de medidas que deve ser acionado quando estoura o teto, que inclui a suspensão de reajustes de servidores e de novas contratações. É uma solução traumática, por isso a própria IFI chama a atenção no relatório para a necessidade de novos ajustes.

Como órgão técnico, a IFI não faz considerações sobre as melhores alternativas, mas coloca o cardápio, citando a desvinculação de gastos, aumento de impostos e medidas de aumento de produtividade. "A aprovação da reforma da Previdência é fundamental porque, ao sair do caminho, abre a discussão do que mais fazer para o equilíbrio fiscal", afirma o diretor-executivo da IFI, Felipe Salto, ao Valor.

A aprovação da reforma da Previdência poderá aumentar a confiança dos mercados no equacionamento fiscal. Ajuda muito o fato de Rodrigo Maia declarar que pretende liderar essa agenda de reformas complementares, já que no governo reina o caos político. Mas os humores do mercado serão determinados pelas reais chances de aprovação da nova rodada de reformas.

Christopher Garman, diretor-gerente para as Américas da Eurasia Group, aumentou na sexta-feira de 70% para 80% as chances de aprovação da reforma da Previdência, mas tem muitas dúvidas sobre a capacidade de Maia mobilizar a base para ir além no ajuste das contas públicas. "O Maia está se mostrando um protagonista, mas estou cético de que possa ser um 'driver' do ajuste fiscal", disse ao Valor.

"É bem mais difícil politicamente tirar recursos de alguns setores na desvinculação orçamentária, não é uma agenda que ele terá muito respaldo." Garman, que nas eleições cunhou a expressão quase-reformista para designar um governo Bolsonaro, pela vontade de fazer reformas, mas baixo poder de mobilização no Congresso, considera provável a aprovação do projeto de independência do Banco Central.

Mas, ao mesmo tempo, prevê que Maia deverá negociar compensações para Estados e municípios em dificuldades que tenderiam a desagradar a equipe econômica. Um eventual prolongamento das incertezas poderá ter repercussões desfavoráveis para a economia. Em apresentação na Câmara dos Deputados, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, apresentou um gráfico com evolução dos índices de confiança empresarial e de investimento que ilustra muito bem o dilema diante do Copom.

Em geral, esses dois indicadores andam juntos - quando a confiança sobe, os investimentos acompanham o movimento, em seguida. Desde fins do ano passado, depois que se dissiparam os piores temores dos mercados em relação às eleições, os níveis de confiança começaram a subir.

Os investimentos, porém, não reagiram. Há uma rara divergência entre níveis de confiança e investimentos, que não tende a perdurar. Ou os investimentos sobem - este é o cenário central do BC - ou a confiança volta a desabar.

 

Inflação vai perder força em 2020 com atualização da POF, prevê economista

Há quase dez anos sem ter sua estrutura de pesos e componentes atualizada, a inflação brasileira pode estar superestimada, por ser calculada a partir de ponderações que não refletem mais de forma tão acurada os hábitos de consumo. Segundo estimativas de Bráulio Borges, economista-sênior da LCA Consultores, a incorporação da nova Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), a ser divulgada em julho, tende a reduzir a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Para Borges, que também é pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), o impacto negativo no índice deve ficar entre 0,2 e 0,4 ponto percentual, efeito a ser concentrado em 2020, uma vez que os novos pesos serão considerados pelo IBGE a partir de janeiro. A visão de que a troca da POF deve diminuir o IPCA não é consenso entre economistas, que concordam, porém, com a necessidade de atualizações mais frequentes no levantamento, que orienta pesos de bens e serviços no indicador oficial de inflação.

O IBGE vai incorporar a cesta de consumo apontada pela POF de 2017/2018 ao IPCA em janeiro do ano que vem. A última mudança de pesos de grupos e subitens, feita com base na edição de 2008/2009, ocorreu em 2012. Devido à restrição orçamentária enfrentada pelo órgão, a pesquisa, que é a mais custosa do IBGE, não foi a campo por dez anos, o dobro do prazo recomendado por organismos internacionais. Quanto maior o intervalo entre as reponderações do IPCA, maior tende a ser o viés de alta na inflação gerado pela falta de atualização, aponta o economista da LCA.

