Sexta-feira

FOLHA DE SÃO PAULO

Sem CPMF, Guedes quer fim de privilégios nos impostos

Com o veto do presidente Jair Bolsonaro à CPMF, o ministro Paulo Guedes (Economia) orientou sua equipe a estudar uma reforma tributária que corte privilégios.

O discurso, estratégico, já foi testado pelo governo na reforma da Previdência, que avançou e está em fase final de tramitação no Congresso.

Guedes quer dar ênfase à revisão da tributação sobre os mais ricos depois que o imposto sobre pagamentos foi atacado por se aplicar até mesmo a saques e depósitos em dinheiro.

O Ministério da Economia temia reação popular à reforma justamente porque as mudanças propostas atingiriam a todos, de estudantes a grandes empresários.

O discurso ressalta agora aquela que já era uma das diretrizes da reforma, que é a ampliação da base tributária sobre as altas rendas.

Entre os instrumentos analisados estão a tributação de dividendos, o limite de isenção para moléstia grave, a redução de descontos e a revisão sobre aplicações financeiras.

Estudos da Receita Federal apontam que os contribuintes do topo da pirâmide pagam hoje menos impostos proporcionalmente do que as classes mais baixas, principalmente pelos benefícios previstos em aplicações financeiras (como dividendos e fundos exclusivos de investimento).

O titular da pasta quer simplificar e desburocratizar o sistema tributário e defende que “todos paguem” impostos para que “todos paguem menos”.

A demissão do secretário especial Marcos Cintra (Receita Federal) e o pedido de Bolsonaro para banir a nova CPMF da proposta não fez Guedes desistir definitivamente do novo imposto.

Recentemente, a estratégia do ministro passou a ser mencionar alíquota menor para o tributo enquanto defendia que um percentual pequeno não machucaria os contribuintes.

A equipe econômica ainda estudava a diminuição de alíquotas de Imposto de Renda para pessoas físicas e uma isenção no pagamento da nova CPMF para os mais pobres em meio à determinação de Bolsonaro de que a nova contribuição teria de ter uma contrapartida para a população.

Mesmo assim, a demissão de Cintra e a reação à ideia da nova CPMF forçaram agora a equipe econômica a voltar às contas e repensar a proposta.

Não está claro ainda para membros do ministério se será possível criar um plano B que seja equivalente à CPMF.

Nas contas de Guedes, o tributo geraria R$ 150 bilhões por ano e ajudaria a aliviar a tributação sobre folha de salários das empresas, considerada por ele nociva para a geração de empregos.

Membros da equipe econômica afirmam que propostas de tributação sobre grandes fortunas e heranças não gerariam essa potência fiscal.

Eventual ampliação de alíquotas de um imposto único sobre consumo para substituir a CPMF também seria inviável porque exigiria uma cobrança muito elevada.

A tributação de 20% sobre dividendos, por exemplo, poderia gerar uma arrecadação de R$ 24 bilhões em 2020 —16% do estimado com a CPMF. O cálculo foi feito pela Receita e chegou às mãos de Guedes.

Mudanças na tributação sobre fundos exclusivos, já tentadas em governos anteriores e consideradas pela atual equipe, alcançariam R$ 10 bilhões em um ano —6% de uma nova CPMF.

Aloísio Araújo, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas, vem participando de reuniões com Guedes sobre reforma e defende o plano de desoneração da folha. “O imposto sobre a folha é muito ruim e causa muitas distorções”, afirma.

Para ele, o ideal é aumentar o IR principalmente sobre aplicações financeiras e cortar pela metade as contribuições pagas pelas empresas para o Sistema S.

 Araújo também defende que a carga tributária seja simplesmente reduzida com a desoneração da folha enquanto a economia se recupera e naturalmente gera mais arrecadação nos anos seguintes.

A mensagem clara de Bolsonaro contra uma nova CPMF também desarranjou planos de Guedes para outras áreas. A arrecadação da nova CPMF poderia ser usada para bancar a etapa inicial da nova rodada de reforma trabalhista.

Auxiliares do ministro afirmam que o descarte do imposto sobre pagamentos pode atrasar a implementação do programa Emprego Verde e Amarelo, que caminharia com a reforma tributária.

Guedes ainda avalia quem assumirá o comando da Receita. Embora esteja participando das reuniões sobre reforma tributária, o secretário de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, não é, até o momento, um nome colocado.

