Sexta-feira

ESTADÃO

Bolsonaro quer mudar regras de saneamento

O presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso ontem um novo projeto de lei que altera o marco regulatório do saneamento no País. O texto retira as mudanças que o Senado havia feito em outro projeto, que foi aprovado em junho, e que atendiam a pedidos de governadores, especialmente do Nordeste.

O projeto do governo prevê a substituição dos chamados contratos de programa, que permitem a operação do sistema apenas por empresas públicas, por contratos de concessão, que podem ser disputados pela iniciativa privada. O item recupera o conteúdo de uma medida provisória assinada pelo ex-presidente Michel Temer que perdeu a validade após não ser apreciada pelo Congresso.

Se a proposta do governo for aprovada, abre caminho para as prefeituras privatizarem os serviços de saneamento (abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto, limpeza urbana e redução e reciclagem do lixo).

O projeto determina a abertura de licitação, com a participação de empresas públicas e privadas, e acaba com o direito de preferência das companhias estaduais. O formato do contrato poderá ser, por exemplo, a Parceria Público-Privada (PPP), firmada entre empresa privada e o governo federal, estadual ou municipal.

O texto do governo não traz a possibilidade de os contratos atuais com as estatais permanecerem em vigor e ainda serem prorrogados para amortização dos investimentos necessários à universalização dos serviços, como aprovou o Senado. Com as mudanças feitas pelos senadores, a licitação dos serviços à iniciativa privada passou a ser, na prática, facultativa – o que foi retirado do texto do governo.

Na proposta enviada ontem pelo governo também não há a opção de assinar contratos de concessão sem licitação com empresas públicas ou sociedades de economia mista. No projeto do Senado, havia a possibilidade para os casos de uma licitação não atrair interessados ou não existir “viabilidade econômica que justificasse a privatização”.

A proposta do governo manteve a permissão para que Estados criem blocos de municípios para licitar serviços de cidades pouco atrativas para a iniciativa privada com grandes centros urbanos. O dispositivo foi incluído para evitar que empresas assumam contratos apenas em lugares considerados “filé mignon” para a iniciativa privada.

 

VALOR

Incerteza da economia tem maior queda em 9 meses

Um cenário de melhor previsibilidade na atividade levou a incerteza na economia ao mais intenso recuo em nove meses. O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-BR) da Fundação Getulio Vargas (FGV) caiu 10,7 pontos entre junho e julho, para 108,4 pontos, o menor nível desde fevereiro de 2018 (104,3 pontos), informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para Aloisio Campelo, superintendente de Estatísticas Públicas da FGV, embora o resultado seja positivo, não é certo que o indicador vai continuar a cair nos próximos meses. O técnico explicou que o indicador tem mostrado intensa volatilidade nos últimos meses. A última vez que mostrou período de seis meses com patamar relativamente estável, abaixo de 110 pontos, foi no fim de 2017 e início de 2018. "Podemos dizer que a série da confiança mostra alguns 'picos', uns 'espasmos''", comentou ele.

A imprevisibilidade na economia desde o início do ano passado ajudou a formar a volatilidade, segundo Campelo. Mas o mercado aparentemente tem hoje visão mais clara do que está por vir na economia brasileira, afirmou Campelo. Na semana passada, o boletim Focus do Banco Central mostrou alta de previsão do PIB, de 0,81% para 0,82%, após 20 reduções seguidas - e permaneceu em 0,82% no boletim divulgado nesta semana.

Para o especialista, há consenso maior no mercado não somente para projeções na variação da atividade na economia para este ano, mas também para outros tópicos, como inflação e juros. Assim, segundo ele, não são os sinais de retomada mais robusta na atividade que conduziram ao recuo na incerteza, e sim um ambiente com visão mais clara sobre a economia nos próximos meses.

 "Diminuiu a dispersão nas previsões dos especialistas." Campelo comentou que a aprovação do texto-base da reforma da Previdência, no mês passado pela Câmara, ajudou na maior previsibilidade. Mas observou que é preciso mais notícias boas na economia para se configurar tendência de recuo na incerteza.

A possibilidade de saques de recurso de contas de FGTS e de PIS/Pasep, anunciada pelo governo para os próximos meses, seria um fator positivo, mas sozinho não seria suficiente para conduzir queda sustentável do indicador, afirmou o economista.