Boa parte da superestimação inflacionária é causada por um comportamento que já foi objeto de diversos estudos econômicos: quando o preço de algum produto sobe muito, a tendência é que os consumidores o substitua por similares. Por partir de uma cesta de consumo fixa, o IBGE desconsidera o chamado "efeito substituição", ao assumir que as pessoas continuam comprando as mesmas quantidades de determinado produto, mesmo após alterações severas de preços relativos.

A metodologia de cálculo de índices de preços - que, no caso do IPCA, é uma média ponderada de 384 itens - é totalmente correta, diz Borges, mas acaba superestimando a inflação agregada ao longo do tempo, ao atribuir pesos mais elevados a produtos que, na verdade, perderam participação no orçamento familiar.

O pesquisador lembra, ainda, que a nova pesquisa será conhecida em um contexto diferente do da anterior, quando, devido ao aumento de renda e ao baixo nível de desemprego, itens como automóvel, geladeira e serviços pessoais ganharam relevância no IPCA. "A economia estava crescendo. Agora, a POF vai sair após um momento de quase depressão, que provavelmente provocou uma piora no mix de consumo das famílias", disse.

"O problema é que, sem POFs mais frequentes, esse 'downgrade' pode ser carregado para frente." A demora em atualizar os pesos do IPCA também pode acabar elevando a inflação mensurada ao não incluir na coleta produtos lançados entre a vigência de uma POF e outra, acrescenta Borges, principalmente aqueles que passam constantemente por inovações tecnológicas, como eletroeletrônicos.

Integrante do conselho consultivo do IPCA e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ), Luiz Roberto Cunha pondera que, devido ao período mais longo que o normal entre a divulgação da antiga POF e da previsão de publicação da nova pesquisa, é mais difícil agora antecipar qual será o impacto dos novos pesos sobre a inflação. Em tese, a tendência é que aprimorações tecnológicas e o "efeitosubstituição" tenham impacto deflacionário nos índices de preços, afirma Cunha.

"Mas o momento agora é diferente. Enfrentamos em 2015 e 2016 uma das piores recessões, e o desemprego ainda está elevado." Nesse quadro, é possível, por exemplo, que os serviços, que estão rodando abaixo da inflação "cheia", tenham perdido representatividade, enquanto itens de consumo mais básico, como alimentos e tarifa de eletricidade residencial, aumentem sua participação, cogita. Por isso, o professor prefere não opinar sobre qual seria o efeito da nova POF sobre a inflação, mas destaca que alguns aprimoramentos estão sendo estudados pelo IBGE, fora do escopo da pesquisa de orçamento.

O viés de alta gerado pelo "efeito substituição" é inerente à forma de cálculo dos índices, que têm uma cesta fixa de bens e serviços, afirma Fernando Gonçalves, gerente de Índices de Preços do IBGE. "Uma estrutura de pesos mais defasada é ruim para o índice, porque gera algum tipo de viés, mas, em razão de restrições orçamentárias, não temos conseguido atualizar a POF em intervalo inferior a cinco anos."

Como forma de mitigar essa defasagem, o IBGE está estudando formas de realizar atualizações menores e, por isso, menos custosas, mas mais frequentes na POF. Gonçalves adianta, porém, que esse método, se aprovado, não deverá ser lançado antes de 2020. Em apresentação no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em abril, técnicos do IBGE mostraram ferramentas que já estão sendo usadas para pesquisar alguns preços, mas devem ser ampliadas, como o uso de robôs.

Segundo o gerente, o cálculo da variação dos preços de passagens aéreas e serviços bancários já é feito pela internet, como complemento à coleta presencial. Agora, o órgão está fazendo testes para usar essa ferramenta em outros preços de itens que têm sido mais comprados pelo e-commerce, como smartphones e livros, aprimoração que, se bem-sucedida, deve ser inaugurada em janeiro do ano que vem, aproveitando a nova POF, segundo Gonçalves.

Sobre serviços de streaming, como o Netflix, e aplicativos de transporte como Uber, Gonçalves afirma que os novos produtos só passarão a fazer parte do IPCA se for detectado que eles têm peso relevante na renda mensal das famílias. Para ser incorporado ao indicador oficial de inflação, um item precisa representar ao menos 0,07% da cesta de consumo.

