Quinta-feira

ESTADÃO

Governo reduz à metade limite de subsídio para financiamentos do MCMV neste ano

Com risco de suspensão nos financiamentos do Minha Casa Minha Vida, o governo publicou nesta quarta-feira portaria que reduz à metade o valor total que a União bancará em subsídios nos empréstimos feitos para a compra da casa própria para quem tem renda entre R$ 1,8 mil e R$ 4 mil (as chamadas faixas 1,5 e 2 do programa).

A norma publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira estabelece em R$ 450 milhões o limite que o Tesouro vai cobrir de subsídios para esse público neste ano. Segundo o Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR), responsável pelo programa, R$ 428,2 milhões já foram repassados.

Isso significa que os próximos financiamentos do Minha Casa para essas duas faixas devem ser bancados com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a poupança que os trabalhadores são obrigados a fazer. Pela regra atual, o FGTS entraria com 90% do subsídio e a União, com os outros 10%. A portaria permite que ao atingir o limite de R$ 450 milhões, o FGTS assuma a totalidade do subsídio.

“As contratações para as duas faixas continuarão e a expectativa é que o processo seja mais rápido, já que não dependerá de recursos da União”, informou o ministério ao ser questionado se quando atingisse o limite, as operações continuariam. “É importante ressaltar que as pessoas físicas que fizerem as contratações de financiamentos habitacionais para as faixas 1,5 e 2 não serão prejudicadas com a medida, já que os percentuais dos subsídios concedidos permanecerão os mesmos”, completou o órgão.

O FGTS é o grande responsável pela continuidade do Minha Casa Minha Vida. O total de recursos do fundo dos trabalhadores ao programa de habitação popular neste ano é de R$ 63,4 bilhões. Para o subsídio aos financiamentos das duas faixas foram separados R$ 9 bilhões. Já o Orçamento do governo federal para o Minha Casa neste ano é de R$ 5,1 bilhões em 2019, sendo a maior parte para a faixa 1, destinada às famílias que ganham até R$ 1,8 mil por mês. 

 

VALOR

Temor de recessão volta a derrubar mercados globais

Novos dados econômicos aprofundaram os temores de uma recessão global e levaram os mercados a mais um pregão de perdas expressivas. Desta vez, os indicadores decepcionantes vieram de China e Alemanha. E abateram os ativos mundo afora. Em Wall Street, o que se viu foi uma venda generalizada de ações. O Dow Jones fechou a sua pior sessão do ano, em queda de 3,05%, a 25.479.42 pontos, enquanto o S&P 500 recuou 2,93%, a 2.840,60 pontos.

O Nasdaq perdeu 3,02%. Afora o mercado acionário, o segmento de renda fixa se destacou no tenso dia: o juro do título do Tesouro dos EUA de dez anos ficou abaixo do de dois anos - o que sinaliza um crescente risco de recessão -, algo que não acontecia desde 2007. O índice de volatilidade VIX, do Cboe, conhecido como "termômetro do medo" de Wall Street, disparou, encerrando a sessão em alta de 26,14%, a 22,10 pontos.

"O mercado de títulos está dizendo que estamos preocupados com o crescimento econômico global. A questão agora é se o mercado acionário é o próximo na fila para fazer a transição para precificar os receios com o crescimento", disse Jack McIntyre, gerente de portfólio da Brandywine Global, filiada à Legg Mason, ao Valor.

O juro do Treasury de dez anos tocou a mínima de 1,574% durante a manhã de ontem, enquanto o papel de dois anos marcava 1,603%. O evento, conhecido como "inversão da curva de juros", normalmente reflete os temores de piora da economia e precedeu as últimas sete recessões.

No fim do pregão em Nova York, os juros dos dois papéis já estavam mais próximos, em torno de 1,58%. "Quer entremos em uma recessão ou não, este não é um bom sinal", disse Michael Farr, presidente da Farr, Miller & Washington. "Veremos os investidores moderando o seu entusiasmo com mais seriedade a partir de hoje [ontem]", disse Farr à "Dow Jones Newswires".

A divulgação de dados que apontaram retração da economia alemã no segundo trimestre e o pior crescimento da produção industrial chinesa em 17 anos foram o estopim para a volatilidade. Os mercados globais têm enfrentado, desde a segunda-feira passada, verdadeira montanha-russa, com intenso sobe e desce dos ativos ao sabor das notícias, tendo em seu epicentro a guerra comercial entre EUA e China e o receio de que uma recessão global está cada vez mais próxima.