"A situação é melhor do que há meses atrás, antes da votação da reforma da Previdência, há um quadro que favorece. Mas não podemos afirmar com certeza se vai continuar recuando", disse, acrescentando ser preciso mais dois a três meses de queda do índice para

 

Bolsa e real sofrem com piora externa

Um comentário do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi suficiente para tirar quase dois mil pontos do Ibovespa e levar o dólar comercial a tocar os R$ 3,86. Os mercados locais, que vinham operando com fôlego renovado depois do corte de juros no Brasil, reduziram o otimismo e deram lugar a uma correção forte, com o exterior soprando contra a maioria dos ativos de risco no mundo.

Na mesma sessão em que chegou a subir mais de 2% e tocar os 104.056 pontos, o Ibovespa acabou encerrando mais perto da estabilidade, em alta de 0,31%, aos 102.126 pontos - ou seja, da máxima até o fechamento, o índice perdeu 1.930 pontos. O giro financeiro deu um salto durante a tarde e alcançou os R$ 20,1 bilhões no pregão, bem acima da média diária negociada nas sessões de 2019, de R$ 12 bilhões.

Já no mercado de câmbio, o dólar comercial chegou a subir aos R$ 3,8604 no momento de corrida por busca por proteção no mundo. No fim do dia, houve relativo alívio na oscilação, mas a divisa, mesmo assim, terminou em alta firme de 0,76%, a R$ 3,8473. As declarações de Trump também chegaram aos juros futuros: a taxa do DI para janeiro de 2025, por exemplo, chegou a tocar 6,80% na mínima do dia, mas acabou em 6,91%, ante 6,90% na véspera. O presidente americano disse ontem que os Estados Unidos irão impor novas tarifas de 10% sobre mais US$ 300 bilhões de bens chineses que ainda não foram sobretaxados.

A informação reacendeu o medo de uma guerra comercial entre China e Estados Unidos e fez o mercado correr para ativos de maior proteção, dados os potenciais efeitos recessivos da imposição de tarifas sobre economias globais. A consequência foi imediata na bolsa sobre as ações mais líquidas e de maior peso no Ibovespa: os bancos e a Petrobras, com a baixa forte do petróleo, lideraram as perdas do dia.

O Banco do Brasil terminou em queda de 0,95%, enquanto o Itaú Unibanco subiu apenas 0,22%; as ações do Bradesco caíram 0,87%. Na bolsa, o desempenho só não foi pior porque as ações ligadas ao ciclo doméstico mantiveram o otimismo. Muitas delas, inclusive, renovaram as máximas em um ano, de olho no potencial avanço da atividade brasileira.

A combinação de uma política monetária expansionista com outras medidas de estímulo e saneamento fiscal dão amparo à procura por setores de varejo, consumo, construção e algumas estatais. No total, 18 papéis dos 66 que fazem parte do Ibovespa bateram as máximas em 52 semanas, entre eles Gol, Eletrobras, Magazine Luiza e Via Varejo.

Para Marcio Garcia, professor de economia da PUC-Rio, o fator determinante para os preços dos ativos locais continua sendo o cenário de aprovação de reformas. Para ele, mesmo que o cenário de desaceleração econômica dos Estados Unidos e do restante do mundo volte a ganhar tração, a resposta do BC brasileiro poderia ser de intensificar o ciclo de redução da Selic.

"Se uma desaceleração lá fora vier a acontecer, é mais uma razão para cortar mais o juro aqui. No balanço de riscos, o único fator que pode botar tudo a perder é se tiver algo que prejudique a reforma da Previdência, o que geraria forte impacto no risco-Brasil", diz. Vale menção também às ações da empresa de cartões Cielo, que dispararam 15,33% bem no fechamento, depois de circular no mercado a informação de que o Banco do Brasil estuda vender sua fatia na companhia.

Segundo André Gordon, gestor da GTI, o controle dividido entre BB e Bradesco faz com que a companhia perca agilidade contra concorrentes como a Getnet, do Santander, ou a Rede, do Itaú Unibanco. "Os concorrentes têm flexibilidade para negociar tarifa com a sua base de clientes.

Quando BB e Bradesco oferecem produtos, eles estão mais amarrados, porque, se for preciso dar desconto ou negociar taxas, o outro sócio precisa estar a par disso. É como se seu sócio fosse seu concorrente", explica ele. "A saída de um sócio, nesse caso, é positiva, principalmente se for o sócio estatal, cujo prêmio de risco é maior."