 Em razão da condução da reforma da Previdência, Marinho deve cumprir papel de articulador das novas reformas.

Segundo auxiliares de Guedes, o ministro tem grande admiração por Vanessa Canado, advogada do C.CiF (Centro de Cidadania Fiscal).

Ela compõe o grupo que elaborou um dos projetos de reforma tributária que tramitam no Congresso, mas alguns membros afirmam ser prematuro considerá-la na Receita.

Canado esteve em ao menos três reuniões com Guedes desde agosto. O último encontro foi nesta segunda-feira (9), em reunião que teve a participação de Cintra.

Embora integrantes da Receita temam que a saída de Cintra acelere trocas na cúpula após apurações feitas por auditores recentemente que envolveram autoridades, o sindicato de auditores-fiscais aprovou a saída do secretário.

 

Bolsa volta aos 104 mil pontos com trégua na guerra comercial e estímulos na Europa

Com trégua na guerra comercial e novos estímulos do banco central europeu (BCE), as principais Bolsas globais operaram no azul nesta quinta-feira (12).

No Brasil, os ganhos da Bolsa foram impulsionados pela Vale, que subiu 3,6% com a alta do minério de ferro. O Ibovespa subiu 0,9%, a 104.370, maior patamar desde 18 de julho. O dólar recuou pelo terceiro pregão seguido e foi para R$ 4,06, queda de 0,12%.

Segundo a Bloomberg, oficiais da Casa Branca discutem um acordo preliminar entre Estados Unidos e China, que adiaria novas tarifas americanas e retiraria algumas das taxas aplicadas. A medida estaria condicionada ao comprometimento chinês com a defesa da propriedade intelectual e compras agrícolas.

A notícia se somou ao adiamento de novas tarifas americanas, anunciado pelo presidente Donald Trump na quarta (11).

Trump disse que, para atender o pedido do vice-presidente chinês Liu He e em um gesto de boa vontade, decidiu adiar o aumento de taxas de 25% para 30% de US$ 250 bilhões de importações chinesas. Segundo o presidente, as novas tarifas, programadas para 1º de outubro, passam a valer em 15 de outubro.

Além do alívio na tensão comercial, o novo pacote de estímulos do BCE animou investidores. O banco atendeu às expectativas do mercado e cortou a taxa básica de juros da região em 0,1 ponto percentual para -0,5%, mínima histórica e se comprometeu a comprar € 20 bilhões em títulos de dívida por mês, por tempo indeterminado.

O banco também relaxou os termos de empréstimo a bancos da zona do euro e lhes ofereceu taxas de juros escalonadas, em um esforço por aliviar a pressão sobre suas margens nos empréstimos.

O estímulo foi explorado imediatamente pelo presidente americano Donald Trump, que exigiu que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, aderisse à rodada de cortes de juros por bancos centrais, na reunião de seu comitê na próxima quarta (18).

O cenário positivo levou os índices da Bolsa de Nova York a se aproximarem de suas máximas históricas, apesar de altas não tão expressivas. Dow Jones subiu 0,2% e S&P 500 e Nasdaq, 0,3% cada.

As Bolsas de Paris e de Frankfurt subiram 0,4%, enquanto os rendimentos dos títulos de curto prazo subiam 14%.

No Brasil, a Bolsa subiu 0,9%, a 104.370, com giro financeiro de R$ 16,7 bilhões, dentro da média diária para o ano.

Entre os destaques estão as ações da Vale, que foram a R$ 49,7, maior cotação desde 31 de julho. A alta de 3,6% foi impulsionada pelo contrato futuro de minério de ferro, que subiu 2,37%, a US$ 94,28 a tonelada, maior patamar em um mês.

 

BC europeu corta taxas de juros e diz a governos que ajam para reanimar economia

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou seu maior pacote de cortes de taxas de juros e estímulo econômico em três anos, e seu presidente, Mario Draghi, alertou os governos da zona do euro de que eles precisam agir rapidamente para reanimar o crescimento deprimido.

O BCE cortou as taxas de juros e as conduziu ainda mais para o território negativo, e retomou seu contencioso programa de € 2,6 trilhões em compras de títulos por prazo ilimitado, no mais recente sinal de preocupação quanto à saúde da economia mundial.

O banco também relaxou os termos de empréstimo a bancos da zona do euro e lhes ofereceu taxas de juros escalonadas, em um esforço por aliviar a pressão sobre suas margens nos empréstimos.