Na Europa, o dia não foi diferente. O FTSE 100, índice de referência da bolsa de Londres, recuou 1,42%, enquanto o DAX, de Frankfurt, cedeu 2,19%, e o CAC 40, de Paris, caiu 2,08%. Os três índices já acumulam perdas no mês de cerca de 5%. O setor bancário encerrou o dia em queda de 2,60% no índice pan-europeu Stoxx 600, pressionado por nova queda do rendimento dos títulos de dez anos da Alemanha, que registraram novo recorde de baixa, fechando a -0,649%.

No Brasil, todas as 66 ações do Ibovespa fecharam em baixa. O índice encerrou em queda de 2,94%, aos 100.258 pontos. O dólar subiu 1,76%, para R$ 4,0386. Os olhos dos investidores se voltam agora ao Federal Reserve.

O banco central americano não tem como mandato dar suporte ao mercado acionário, mas tem, desde dezembro do ano passado, respondido a quedas acentuadas das ações com sinalizações "dovish" (mais favoráveis a um afrouxamento monetário). Em sua última reunião de política monetária, o Fed cortou sua taxa referencial em 0,25 ponto percentual, mas o presidente da instituição, Jerome Powell, descartou que esse seria o "início de um ciclo de corte de juros". "Isso foi um erro de comunicação do Fed", disse McIntyre.

"Ele não deveria ter dito que não fará cortes consecutivos, pois ele não sabe disso. Agora o Fed está em uma situação difícil e eu acho que eles terão que ser bem 'dovish' em Jackson Hole [evento anual do Fed, agendado neste ano para agosto]. Eu acho que o Fed cortará os juros em 50 pontos-base em setembro", diz. Em meio à tensão em Wall Street, o presidente americano, Donald Trump, voltou a atacar o Fed.

Por meio do Twitter, Trump chamou Powell de "sem noção" e disse que "a China não é o nosso problema [...] o nosso problema é o Fed". Os futuros do ouro, outro tradicional ativo de proteção, fecharam a sessão de ontem no maior patamar desde abril de 2013, ao subir 0,90%, a US$ 1.527,80 por onça-troy. As incertezas também derrubaram os preços do petróleo. O contrato WTI fechou em queda de 3,27%, a US$ 55,23 por barril, enquanto o Brent perdeu 2,96%, a US$ 59,48.

 

Turbulência traz cautela para Selic

A onda de nervosismo que chacoalhou os mercados globais ontem, com novos indicadores fracos de atividade na China e retração na Alemanha, começa a levantar dúvidas sobre a magnitude da queda da Selic ao longo de 2019.

Alguns analistas já afirmam que o agravamento do panorama externo, sob o risco de uma recessão mundial e uma desordem dos mercados, pode levar o Banco Central (BC) a repensar o tamanho do ciclo de cortes de juros ainda este ano.

O que deve determinar um ajuste do chamado orçamento da queda da Selic é a intensidade da perda de fôlego global. Se esse processo resultar num quadro de recessão, então pode haver uma fuga de ativos de risco pelo mundo, com efeitos sobre o câmbio, limitando assim o espaço para o alívio monetário esperado. Em outras palavras, a piora do quadro viria com a alta do dólar, que ontem superou, de novo, a marca de R$ 4.

A cotação subiu 1,76%, para R$ 4,0386, maior valor de fechamento desde 23 de maio, quando ficou em R$ 4,0475. O real teve um dos cinco piores desempenhos do dia numa lista de 33 divisas globais. Boa parte dos profissionais ainda não acredita que esse será o caso. Prevalece a visão de que o momento é de desaceleração ordenada do crescimento e queda livre dos juros pelo mundo, o que permitiria uma redução da Selic de 6% atualmente para, talvez, menos de 5%.

Mas, dados os indicadores recentes, cresce a incerteza a respeito desse cenário mais benigno. Diante dessas dúvidas, os juros futuros tiveram firme alta na B3, afetados pela dinâmica adversa que também levou o dólar a superar a marca de R$ 4 e derrubou o Ibovespa para os 100 mil pontos.