 

NY: Bolsas caem após Trump anunciar novas tarifas a produtos chineses

Os índices acionários de Nova York devolveram os ganhos que apresentavam na primeira parte da sessão desta quinta-feira (1º de agosto), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado, em seu perfil do Twitter, que novas tarifas sobre produtos chineses serão implementadas. O Dow Jones encerrou o dia em queda de 1,05%, a 26.583,42 pontos, enquanto o S&P 500 recuou 0,90%, a 2.953,56 pontos.

O Nasdaq cedeu 0,79%, aos 8.111,12 pontos. Durante a sessão, o índice de volatilidade VIX do S&P 500 chegou a disparar para 19,46 pontos, no maior valor desde o dia 3 de junho - época em que as tensões comerciais entre as duas potências econômicas também se acirravam. Nas máximas do dia, as ações em Wall Street haviam recuperado completamente as perdas de quarta (31).

Ontem, o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Jerome Powell, enviou sinais difusos sobre novos cortes de juros, pressionando os índices, que recuaram mais do que 1%. Em seu Twitter, por volta das 14h30 (de Brasília), o presidente dos EUA anunciou que seu governo iria impor novas tarifas de 10% sobre mais US$ 300 bilhões em bens chineses que ainda não foram taxados. Segundo ele, a medida será aplicada a partir de 1º de setembro.

Apesar disso, Trump afirmou que as negociações comerciais continuarão, e a nova rodada de conversas segue agendada para setembro. O anúncio derrubou os rendimentos dos Treasuries e elevou as apostas em novos cortes de juros na economia americana. Nesta quinta, o rendimento da T-note de dez anos caiu a 1,893%, no menor valor desde o fim de 2016.

O juro da T-note de 2 anos também afundou a 1,724%, nas mínimas desde dezembro de 2017. De acordo com dados do CME Group, o futuro dos Fed Funds aponta probabilidade implícita de 91,1% de haver mais um corte de juros na economia dos EUA até o fim do ano e 56,6% de cortes de pelo menos 50 pontos-base. Os papéis do setor financeiro lideraram as perdas diárias, em queda de 2,32%.

A rentabilidade das instituições financeiras é pressionada quando os juros e os rendimentos dos Treasuries recuam. Outro segmento que amargou grandes perdas hoje foi o de energia, que recuou 2,28%. A notícia amplia os temores com a desaceleração econômica e com a demanda por petróleo da China, que é o maior importador líquido global da commodity. O Brent para outubro encerrou o dia em queda de 7%, enquanto os contratos do WTI caíram 7,9%.

"O mercado, correta ou erroneamente, achava que a questão do comércio da China estava em segundo plano, por enquanto", disse R.J. Grant, diretor de negociação de ações da KBW Inc. "As preocupações dos investidores com o Fed estão fora de cena no curto prazo. Conforme as tensões com a China vão sendo renovadas, isso cria mais incerteza para os investidores, e é por isso que o mercado teve perdas relevantes hoje", afirmou.

 

FOLHA

Desemprego e alto endividamento dificultam repasse da queda da Selic ao bolso do consumidor

Os 28,405 milhões de brasileiros sem emprego e a alta taxa de famílias com dívidas em atraso - hoje em 64,1%, segundo dados de julho da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) - são tidos pelos economistas como os entraves para o repasse da queda da Selic para o bolso do consumidor final.

Considerada a taxa básica da economia, a Selic, que é recalibrada a cada 45 dias pelos técnicos do Banco Central, despencou 8,25 pontos porcentuais de agosto de 2016 para a última reunião do Copom, nesta quarta-feira, 31, quando foi fixada o novo patamar de 6% ao ano, o menor da série história.

A mudança da Selic tem impacto direto na concessão de crédito para empresas de grande porte, com acesso ao mercado de capitais, e nos investimentos de renda fixa - como a caderneta de poupança ou um título de CDB. No entanto, a taxa não interfere no mercado de crédito para pessoas físicas, como créditos imobiliários, créditos livres, rotativo do cartão e cheque especial. E isso, na opiniões dos especialistas, é explicado pela falta de confiança do mercado financeiro na capacidade dos brasileiros de arcarem com seus compromissos no prazo.