 

Cresce aposta em corte da Selic neste ano

A descrença na retomada da atividade parece ter atingido diretamente os modelos dos economistas e uma onda de revisões de estimativas foi vista nos últimos dias, abrindo ainda mais espaço para a discussão de corte da taxa básica de juros pelo Banco Central em algum momento neste ano. Antes, muitas instituições financeiras diziam acreditar na recuperação da economia e que ela poderia gerar alguma pressão inflacionária, tirando a flexibilização monetária do jogo.

Agora, crescem as projeções que apontam para uma atividade tão anêmica que pede novos estímulos. De acordo com levantamento feito pelo Valor, ao menos seis casas passaram a projetar redução da Selic depois da última reunião do Copom, elevando o número de instituições com esse cenário base para cerca de 30.

Bancos de peso entraram nessa lista, como Bradesco, BNP Paribas e Bank of America Merrill Lynch, além de Reag Investimentos, Oxford Economics e Acrefi. A motivação é sempre a mesma: a fraqueza da economia. “Anteriormente, tínhamos um cenário de crescimento mais acelerado e era difícil ter perspectiva de estímulo. Agora, vemos uma economia que está demorando para engatar um bom desempenho e, quando começar realmente a ter uma aceleração, vai ser em um ritmo bem gradual”, afirma David Beker, chefe de economia e estratégia do BofA Merrill Lynch, ao explicar sua decisão.

O banco alterou de 6,5% para 5,5% a projeção para a Selic em 2019 e de 7,25% para 5,5% em 2020. Junto com a atualização para a Selic, o banco americano reduziu pela metade a projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A estimativa de 2019 caiu de 2,4% para 1,2% de crescimento, enquanto foi de 3% para 2,2% de avanço no ano que vem. E a principal razão para a recuperação econômica mais fraca é o atraso significativo na aprovação da reforma da Previdência.

Diante da frustração com o crescimento econômico, o Bradesco também atualizou seu cenário base: cortou a projeção do PIB de 1,9% para 1,1% este ano, e passou a estimar corte de juros. A instituição vê cenário de fraca retomada da atividade, núcleos de inflação comportados, inflação cheia abaixo do centro da meta do Banco Central até 2020 e expectativas ancoradas.

Assim, espera redução da Selic até 5,75% em dezembro. A fraca retomada da atividade, o desemprego alto e a ociosidade elevada nas empresas são, inclusive, motivos que inibem o efeito do dólar alto na inflação, de acordo com analistas. O salto da moeda americana, que na sextafeira chegou a ser negociada acima de R$ 4,10, é um ponto de atenção, mas pode ser apenas pontual num momento de incerteza maior. Por ora, as expectativas, tanto de inflação quanto para o câmbio, seguem ancoradas.

A projeção do BNP Paribas para o crescimento econômico foi ajustada de 2% para 0,8% e, junto a isso, a estimativa de Selic para o fim do ano foi de 6,5% para 5,75%. O aumento da tensão comercial entre Estados Unidos e China, a recessão na Argentina e, no front doméstico, a falta de experiência do governo de Jair Bolsonaro em negociar com o Congresso são os fatores que estão por trás do desempenho fraco do PIB brasileiro, conforme explica Gustavo Arruda, economista sênior do BNP, em relatório.

O novo cenário base da instituição implica hiato do produto negativo por mais tempo, ampliando a necessidade de estímulos monetários. “Olhando apenas para a inflação e o crescimento, nós já vemos espaço para o corte da taxa de juros. No entanto, sentimos que o BC vai esperar a aprovação da reforma da Previdência [neste ano] antes de agir”, completa Arruda. De forma geral, os analistas que projetam corte esperam o movimento apenas nos últimos meses do ano, quando as incertezas com a questão fiscal ficarem menores.

“O juro é um instrumento importante, mas não adiantaria reduzir juro se não tiver reforma. Com ela, você cria visibilidade no médio e longo prazo e cria condições para estabilizar, minimamente, a relação dívida/PIB. A reforma faz com que a taxa neutra — o patamar dos juros que permite o máximo de crescimento sem gerar inflação — caia e a economia consiga viver com juros mais baixos”, explica Beker, do BofA Merrill Lynch.

 

Real fica barato, mas segue sob pressão

Com o preço cada vez mais baixo, o real começa a chamar a atenção dos investidores. Alguns analistas até avaliam que a moeda está "barata" e gestoras já se antecipam a uma recuperação do câmbio. A aposta, no entanto, pode demorar a render frutos diante de uma série de obstáculos que pesam sobre a atratividade do real no curto prazo e tendem a manter a cotação pressionada num momento de grandes incertezas.