Bastante sensível a expectativas para política monetária, a taxa do DI para janeiro de 2020 subiu de 5,44% para 5,48%, enquanto a do DI para janeiro de 2021 avançou de 5,39% para 5,46%. Para Flavio Serrano, economista-chefe do banco Haitong, a piora da perspectiva sobre a economia global, ressaltada nos últimos dias por dados negativos de países centrais e a intensificação da guerra comercial entre EUA e China, pode levar o BC a repensar o orçamento para cortes de juros ainda este ano.

Para o profissional, uma desaceleração mais intensa, se confirmada, criaria uma desordem nos mercados e pioraria as condições de liquidez global, gerando pressão extra sobre o câmbio. "O repasse cambial tem sido baixo por causa da alta ociosidade, mas não estamos totalmente alheios a ele", diz. "Mesmo com atividade fraca, uma coisa é calcular a inflação com o câmbio a R$ 3,75, outra é fazer o cálculo com o dólar a R$ 4."

Em sua última reunião, o Copom projetou uma inflação de 3,6% em 2019 e em 2020 com o juros e câmbio constantes em 6,5% e R$ 3,75, respectivamente. Já a pesquisa da Focus, em sua última edição, trazia uma projeção para a taxa Selic no fim do ano de 5,0%, ou seja, um corte de 100 pontosbase nas próximas reuniões.

"A velocidade da piora externa pode assustar, mas analisando friamente as contas de inflação para o Brasil, temos uma folga para aguentar o choque externo desde que não seja algo disruptivo lá fora", diz Daniel Weeks, economista-chefe da Garde. Para o orçamento esperado pelo mercado, entre 125 pontos-base e 150 pontos de cortes, existe espaço para uma depreciação adicional do câmbio, pelo menos até R$ 4,20, acrescenta.

Outro fator que precisa ser colocado na conta, diz Weeks, é que esse choque externo poderá significar uma retomada ainda mais lenta da economia. E isso "poderia em parte compensar o movimento do dólar, de tal forma que a depreciação tolerável seja um pouco maior", descreve. "Se lá fora acalmar, temos grandes chances do BC reduzir o juro abaixo de 5%, até 4,5%", diz.

Ainda assim, o mercado global tem ganhado contornos cada vez mais preocupantes. Os juros americanos de 10 anos ficaram ainda mais baixos que os de 2 anos, pela primeira vez desde 2007, sinalizando o risco de recessão. Isso, porém, não é necessariamente uma prova de que uma crise global está por vir, afirma David Cohen, sócio e gestor da Paineiras.

Ele vê o movimento muito mais como o resultado da corrida por títulos de países centrais com juros positivos, do que um "pânico de que os EUA possam estar entrando em um cenário estilo o de 2008". Para Rogério Braga, sócio e gestor da Quantitas, a incerteza gerada pela guerra comercial entre EUA e China tem impactado expectativas, comércio internacional e atividade - todos fatores deflacionários.

"Esse contexto global de atividade e juros mais baixos se sobrepõe à elevação do câmbio e prêmio do risco na curva local, com o resultado final disso sendo juros mais baixos ao longo de toda a curva", diz. Na Quantitas, a expectativa é de taxa em 4,75% no fim de 2019. "O cenário externo atual é na direção de ampliar as apostas do mercado de queda na Selic."

 

Estoques altos são obstáculo à aceleração da retomada

Com demanda fraca e perspectivas de melhora na primeira metade do ano frustradas, o setor manufatureiro começou o segundo semestre com maior acúmulo de estoques, outro sinal de que a atividade não deve engatar reação mais expressiva no curto prazo.

Segundo a Sondagem da Indústria de Transformação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), 6 de 14 segmentos industriais pesquisados estavam em julho com mercadorias paradas em excesso - celulose e papel, têxtil, produtos de metal, química, farmacêutica e metalurgia.

No dado agregado, a diferença entre o percentual de empresas com estoques excessivos e insuficientes subiu ligeiramente entre junho e o mês passado, passando de 5,3 para 5,9 pontos. A trajetória de alta vem desde maio. Para a FGV, o nível atual do indicador já mostra algum desequilíbrio no fluxo de produção e entrega de bens. Nos últimos 12 meses, o índice avançou 8,3 pontos.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem uma medida diferente do nível de estoques, que também vai na mesma direção. O indicador, que compara o inventário efetivo com o planejado pelas fábricas, vem em expansão desde fevereiro, tendo alcançado 52,2 pontos em junho (o mais recente dado disponível). É o patamar mais elevado desde maio de 2018, quando a greve dos caminhoneiros interrompeu as entregas.