"É matemática pura. O banco não empresta a taxas mais baratas porque ele fica esperando por sinalizações positivas da economia: mehora no desemprego e queda da inadimplência das pessoas. Mas com a economia praticamente parada, isso não acontece", diz a coordenadora do curso de economia do Insper, Juliana Inhasz.

Ela, no entanto, pondera que a aprovação da reforma da Previdência, mesmo que apenas em primeiro turno na Câmara dos Deputados, tem melhorado a percepção de médio e longo prazo do mercado financeiro. "Por isso, não dá para dizer que essa nova queda da Selic não será repassada para o consumidor. Pela primeira vez em muito tempo, estamos vendo uma luz no fim do túnel. As pessoas estão mais animadas", diz.

Cheque Especial

Dados divulgados do Banco Central (BC) mostram que apesar da Selic despencar do patamar de 14,25% há três anos, o juro médio do cheque especial, que representa 30% do crédito das pessoas físicas, permanece praticamente inalterado. Em junho, aliás, ele atingiu 322,2% ao ano, alta de 18 pontos porcentuais na comparação com junho de 2018.  

Na prática, uma dívida de R$ 5 mil no cheque especial transforma-se, em um mês, em um compromisso de R$ 5.640, considerando o juro médio de 322,2% ao ano. Esta é a linha de crédito mais cara do mercado.

O custo do cheque especial equivale a 14 vezes o juro do crédito consignado - uma das modalidades mais baratas do mercado. Em junho, o juro médio do consignado foi de 22,8% ao ano. Para os servidores públicos, esta taxa é ainda menor, de 20,8% ao ano.

Para o economista Roberto Luis Troster, isso acontece porque os ganhos de uma nova Selic para a economia são "marginais". "Vejo uma melhora no crédito para as empresas de grande porte, que têm acesso ao mercado de capitais. Mas o consumidor não vai ver esses impactos", diz. "Os últimos quatro presidentes do Banco Central, apesar de todos os esforços, não conseguiram reduzir o crédito no Brasil. Esse é um desafio que está além da queda Selic", destaca.

"Do começo da crise até agora o Brasil já derrubou de 14,25% ao ano a Selic para 6,50 e, mesmo assim, a economia está praticamente parada. Não serão 0,25 pontos ou 0,50 pontos que vão mudar as coisas", afirma a economista-chefe do XP Investimentos, Zeina Latif.

Para Zeina, a principal contribuição do novo patamar de juros é o de virar a página de uma "distorção brasileira, com juros muito acima da média mundial", diz. "Uma taxa de 14% ao ano reduz o apetite de risco da economia como um todo. Agora, com taxas mais baixas, vamos começar, como já começamos, a tratar de outros temas, como as mudanças estruturantes, melhora da competitividade das empresas, entraves ambientais, todos pontos que, efetivamente, movimentam diretamente a economia", afirma.

Emprego e dívida

O porcentual de famílias com dívidas alcançou 64,1% do total em julho, ligeira alta em relação aos 64,0% observados em junho, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Também houve alta em relação a julho de 2018, quando o indicador estava em 59,6% do total de famílias.

No mercado de trabalho, a taxa de desemprego atingiu a marca de 12,0% no trimestre que se encerra em junho, como mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada na quarta-feira, 31, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com os dados, faltou trabalho para 28,405 milhões de pessoas no País no trimestre encerrado em junho.

 

Com nova gestão da Caixa, Nordeste recebe apenas 2,2% dos empréstimos

A Caixa reduziu a concessão de novos empréstimos para o Nordeste neste ano, mostra levantamento feito pelo Estadão/Broadcast com base nos números do próprio banco e do sistema do Tesouro Nacional.

Em 2019, até julho, o banco autorizou novos empréstimos no valor de R$ 4 bilhões para governadores e prefeitos de todo o País. Para o Nordeste, foram fechadas menos de dez operações, que juntas totalizam R$ 89 milhões, ou cerca de 2,2% do total – volume muito menor do que em anos anteriores.

No ano passado, a região recebeu R$ 1,3 bilhão, o equivalente a 21,6% dos R$ 6 bilhões fechados pela Caixa em operações para governos regionais. Em 2017, o banco contratou R$ 7 bilhões, dos quais R$ 1,3 bilhão foi direcionado para governadores e prefeitos nordestinos (18,6% do total).