O estímulo foi explorado imediatamente pelo presidente americano Donald Trump, que exigiu que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, aderisse à rodada de cortes de juros por bancos centrais, na reunião de seu comitê de open market na semana que vem.

"Banco Central Europeu agindo rápido", tuitou Trump. "Eles estão tentando, com sucesso, depreciar o euro contra o dólar MUITO forte, prejudicando as exportações dos EUA... E o Fed fica lá esperando, esperando e esperando. Eles recebem pagamentos para captar dinheiro, enquanto nós pagamos juros!"

Em resposta, Draghi disse que "temos uma missão. Buscamos a estabilidade de preços. E não temos taxas de câmbio como referência. Ponto".

Ele também enfatizou que a zona do euro precisava de cortes de impostos e de mais gastos públicos a fim de evitar uma nova crise.

"Agora é hora de a política fiscal assumir a responsabilidade", disse Draghi, que concluirá seu mandato de oito anos à frente do BCE e entregará o posto a Christine Lagarde, antiga diretora executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI), no final de outubro.

A decisão do BCE inicialmente causou queda do euro, mas isso durou pouco. Dentro de algumas horas, a moeda mostrava alta diária de 0,3% ante o dólar, cotada a US$ 1,104.

A zona do euro enfrenta "fraqueza mais prolongada" do que se imaginava anteriormente, principalmente por conta da desaceleração no comércio mundial, acrescentou Draghi. O BCE reduziu sua projeção de crescimento para a zona do euro, formada por 19 países, em 0,1%, para 1,1%, este ano, e em 0,2%, para 1,2%, em 2020.

O banco central também reduziu sua projeção para a inflação em 0,1%, para 1,2% este ano, e em 0,4%, para 1% no ano que vem. O BCE sinalizou que, portanto, as taxas de juros se manteriam mais baixas por tempo superior ao esperado previamente, e mudou sua orientação quanto a futuros movimentos dos juros. A orientação anterior era de que as taxas de juros não subiriam antes da metade de 2020.

Reinhold von Eben-Worlée, sócio diretor da Worlée, uma empresa alemã criada há 160 anos, e presidente da Associação de Empresas Familiares, criticou o BCE, dizendo que o relaxamento quantitativo havia "levado a sérias distorções e deveria ser encerrado".

"Taxas de juros negativas causaram distorções nos mercados de ativos", ele afirmou. "A bolha do mercado imobiliário e a erosão das aposentadorias são consequências diretas dos excessos na política monetária".

Andrew Kenningham, economista chefe da consultoria Capital Economics para a Europa, disse que "continua dúbio que isso faça muito por reativar a economia da zona do euro, quanto mais levar a inflação para sua metade de perto de 2% ao ano".

 

ESTADÃO

'Nova CPMF é única alternativa para desonerar a folha', insiste Marcos Cintra

Mesmo depois de sua saída do governo, o ex-secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, aposta que a contribuição sobre pagamentos, a nova CPMF, não será enterrada. Em entrevista ao Estado, Cintra poupa de críticas o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Afirma que se acumulou alguma "adversidade política" contra o seu nome se deve à força de suas convicções. Sem o novo imposto, diz Cintra, Guedes não tem como cumprir a promessa de desonerar a folha de pagamento das empresas. Leia abaixo a entrevista.

Com sua saída, a nova CPMF, o tributo sobre movimentação financeira, está morta e enterrada?

Eu acredito que ela não será enterrada, porque é a única alternativa viável de fazer a desoneração da folha (zerar ou reduzir a contribuição de 20% sobre os salários que as empresas pagam). Se há desejo de fazer a desoneração, vai ter que se voltar a esse tema de maneira modificada, atenuada e maneira mais gradativa.  Esse tributo será renegociado. Uma contribuição como nós estávamos propondo é absolutamente essencial para abrir espaço fiscal para poder fazer a reforma de impostos no Brasil. Sem esse espaço, não vejo como desonerar R$ 200 bilhões ou até mais dependendo de onde se queira chegar na desoneração.

Para desoneração da folha completa quanto é preciso de arrecadação?

O ideal é desonerar a folha por completo. Precisaria de R$ 230 bilhões a R$ 250 bilhões. Um valor desse não tem onde sequer imaginar que outro tributo existente possa acomodar uma arrecadação adicional desse tamanho. Sem gerar isso, não há como gerar emprego e baratear o trabalho. É um tributo universal e com potencial de arrecadação muito grande.