Na semana passada, o dólar comercial voltou a alcançar a marca de R$ 4,10 e bateu os maiores níveis desde setembro, num movimento que foi sustentado pela busca global por proteção diante dos novos desdobramentos da disputa comercial e preocupações com a articulação política do governo de Jair Bolsonaro. Se, por um lado, esse contexto coloca o preço do real no mais baixo nível desde as vésperas das eleições gerais no Brasil, por outro, evidencia o momento de apreensão do mercado.

Diante deste cenário, a Trafalgar Investimentos viu espaço para aumentar a posição em real contra outras moedas da América Latina, como o peso mexicano e o colombiano. "Como a nossa modelagem vê o dólar voltando ao nível de R$ 3,50 ou R$ 3,60 depois da aprovação da reforma, essa alta do dólar só deixou o real com mais assimetria a ser explorada em relação a outros ativos brasileiros", diz Paulo Corchaki, gestor da casa.

O ajuste de carteira, entretanto, vem com alguma cautela. A Trafalgar prefere não apostar contra a moeda americana, porque o ativo já está bem valorizado e a possibilidade de uma desaceleração da economia global - intensificada pela tensão comercial entre Estados Unidos e China - só o fortaleceria ainda mais.

Analistas alertam que, apesar do preço baixo, incertezas ainda afetam a atratividade da moeda local e a aposta pode demorar algum tempo para ser recompensada. "Sem pensar em questões políticas, que todos emergentes têm, talvez valha mais a pena fazer a alocação no México e na Rússia que pagam mais juros e trazem menos volatilidade", diz Ricardo Kazan, sócio e gestor da Novus Capital.

O mercado de câmbio brasileiro enfrenta os efeitos colaterais de um ambiente relativamente novo, em que os juros baixos reduzem a atratividade do real para operações de "carry trade", nas quais o investidor se financia a juros baixos e aplica os recursos em mercados com taxas elevadas. Além dessa atratividade menor, a divisa brasileira segue volátil, uma característica que tende a afugentar o investidor.

Para efeito de comparação, enquanto o Brasil tem uma taxa básica (Selic) de 6,5%, com possibilidade de cortes adicionais, e uma volatilidade em torno de 14%, o México tem juros de 8,25% e a Rússia, de 7,75% - ambos com volatilidade menor que a brasileira, em torno de 10%, de acordo com cálculos da Novus.

Ao mesmo tempo, o juro baixo derrubou para as mínimas históricas o custo de montar um "hedge", o que eleva a pressão do dólar sobre o real. "O impacto no câmbio se dá mais porque o hedge ficou barato", diz Sérgio Goldenstein, sócio e gestor sênior da Mauá Capital. Além disso, as empresas estão optando por captar recursos localmente em vez do exterior, algo que também pesa no fluxo.

Os fatores técnicos dão uma dinâmica própria ao real e a moeda deixa de refletir, de forma mais fiel, as expectativas de aprovação da reforma da Previdência ou de uma futura recuperação econômica, diz Ilya Gofshteyn, estrategista macro global do Standard Chartered Bank em Nova York. "Quem quer apostar em Brasil vai para ações e a moeda serve de um instrumento barato para operações de hedge", afirma.

"Esse é um dos motivos para o fraco desempenho do real." Quem apostou no real contra o dólar e manteve a posição do fim da eleição até agora sofreu com prejuízo de 11%. Já a alocação no Ibovespa ainda resiste com ganho de 5% no acumulado de 26 de outubro até agora. A frustração com o crescimento do Brasil em 2019 também adia a chegada do estrangeiro nos mercados locais, nota Damont Carvalho, diretor de macro da Claritas. Isso também significa menos fluxo de dólares em direção ao país.

 "No início do ano, o Brasil exibia um dos maiores deltas de crescimento do PIB em relação ao restante da economia global. Agora que esperamos uma expansão próxima de 1,3% ou 1,5%, essa situação não existe mais." O jogo só deve virar, de fato, na reta final da aprovação da reforma da Previdência, na avaliação de Gofshteyn, do Standard Chartered.