Para o gerente-executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, as prateleiras mais cheias refletem uma expectativa mais favorável das empresas no começo do ano com a mudança de governo, que não foi concretizada. No segundo semestre, a redução adicional da taxa de juros, a liberação de parte de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a confirmação de que o Congresso deverá aprovar a reforma da Previdência tendem a elevar a confiança e o nível de atividade, mas em ritmo gradual.

"O segundo semestre não vai salvar o ano." Renata de Mello Franco, pesquisadora do Ibre/FGV, destaca que, na média móvel trimestral, o dado de estoques da entidade também chama atenção: em 104,1 pontos, está no nível mais alto desde outubro de 2017 (105,4 pontos).

Ao contrário de 2018, quando a paralisação dos transportes causou aumento pontual, o movimento deste ano é mais persistente e causa alguma preocupação. "Acreditamos que esse aumento seja reflexo de frustração com a demanda."

O problema é maior no segmento de papel e celulose, em que o índice de estoques atingiu 121,2 pontos no mês passado, o maior entre todos os setores. Nesse ramo, a proporção de empresas que apontam a falta de procura como principal fator limitativo para a produção saltou de menos de 10% em abril para quase 25% em julho.

Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores, observa que essa indústria é exportadora e, por isso, a frustração recente com o crescimento da economia global elevou os estoques. Já o setor têxtil parece atravessar um problema mais estrutural de acúmulo de mercadorias paradas.

O indicador de estoques da indústria têxtil também está bastante elevado, em 118,8 pontos - 16,7 pontos acima da média histórica. Pesquisa mensal da Abit, associação que reúne as empresas do setor, mostrou que, em julho, as companhias estavam mais preocupadas com o acúmulo de mercadorias paradas.

Segundo Fernando Pimentel, presidente da entidade, o problema se agravou com o inverno mais fraco, que prejudicou as vendas de artigos da estação e antecipou liquidações. Antes disso, porém, o desempenho das vendas já não era animador. De acordo com a Abit, as indústrias de confecção encerraram o primeiro semestre do ano com estoques de 5% a 6% maiores em comparação com o mesmo intervalo do ano passado. "As empresas tinham expectativa favorável em relação à atividade na virada do ano e isso foi se diluindo. Ajustes de produção foram feitos, mas não de imediato", observa Pimentel.

 "Houve excesso de expectativas em algum momento e isso acabou não se materializando", diz ele. Na virada do semestre, houve melhora do humor dos empresários, relata o presidente da Abit. Como as vendas também costumam crescer mais na segunda metade do ano e o governo liberou recursos do FGTS, é esperado que o setor termine 2019 com inventários mais ajustados, avalia Pimentel.

A indústria de material para construção também é outro segmento com estoques em excesso pelos dados do Ibre/FGV. Em julho, havia 17,4 pontos a mais de empresas do segmento com estoques excedentes do que insuficientes. A Abramat, que reúne as indústrias do setor, não tem medição de inventários, mas o termômetro da associação mostrou que apenas 8% das empresas associadas estavam otimistas sobre seus negócios em julho.

Espera-se melhora para agosto, mês que deve ser "bom" ou "muito bom" para as vendas na visão de 35% dos empresários. Nishida, da LCA, observa que os fabricantes de bens duráveis também vêm relatando estoques mais altos, o que relaciona ao setor automotivo. Pelos dados da Anfavea, entidade que reúne os fabricantes de veículos, havia 320,4 mil unidades paradas nos pátios de montadoras e concessionárias no mês passado, o suficiente para 39 dias de venda.

Em igual mês do ano passado, esse número estava em 248,7 mil. A recessão na Argentina, importante compradora de veículos brasileiros, derrubou as vendas do setor. A indústria automotiva está tentando direcionar os estoques ao mercado interno, principalmente por meio de vendas diretas, aponta o economista da LCA. "Mas o setor não conseguiu compensar toda a perda."

Para o segundo semestre, há perspectiva de reação da produção, mas o cenário é mais favorável para os segmentos de bens semi e não duráveis, devido ao perfil de liberação do FGTS, limitado a R$ 500 por conta, avalia Nishida. Na média, a LCA projeta que a produção da indústria de transformação vai aumentar 1% de julho a dezembro sobre igual período do ano passado, depois de ter subido 0,2% no primeiro semestre. "Projetamos um crescimento muito modesto."