O ministro Paulo Guedes era um defensor da volta da CPMF. Ele mudou de ideia?

Eu não sei. Isso você precisa perguntar para ele. Mas até o momento em que estive no governo o tempo inteiro era uma alternativa que estava sendo considerada e discutida com toda a análise que um tributo precisa sofrer. Esse tributo vai, sim, ter que continuar sendo considerado.

Ficou alguma mágoa do Paulo Guedes?

Não. Eu sou um profissional. Tenho 30 anos de janela do setor público e já passei por tudo que é cargo e função e sei que as coisas têm que ser levadas, sobretudo, pelas circunstâncias.

Por que esse imposto é diferente dos outros?

Imposto de Renda hoje já está em patamares elevados. Nós já temos alíquotas mais altas do que muitos países. E hoje existe uma tendência de redução de alíquotas do IR. Não tem mais espaço para sofrer uma nova tributação. Pelo contrário. Eu  não vejo dentro dos tributos brasileiros, o PIS/Cofins e o ICMS e IR, não vejo como aumentar. Que outros tributos nós temos? Mais nenhum.

Por que o sr. saiu? Foi por causa da CPMF ou de mudanças na Receita?

Eu quero pergunta técnica. Esse negócio de fofoca interna de governo não constrói nada. Se acumulei alguma adversidade política contra o meu nome foi pela força das minhas convicções. Continuo torcendo muito pelo sucesso desse governo.  O que mais me surpreende é que a desoneração de folha, que é, sobretudo, uma redução de impostos sobre o trabalho, tenha sido difamada e acusada de ser um novo imposto e aumento de carga sobre o contribuinte.

 

Guedes avalia Vanessa Canado, da equipe de Bernard Appy, para comandar Receita

O ministro da Economia, Paulo Guedes, avalia o nome da advogada Vanessa Canado para o comando da Receita Federal. Vanessa é da equipe de Bernard Appy no Centro de Cidadania Fiscal.

Segundo fontes da área econômica, Vanessa é próxima de Guedes e tem participado de reuniões no ministério sobre a reforma. Sua escolha seria uma aposta para destravar a reforma tributária que está na Câmara, já que ela ajudou Appy a elaborar os estudos que levaram à PEC 45.

Guedes, no entanto, ainda não teria conversado com nenhum candidato, nem feito convites. A avaliação, segundo fontes, é que mudanças na Receita Federal não são simples já que o órgão é um “universo paralelo” dentro do governo. Vanessa é professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestre e doutora em direito.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast na última terça-feira, Vanessa comentou a criação de um tributo nos moldes da CPMF, ideia que culminou na saída de Marcos Cintra do comando do fisco. Segundo Vanessa, esse “não é um tributo bom”, à medida em que cria distorções, mas não se mostrou completamente avessa à ideia. Para ela, é necessário descobrir um dispositivo com a robustez suficiente para compensar a desoneração da folha de pagamentos, vista por Vanessa como excessivamente pesada.

Segundo ela, é preciso fazer os cálculos e pesar o tamanho do efeito de distorção na economia e concluir se um imposto nos moldes da CPMF valeria a pena no fim das contas. “Não é um tributo bom, é cumulativo, tem distorção, mas o quanto ele compensa para fazer a transição da folha?”, disse.

Ele ainda afirmou que vários dos pontos levantados pelo governo sobre a reforma tributária seriam compatíveis com a PEC 45. Segundo ela, a criação de um IVA federal ou Dual (por adesão aos estados), a desoneração da folha de salários e as mudanças na cobrança do Imposto de Renda seriam facilmente alinháveis à proposta que já está na Câmara dos Deputados e que ela própria ajudou a costurar.

Sindifisco

Auditores da Receita Federal querem aproveitar a demissão do secretário Marcos Cintra para tentar emplacar um representante da categoria no comando do órgão. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, a cúpula do órgão está preocupada com a transição e, principalmente, com a reestruturação do órgão.

Matéria publicada na quarta-feira, 11, pelo Estadão mostra que o ministro Paulo Guedes prepara mudanças no órgão. Uma das ideias é separar as funções de arrecadação e fiscalização.

Os auditores são contra essa separação e defendem apenas mudanças na estrutura do órgão, com a redução de superintendências e delegacias.