"Nesse caso, o investidor estrangeiro, que já se frustrou várias vezes com emergentes, vai ganhar confiança suficiente para desmontar o hedge ou comprar o real", diz o especialista. O estrangeiro carrega mais de US$ 30 bilhões em posição comprada em dólar, que ganha com a alta da moeda americana.

O montante diz respeito a contratos futuros de dólar e cupom cambial (juros em dólar) na B3. Se por um lado, esse volume mostra o nível da cautela no mercado, por outro, dá uma ideia do potencial de valorização do real num cenário mais otimista, de desmonte de hedge. A pesquisa Focus projeta o dólar a R$ 3,75 no fim do ano, queda de 9% em relação ao nível atual. "Se passar uma boa reforma, o real terá desempenho bem superior às demais moedas", diz Goldenstein, da Mauá.

Para Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Ativa, a aprovação da reforma pode destravar o fluxo estrangeiro e a demanda para rolagem de dívida, além de reverter operações de hedge. "Isso deve gerar um 'overshooting' [movimento pontual e acentuado de alta do real] no curto prazo", diz.

 

FOLHA

Brasil oscila entre a estagnação e a depressão, avaliam economistas

Os economistas passaram os últimos dias avaliando os riscos de o país voltar à recessão ou estar vivendo um período de estagnação.

Na sexta-feira (17), a consultoria AC Pastore, do ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, acrescentou um novo item à discussão: o Brasil não apenas está vivendo a mais lenta retomada da históriacomo caminha para a depressão.

Não há uma definição fechada para depressão. Em seu “Dicionário de Economia do Século 21”, Paulo Sandroni a define como “fase do ciclo econômico em que a produção entra em declínio acentuado, gerando queda nos lucros, perda do poder aquisitivo da população e desemprego” —elementos bem presentes no cotidiano nacional atualmente.

Em relatório intitulado “A Depressão Depois da Recessão”, a equipe da AC Pastore considera como principal critério para caracterizar o estado depressivo da economia brasileira a estagnação da renda per capita (valor que é obtido pela divisão do PIB, Produto Interno Bruto do país, que mede a geração de riqueza, pelo número de habitantes).

O relatório destaca que, nos casos de crises econômicas, é importante acompanhar não apenas a profundidade da recessão e a força de uma retomada mas também “saber quanto cada um dos cidadãos que habitam o país perdeu de renda per capita a partir do início da recessão, e nesse campo estamos vivendo um ciclo sem precedentes”, diz o texto.

Como o PIB avançou apenas 1,1% em 2017 e também em 2018 e a população do país cresce 0,8% ao ano, o ganho de renda para cada brasileiro foi de “magnitude insignificante” no período, aponta o relatório.

No fim de 2018, a renda per capita estava 8% abaixo do trimestre imediatamente anterior ao início da recessão.

Para o grupo de Pastore, se o PIB de 2019 crescer de fato em torno de 1% ou até menos, o que é provável, a renda per capita ao fim deste ano estará no mesmo nível de 2018.

“Com a renda per capita mantendo-se por três anos 8% abaixo do pico prévio, só nos resta definir a situação como característica de uma depressão”, diz o relatório.

“O país está parado. Depois da recessão, ainda não tivemos recuperação. A população empobreceu e não recupera a sua renda”, afirma Pastore. “Se isso não é sinal de depressão, não sei o que é.”

 Para fechar o diagnóstico, a AC Pastore fez um estudo comparativo com indicadores de crises internacionais que estão na base de dados do Banco Mundial. Também mapeou as crises brasileiras desde 1900 —um levantamento inusual.

No Brasil, as crises costumam ser avaliadas a partir dos anos 1980, porque há dados trimestrais do PIB. Elas são, por exemplo, a base de análise do Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos), presidido por Pastore.

No novo levantamento, que considerou queda do PIB per capita em um ano ou mais, foram identificadas 15 recessões seguidas de recuperação entre 1900 e 2018. Com dados trimestrais, o Codace datou nove desde 1980. Crises cambiais e de dívida externa são as mais comuns na história do Brasil.

A análise de que o país flerta com a depressão ainda não é consensual. Para Fernando Montero, economista-chefe da corretora Tullett Prebon, o atual quadro da atividade no país ainda está mais próximo do conceito de estagnação.