Segundo apurou o Estadão/Broadcast com fontes do banco e da área econômica, a ordem para não contratar operações para os Estados e municípios do Nordeste veio do presidente Pedro Guimarães. Sob condição de anonimato, elas confirmam que ouviram a orientação em mais de uma ocasião.

Na quarta-feira, ao saber do teor da reportagem, Guimarães prometeu conceder uma entrevista na quinta-feira, 1.º, sobre esse ponto. O banco, porém, apenas enviou uma nova nota. Nela, afirmou que as contratações (novas concessões) apresentam “sazonalidade” e variação ano a ano, “dependendo ainda do número de pleitos recebidos bem como da aprovação dos ritos anteriormente relacionados”. Segundo o banco, de R$ 2,8 bilhões desembolsados neste ano para Estados e municípios, R$ 706 milhões foram para o Nordeste, “número expressivo em âmbito nacional”.

Os desembolsos são diferentes das contratações porque estão relacionados a contratos que foram firmados em anos anteriores. A Caixa não respondeu sobre os números de contratações neste ano.

Na semana passada, o banco orientou a reportagem a fazer a procura no site. Depois, ao ser questionada sobre a queda na participação do Nordeste na comparação com o que foi contratado nos anos anteriores, a Caixa destacou “problemas de endividamento” decorrentes da crise pela qual passam alguns Estados e municípios, inclusive das regiões Norte e Nordeste.

As operações do Nordeste neste ano saíram para seis municípios baianos, um de Pernambuco e outro de Sergipe.

Fila

Ao contrário do que diz o banco, o Estadão/Broadcast apurou que há uma fila de pedidos de empréstimos para a região Nordeste que não foram autorizados pela instituição. Entre eles, está o de um financiamento de R$ 133 milhões para a prefeitura de São Luís (MA), para bancar obras de infraestrutura. O pedido do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) foi feito no dia 9 de maio e até hoje não houve uma resposta.

A orientação para a área técnica, segundo apurou a reportagem, era de não aprová-lo mesmo estando tudo certo. A estratégia foi protelar até os documentos vencerem em 30 de junho. A prefeitura de São Luís foi procurada, mas não se manifestou.

Situação oposta teve a prefeitura de Florianópolis, de Gean Loureiro (sem partido). O pedido de crédito de R$ 100 milhões para obras de infraestrutura, transporte, energia e logística feito no início de julho foi atendido em menos de uma semana e anunciado solenemente por Pedro Guimarães no dia 17 de julho, quando visitou a cidade. Para a solenidade estava prevista a presença do presidente Jair Bolsonaro, que cancelou a ida.

O governo da Paraíba, de João Azevedo (PSB), também fez um pedido de R$ 188 milhões no dia 11 de junho e também ficou sem resposta. O Estado informou que ainda aguarda aval da Caixa para operação.

‘Paraíba’

Neste mês, antes de um café da manhã com jornalistas estrangeiros, em uma conversa informal com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que daqueles “governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão; tem que ter nada pra esse cara”. Depois, se justificou dizendo que fez uma crítica de “três segundos” aos governadores do Maranhão e Paraíba, que são “intragáveis”.

Para conseguir um desembolso de R$ 293 milhões em 8 de julho, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), precisou recorrer à Justiça e, mesmo depois de decisão favorável, teve que esperar algumas semanas. A operação foi travada por pendências de documentação. O governo estadual, porém, as sanou e conseguiu que a Justiça determinasse o repasse.

Já Goiânia recebeu sinalização de que vai conseguir R$ 780 milhões para mobilidade urbana mesmo sem aval da União (ou seja, se o município der calote, o governo federal não cobre). O pedido de Iris Rezende (MDB) foi feito em 7 de julho.

Segundo a Caixa, operações têm ‘sazonalidade’

Para justificar a queda na participação do Nordeste no total de empréstimos aprovados para Estados e municípios neste ano, a Caixa afirmou que as contratações das operações apresentam ‘sazonalidade ao longo do exercício’ e também variação ano a ano, dependendo ainda do número de pleitos recebidos. O banco ressaltou ainda que a aprovação depende ainda das câmaras municipais e assembleias legislativas, além da Secretaria do Tesouro Nacional, entre outros ritos.

A Caixa informou que tem 589 operações de financiamento ativas com a região Nordeste, totalizando R$ 20,2 bilhões. Não foi informado o total com as outras regiões. Segundo o banco, esses contratos envolvem aportes em saneamento básico, infraestrutura urbana, mobilidade urbana, energia e construção naval.