A saída de Cintra foi vista com bons olhos pela categoria, de acordo com fontes. Ele era visto com um “outsider”, uma pessoa de fora e que não defendia os interesses do órgão e de seus servidores.

Historicamente, a Receita Federal era comandada por auditores de carreira, subordinados ao Ministro da Economia. Com a criação do “superministério” de Guedes, porém, foi criada a secretaria especial da Receita e o ministro nomeou um quadro de fora do órgão para assumi-la.

Em nota, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco) disse que a exoneração de Cintra representa uma “oportunidade para correção de rumos na instituição”, que passa por uma crise após questionamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal de Contas da União (TCU).

O sindicato lembra que em órgãos como no Ministério Público, a Advocacia-Geral da União, Polícia Federal e Itamaraty os postos de comando são ocupados por profissionais de carreira. “Um auditor fiscal à frente da Receita implica valiosíssimo ativo em termos de representatividade técnica, condução republicana e alinhamento às expectativas da sociedade com relação ao trabalho do órgão”, afirma o órgão.

 

Mercado aposta que juro básico cai para 5,5%

É unânime no mercado a expectativa de queda da Selic de 6,0% para 5,50% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deste mês. Mesmo com a depreciação cambial depois da última reunião, em julho, os economistas consultados pelo Projeções Broadcast avaliam que a inflação deve seguir bastante confortável, uma vez também que é grande a ociosidade na economia. O Copom se reúne na semana que vem, dias 17 e 18.

Todas as 55 apostas coletadas pelo serviço especializado do Broadcast para o Copom de setembro apontam novo corte de 0,50 ponto porcentual. Para o fim do ano, há divergências, contudo, com as estimativas indo de 4,75% a 5,50%. De 53 estimativas, 31 indicam o juro em 5,0% em dezembro, 12 apontam Selic em 5,25% e 7 apostam que deva terminar o ciclo em 4,75%.

“A inflação entre baixa e moderada e a lentidão da recuperação da atividade, que mantém ampla capacidade ociosa na economia, são os fatores fundamentais para a manutenção do ritmo de corte do juro básico”, diz a MCM Consultores.

A Trafalgar Investimentos também espera queda de 0,50 ponto da Selic no Copom de setembro , mas acredita que este será o último corte na taxa básica de juro neste ano.

 

O GLOBO

Após crise da CPMF, equipe econômica teme perder apoio de Bolsonaro à agenda de ajuste fiscal

A demissão do secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra , preocupou membros da equipe econômica do ministro Paulo Guedes , que temem que o movimento sinalize um afrouxamento do compromisso do presidente Jair Bolsonaro com a agenda de reformas e ajuste fiscal. O ministro incumbiu-se de entregar ao presidente sinais concretos de recuperação econômica até julho de 2020, afirmaram ao GLOBO fontes da equipe econômica.

Em troca, Bolsonaro chancelaria as ações de Guedes para a economia, mesmo as mais impopulares. A atitude do presidente em relação a Cintra sinalizou que esse compromisso poderia ser rompido por Bolsonaro antes do prazo estabelecido.

O presidente tem recebido pressões vindas de ministérios, especialmente direcionadas à questão do teto de gastos — regra que limita o crescimento das despesas da União à inflação -, e técnicos da equipe econômica enxergam sinais de que o Palácio do Planalto pode ceder e rever o plano de apoio às ações de Guedes antes do prazo firmado entre ambos.

A demanda por ações concretas na economia e, principalmente, por mais dinheiro para os ministérios ficou clara às vésperas de o governo enviar o Orçamento de 2020 ao Congresso, no fim de agosto. Guedes recebeu uma enxurrada de ofícios de ministros de todas as áreas pedindo mais recursos para os órgãos.

O teto de gastos, que é considerado hoje por especialistas e por integrantes da equipe econômica como a principal âncora fiscal do país, passou a ser questionado dentro do governo. O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, chegou a dizer que Bolsonaro defendia mudanças na norma. Depois, o presidente recuou e passou a falar da necessidade de cortar despesas obrigatórias.Refém das reformasBolsonaro mudou o tom e alinhou o discurso com a equipe econômica depois de conversar com Guedes. O ministro convenceu o presidente da necessidade de manter o teto, mas foi cobrado a apresentar medidas para aumentar o espaço para investimentos rapidamente.