Uma série histórica compilada pelo especialista, com base em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostra que a renda per capita terminará a década atual sem nenhum avanço em relação ao período entre 2001 e 2010, caso se concretizem as projeções atuais do Focus (relatório do Banco Central).

 Esse seria o segundo pior resultado desde o início do século passado, perdendo apenas para a década de 1980, quando o rendimento médio do brasileiro recuou 0,4% em relação aos dez anos imediatamente anteriores.

Montero ressalta, porém, que há um agravante em relação à situação atual. Na última semana, houve novas revisões para baixo do crescimento esperado para 2019. Esses dados aparecerão no Focus que será divulgado nesta segunda-feira (20).

 Se a fraqueza da economia persistir, é possível que consecutivas rodadas de redução das projeções acabem apontando um desempenho pior nesta década do que nos anos 1980.

Outra possibilidade que voltou ao radar dos analistas é que o país mergulhe —ou até já esteja— em uma recessão. Considera-se, então, a definição mais popular desse termo que seria a de dois trimestres consecutivos de queda do PIB (Produto Interno Bruto).

A maioria dos especialistas espera que a economia tenha contraído 0,2% entre janeiro e março deste ano com relação a outubro a dezembro de 2018, quando havia crescido apenas 0,1%.

No entanto, dada a fraqueza da atividade, é possível que o resultado do primeiro trimestre seja pior do que o estimado. Se isso ocorrer, segundo Luka Barbosa, economista do Itaú Unibanco, haverá automaticamente uma revisão para baixo do dado relativo ao fim do ano passado.

“Se o primeiro trimestre tem um resultado muito negativo, por uma questão de sazonalidade, a metodologia de cálculo do PIB leva à leitura de que essa fraqueza teve início no período imediatamente anterior”, explica ele.

Embora esse não seja o cenário principal do Itaú Unibanco e de outras instituições, é uma situação considerada factível.

Assim como Montero, Barbosa não considera que a economia brasileira esteja em depressão. “Tudo indica que o consumo ainda está crescendo, mas a situação preocupa. Os poucos dados já disponíveis para o segundo trimestre indicam fraqueza.”

Apesar de projeções de leve expansão do PIB no segundo trimestre, economistas também não descartam uma contração.

Silvia Matos, pesquisadora sênior da área de economia aplicada do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), também vê os números mais perto de uma estagnação.

“Esses ajustes ocorrem, para baixo e para cima”, diz a respeito da possibilidade de o PIB do último período de 2018 ser revisto. Um segundo trimestre ruim, no entanto, acenderia um sinal vermelho.

“Passar por uma perda de vigor no segundo trimestre pode significar que o choque de perda de confiança se tornou mais permanente”, afirma.

Já o terceiro e o quarto trimestres do ano estarão “presos” à reforma da Previdência, diz Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados. “Se aprovar uma reforma ruim, de baixa qualidade, com baixa economia, a gente entra em um cenário complicado, volta a possibilidade concreta de recessão.”

Alessandra Ribeiro, sócia da área de macroeconomia da Tendências Consultoria, também diz não ser possível mais ignorar os riscos de um novo ciclo recessivo, embora a casa trabalhe, por enquanto, com um crescimento de 1,6% para o PIB de 2019.

“Existem fatores externos pesando, como a desaceleração da economia global e a crise na Argentina. Mas há também a conjuntura doméstica, de frustração muito grande com o atual governo, o que limita decisões de investimentos e consumo”, afirma.

Caso o governo não seja capaz de promover o ajuste fiscal esperado —com a reforma da Previdência, por exemplo—, Alberto Ramos, diretor de pesquisa para América Latina do Goldman Sachs, diz que “o mercado pode forçar um ajuste mais atabalhoado e socialmente regressivo”, a exemplo do caso argentino, com crise cambial.

Para Montero, da Tullett Prebon, independentemente do conceito que melhor defina a atividade econômica brasileira e o resultado do PIB um pouco positivo ou negativo, a situação do país inspira preocupação. “A economia está em coma e, por isso, monitoramos se mexe um dedo.”

Mesmo que não sejam computados dois trimestres consecutivos de queda do PIB, entre o fim de 2018 e meados deste ano, é possível que, no futuro, o Codace qualifique o quadro atual como uma recessão.

Isso porque o órgão não se prende apenas ao critério de duas contrações seguidas para datar o início de um ciclo recessivo. Outros fatores, como oscilações no nível do emprego e da renda, também contam.