O banco disse ainda que o presidente, Pedro Guimarães e membros da alta gestão visitaram todos os Estados do norte do País e já estiveram em seis estados do Nordeste: Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. O banco afirmou que, “tendo observado a crise pela qual passam alguns Estados e municípios, inclusive das regiões Norte e Nordeste”, que estão com problemas de endividamento, oferece assistência técnica gratuita que “acompanha e orienta o ente na equacionalização da saúde financeira.”

 

Com acirramento de guerra comercial, haverá redução de consumo e investimento, diz economista

O acirramento da guerra comercial surpreendeu o mercado, que esperava um avanço na rodada de negociações em Pequim. O resultado da medida anunciada por Donald Trump deve ser uma nova retaliação da China, ainda que não no mesmo patamar da adotada por Washington, e mais desaceleração na economia global, diz o economista João Scandiuzzi, estrategista-chefe do BTG Pactual Wealth Management.

Para o Brasil, a escalada significará uma redução nas exportações para seus três principais mercados – EUA, China e Europa. Apesar da possibilidade de um novo aumento de venda de soja para a China – que no ano passado já substituiu a compra do produto americano pelo brasileiro –, a tendência não deve ser suficiente para movimentar a economia brasileira. “Seria algo muito setorial.”

O anúncio dos EUA pode ser interpretado como uma escalada importante na guerra comercial ou uma estratégia de negociação?

É uma escalada, sem dúvida, e que não era esperada neste momento. Tinha acabado de haver uma reunião cara a cara entre o time americano e o chinês em Pequim e os sinais indicavam uma distensão gradual. Certamente tem algo de tática, mas representa uma escalada.

Qual resposta podemos esperar da China?

Nas últimas duas escaladas da guerra comercial, a China respondeu de maneira comedida. Agora tem até muito pouco espaço para responder. A China já impôs tarifas sobre US$ 110 bilhões de produtos americanos; restam US$ 20 bilhões que não foram tarifados. Mas a China tem reagido sempre, até porque é uma questão diplomática e de política interna. Para a China, é importante mostrar alguma reação. Em setembro, quando os EUA colocaram tarifa sobre US$ 200 bilhões, a China colocou sobre US$ 60 bilhões e uma tarifa muito menor.

Esse novo acirramento desacelera o crescimento mundial ainda mais?

Vai ter um impacto adicional. Ele será muito maior sobre a economia chinesa do que sobre a americana. A americana é mais fechada, até por ser mais diversificada e continental, e o tamanho das exportações americanas para a China em relação ao total é menor que o contrário. Tem de levar em conta os impactos indiretos, via condições financeiras, como Bolsa. Esses impactos também tendem a ser mais fortes sobre a China. O aumento da incerteza pega o mundo em um momento de desaceleração, crescendo abaixo do potencial, e isso deve se agravar. Haverá um impacto indireto forte na confiança, reduzindo intenção de investimento e consumo. Esses impactos indiretos são muito importantes e devem gerar desaquecimento e necessidade de resposta de uma política monetária (expansionista) dos principais bancos centrais. O Federal Reserve (o Fed, o banco central americano) cortou os juros ontem (quarta-feira), mas os sinais (de novas reduções) ficaram aquém do que se esperava. Na medida em que a incerteza aumenta e o PIB global desacelera, aumenta a necessidade de resposta mais rápida do Fed.

O Brasil se beneficiou em um primeiro momento com a guerra comercial, exportando mais para a China, sobretudo soja. Isso pode se repetir?

O efeito de a economia global crescer menos e do aumento do risco é negativo para todos. O Brasil é bem menos afetado diretamente por essa guerra na medida em que não estamos no epicentro dela e também porque somos pouco integrados às cadeias de produção globais. Agora, deve haver efeitos colaterais. A Europa, principalmente a Alemanha, é muito sensível a exportações de manufatura para a China. E esse mercado (a Europa) também é importante para as exportações do Brasil. Os três principais mercados para o Brasil – Estados Unidos, China e Europa, serão bastante afetados. Em um segundo momento, tem o efeito de relaxamento monetário, que tende a minimizar o primeiro impacto.

Não pode haver um aumento de exportações agrícolas que beneficie o País?

Pode acontecer, mas seria algo muito setorial. O setor agrícola é importante para a balança comercial, mas não chega a mover o PIB.

 

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