 

FOLHA

 

ESTADÃO

Economia global pode crescer abaixo de 3%

Apesar de a maioria dos economistas acreditar ser muito cedo para falar em recessão técnica global (dois trimestres consecutivos de PIB negativo), há sinais de que a atividade econômica possa crescer menos de 3% em 2020, patamar considerado crítico por especialistas.

O Itaú Unibanco, por exemplo, projeta uma alta de 3,2% na atividade global neste ano e de 3,1% em 2020. “Mas vemos chance de a economia ficar ainda mais fraca. Estamos no limite de uma recessão. Qualquer choque extra, pode levar o mundo a uma crise”, diz Roberto Prado, economista do banco.

As projeções de PIB ainda estão longe de um número negativo, mas um crescimento da economia global abaixo dos 3% é tido como ruim porque a China costuma distorcer os dados, puxando-os para cima com seus crescimentos superiores a 6%, explica Prado. “Um PIB global inferior a 3% indica que a economia está abaixo do seu potencial (ritmo de crescimento em que não gera pressão inflacionária), se aproximando de uma recessão”, acrescenta.

A opinião é compartilhada pelo estrategista-chefe do BTG Pactual Wealth Management, João Scandiuzzi: “Tecnicamente, não dá para falar em recessão global, mas a sensação é de crescimento abaixo do potencial”, diz.

Em julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu sua estimativa do PIB global para 2019 de 3,3% para 3,2%. Por enquanto, as projeções para 2020 são mais animadoras: alta de 3,5% – até junho, a estimativa do órgão era de 3,6%.

Economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif destaca que só o fato de se estar discutindo a possibilidade de a economia mergulhar em uma recessão já tem prejudicado o mercado. “Isso machuca o mercado, por trazer muita incerteza. O pano de fundo é muito preocupante. Como não se sabe para onde vai a guerra comercial entre China e Estados Unidos, não é possível saber quando a desaceleração vai parar”, diz.

Para Paulo Leme, professor de finanças da Universidade de Miami, não fosse a guerra comercial, seria possível manter o crescimento global ao redor de 3,2% nos próximos anos. “Se tudo mais fosse constante e congelássemos os atores, poderíamos ter um equilíbrio com crescimento razoável”, diz. Leme destaca ser contra uma redução na taxa básica de juros dos Estados Unidos para tentar alavancar a economia. “A inflação está dentro da meta. É muito preocupante responder com instrumento monetário algo que se pode evitar (uma desaceleração global acentuada pela guerra comercial).”

Alemanha

A desaceleração global está em curso desde o ano passado, quando o PIB cresceu 3,6% – 0,2 ponto porcentual a menos que em 2017 – e seria uma fase natural dos ciclos econômicos não fosse justamente a guerra comercial, cujos impactos na economia real começam a se aprofundar.

A Alemanha foi o primeiro país a escancarar os efeitos do embate entre as duas maiores potências do mundo. Sua economia tem um alto grau de dependência de exportações de produtos industrializados, principalmente para a China. Em junho, as exportações alemãs caíram 8% e a produção industrial 5,2 % na comparação com o mesmo mês de 2018 – foi o maior recuo da indústria desde 2009.

A indústria automotiva, a principal da Alemanha, tem ainda puxado o desempenho para baixo por causa de adaptações a padrões mais rigorosos de emissões de poluentes.

Por enquanto, a desaceleração no país, cuja economia é a maior da União Europeia, está limitada ao setor industrial. Se atingir os serviços – responsáveis por gerar o maior volume de postos de trabalho –, pode se alastrar por toda a economia. “O mercado de trabalho, por enquanto, está indo bem, a questão é quanto de contaminação veremos”, diz Scandiuzzi, do BTG Pactual.

Brasil

O estrategista do banco afirma que o Brasil não deve sofrer muito com a redução do comércio global decorrente da desaceleração, pois ainda é um mercado bastante fechado. O freio no crescimento chinês, porém, tem derrubado o preço de commodities como petróleo e minério de ferro – importantes produtos para a economia brasileira.

O economista Livio Ribeiro, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas, lembra que o ambiente incerto e de pessimismo deve contaminar os brasileiros.

Zeina Latif acrescenta que esse clima pode reduzir o investimento estrangeiro direto no País. “Não existe deslocamento perfeito. Mesmo que a gente faça a lição de casa, sempre há contágio.”

 

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