Na avaliação de Sérgio Vale, medidas de estímulo adotadas nos dois anos anteriores, como a liberação de saques do FGTS, têm efeito limitado. “Talvez pudesse ter sido um pouco pior sem, mas qual o efeito concreto? Um acréscimo de 0,1 ou 0,2 ponto percentual de crescimento?”

Para a economia brasileira sair do atoleiro, Affonso Celso Pastore diz que não basta o governo mirar apenas a reforma da Previdência; é preciso dar expectativas à sociedade.

Segundo ele, isso inclui, por exemplo, apressar o programa de infraestrutura e ao menos lançar o de privatizações —ainda que necessite de um planejamento cuidadoso.

“O governo precisa reconhecer o diagnóstico: a economia está deprimida, precisa de remédios e eles têm limites. Mas ponha os remédios para funcionar”, diz.

Em uma crítica mais estrutural, a diretora do programa de estudos latino-americanos da Universidade Johns Hopkins, Monica de Bolle, diz não ver chance de o Brasil crescer muito acima de 1% sem um bom projeto para a educação.

“Não se trata apenas de um problema de equilíbrio fiscal. Tem o megadéficit da educação. E vai continuar se não houver um plano na área, o que não parece ser o caso deste governo, que faz da educação campo de guerra ideológica.”

 

ESTADÃO

Cinco anos após o início da recessão, nenhum setor voltou ao nível pré-crise

Passados cinco anos do início da deterioração econômica brasileira – o trimestre entre abril e junho de 2014 foi o primeiro da recessão –, nenhum setor produtivo voltou ao patamar pré-crise. Na mais lenta retomada da história do País, a construção civilainda está 27% aquém do registrado no começo de 2014 e a indústria, 16,7%. Um pouco menos atingidos, serviço e varejo também sofrem para se recuperar e estão em níveis 11,7% e 5,8% inferiores ao de 2014, respectivamente.

O processo é tão vagaroso, com frustrações de expectativa de crescimento trimestre após trimestre, que economistas têm tido dificuldade para explicar o que ocorre no País. “Há uma diversidade de diagnósticos. Quando se tem isso, é porque ninguém está entendendo direito o que está acontecendo – o que é raro de se ver”, diz o economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani.

Um dos mais recentes diagnósticos para a situação brasileira é do ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore. Para o economista, o País está em depressão, pois o PIB per capita cresceu de forma insignificante nos últimos dois anos (0,3% em cada ano) e deve terminar 2019 no mesmo nível de 2018. Isso significa que, em dezembro deste ano, o indicador estará 8% abaixo do registrado antes da recessão.

“O conceito que estou usando (para definir depressão) é o de PIB per capita, que mostra que a população empobreceu e continua pobre. As perspectivas de crescimento deste ano indicam que isso não vai mudar”, diz.

Se o PIB voltar a crescer a uma taxa de 2% no próximo ano, o PIB per capita atingirá o nível anterior à recessão em 2026, ou 13 anos após o início dela. Na crise de 1988, essa recuperação levou nove anos.

Decepções

O fato de a recessão ter sido a mais profunda da história e ter gerado uma grande ociosidade na indústria, o que torna investimentos quase desnecessários, é apontado como um dos motivos para a retomada ser tão lenta. “Havia a ideia de que a mudança do ciclo político (com a chegada de Michel Temer à Presidência, em 2016) daria um choque de confiança e melhoraria a situação. Mas houve uma frustração, porque a ociosidade era tão grande que mesmo os mais otimistas não investiram”, diz Padovani. Em 2016, o economista previa que o PIB levaria dois anos para voltar ao patamar do fim de 2014; a lentidão da recuperação, porém, empurrou a projeção para 2021.

Além da ociosidade, surgiram neste ano novos ingredientes que têm retardado a recuperação ainda mais. O economista Claudio Considera, do Ibre/FGV, coloca a instabilidade política como uma das responsáveis pela frustração das expectativas em 2019. A falta de coordenação do governo, afirma ele, assusta o investidor estrangeiro – um dos poucos agentes econômicos que poderiam injetar capital na infraestrutura brasileira e movimentar a atividade, dado o elevado nível de endividamento do governo e o fato de grandes empreiteiras ainda sofrerem os impactos da Lava Jato.

“A agenda de costumes do governo Bolsonaro não traz avanço para a economia. Só produz barulho desnecessário. Decisões desfeitas também. Essas trazem insegurança jurídica. O presidente não pode falar de tsunami”, diz Considera.

A instabilidade política impede, ainda, o avanço da reforma previdenciária, vista como essencial para organizar as contas públicas. “A economia não cresce porque há incerteza em relação à trajetória fiscal, e isso passa pela reforma”, afirma o economista-chefe do BNP Paribas para a América Latina, José Carlos Faria.

Sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro cita ainda como freio à economia em 2019 a desaceleração global, a tragédia de Brumadinho, que reduzirá a produção nacional de minério de ferro em 6,5% neste ano, segundo estimativa da própria economista, e à crise na Argentina, que reduziu suas importações do Brasil.

Construção civil é a mais afetada

Setor mais distante do nível pré-crise, a construção civil pena devido à falta de investimentos em outras aéreas da economia, diz Eduardo Zaidan, vice-presidente do sindicato da construção do Estado de São Paulo (SindusCon-SP). “Quando se tem uma recessão, a primeira coisa que some é o investimento.

Mais da metade dos investimentos costuma passar pela construção”, destaca. Zaidan esperava que o setor crescesse 2% em 2019, mas vai rever o número para baixo. Na indústria, que também está entre os setores mais atingidos, as importações dificultam a recuperação. “Se o real tivesse valorizado, o impacto seria ainda maior”, diz Flávio Castelo Branco, gerente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

 

‘Com reação lenta, há risco de recessão’, diz economista

As frustrações sucessivas com o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) podem indicar que a economia do País está passando por mudanças estruturais que não haviam sido consideradas em um primeiro momento, segundo o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall.

Uma dessas possíveis alterações, diz ele, seria no padrão de consumo da população. Após ter ficado muito endividada durante a crise, parte dos brasileiros pode estar poupando mais. “É possível que esteja acontecendo (no Brasil) algo semelhante ao que ocorreu nos EUA (depois da crise de 2008). O americano voltou a padrões de poupança que se via nos anos 90.” A seguir, trechos da entrevista.

Como o sr. define a situação econômica? Podemos estar em recessão técnica (dois trimestres consecutivos com PIB negativo)?

É uma reação muito lenta. O crescimento era muito fraco e piorou. Existe risco de recessão técnica, claro. Estamos errando (as projeções de crescimento) há muito tempo. São vários anos achando que a economia iria melhorar. Por isso, (a crise atual) pode ter a ver com coisas mais estruturais.

Que questões estruturais?

Um ponto é a poupança da família, que pode levar a uma propensão menor a consumir. É possível que esteja acontecendo algo semelhante ao que ocorreu nos EUA (depois da crise de 2008). Quando você tem um ciclo de expansão de renda e crédito muito acentuado, cria uma sensação de que o bem estar está garantido e facilita decisões de ‘despoupança’. Na crise, a reação é retrair o gasto. Hoje o americano voltou a padrões de poupança que se via nos anos 90. Há duas hipóteses: uma explicação cíclica – quando o mercado de trabalho melhora, a pessoa poupa menos – ou pode haver um aprendizado. Nesse caso, quem levou um tombo, ficou inadimplente, vai ter um padrão de consumo mais prudente. É possível que isso esteja acontecendo. Tem também a questão dos juros mais baixos. A mudança (na política econômica desde 2016) pode indicar um novo equilíbrio macroeconômico, com juros de equilíbrio mais baixo. Com juro mais baixo, a política monetária estaria estimulando pouco (a economia). Nesse sentido, achamos que a Selic (a taxa básica de juros, hoje em 6,5%) pode cair para 5,5% até o fim do ano. Mas tem de esperar pelo menos a aprovação da reforma da Previdência na Câmara.

No fim do ano, o mercado e os economistas estavam bem mais otimistas. O risco político foi subdimensionado?

Acho que sim, mas isso não explica o erro todo do PIB. Nós tínhamos uma previsão de 2,7% (de crescimento para 2019) e agora caiu para 1%. É muita coisa para ser só incerteza política. Mas é verdade que houve otimismo dentro de uma percepção de que a aprovação da reforma da Previdência seria mais rápida.

 

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