O Planalto tem sido pressionado por ministros e políticos para atender a demandas regionais por obras e programas, mas não encontra espaço dentro do Orçamento para essa ações.

O temor dos políticos é que o governo fique refém da agenda econômica de reformas, sem resultados concretos na ponta, para a população. Esse foi o recado dado pelo presidente a Guedes, que fez chegar o tema à sua equipe.

Técnicos do Ministério da Economia trabalham para liberar recursos no Orçamento no fim deste mês e reduzir a “chiadeira” da Esplanada dos Ministérios. Dos R$ 33,4 bilhões bloqueados, até R$ 15 bilhões devem ser liberados no final deste mês.

O discurso que chega a Guedes é que a equipe econômica não pode ser tão inflexível e que precisa ajudar o governo a deixar uma marca de obras e ações, levando-se em conta as eleições municipais do próximo ano. Mesmo pedidos de políticos considerados justos pelo presidente, como manutenção de rodovias, têm dificuldade de ser executados por falta de dinheiro.

Enquanto escolhe o novo secretário de Receita, Guedes pode ver a reforma tributária andar no Congresso sem um texto oficialmente encaminhado pelo governo. Câmara e Senado devem dar prosseguimento às suas propostas.

A avaliação de líderes partidários, reservadamente, é que a queda de Cintra não só não atrapalha como pode ajudar a reforma. Alguns parlamentares faziam questão de demonstrar publicamente que não gostavam do ex-secretário.

Na Câmara, o presidente da Comissão Especial que analisa a reforma, deputado Hildo Rocha (MDB-MA), disse que o relatório do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) será apresentado em 8 de outubro, com ou sem texto de Guedes:

— Não muda em nada a saída do secretário da Receita. Estamos analisando uma proposta da Câmara, feita pela Câmara. No dia 8, queremos que o relatório seja votado.

Já o relator da reforma do Senado, Roberto Rocha (PSDB-MA), disse que apresentará seu relatório na próxima semana. Ele esteve ontem com Guedes e pediu para o ministro mandar por escrito quais pontos o governo defende na reforma tributária:

— Ele ficou de me mandar o mais rápido possível os pontos principais do que deseja o governo federal para a gente analisar. Pedi que ele botasse por escrito, do jeito que estou fazendo com todo mundo. A saída do secretário da Receita não mexe no nosso cronograma. Vamos apresentar o relatório na próxima semana.

Ainda que Cintra não fosse visto como o interlocutor ideal da reforma tributária com o Congresso, sua saída deixou um clima de que o projeto da equipe estaria, agora, “à deriva”, e de que todo o trabalho feito poderia ser em vão, caso parlamentares decidam tocar as propostas que já tramitam na Câmara e no Senado.

O plano da equipe econômica era incluir a nova CPMF na reforma e deixar que o Congresso decidisse o que fazer com a ideia. O presidente não era defensor da proposta, mas tampouco a vetou internamente. Sua atuação contundente contra Cintra é vista como a primeira de outras possíveis ações que desautorizem estudos tocados pela Economia.

Riscos políticos
 

Técnicos também apontam que nem todos os secretários que assessoram o ministro têm bom trânsito político — muitos são novatos na vida pública e não compreendem os riscos políticos de falas mal colocadas, projetos mal explicados e decisões intempestivas.

Para o mercado, a agenda liberal defendida por Guedes é crucial.

— Há um diagnóstico inequívoco de que a recuperação está aquém do que se esperava. Isso acalora o debate de flexibilização da agenda liberal. Mas os sinais que temos até agora da equipe econômica é que ela quer atuar mais do lado da oferta, melhorando a competitividade e o ambiente de negócios, do que propriamente estimular a demanda. É um debate que vai continuar, mas a equipe econômica não tem dado sinais de que quer flexibilizar sua agenda, de que busca soluções heterodoxas — afirmou Anna Reis, economista-chefe da GAP Asset.

De acordo com Anna, medidas de flexibilização da agenda liberal, como alterações na regra do teto de gastos, teria impacto negativo direto no câmbio, no nível de risco-país e no patamar da Bolsa.

— O governo tem sete meses de vida. Não dá para consertar uma recessão nesse tempo. Os números começam a mostrar alguma melhora, mas o crescimento não virá tão rápido assim. No entanto, a direção é boa, e isso se vê no risco-país e nos juros. A agenda liberal apenas começou a ser implementada. Abandoná-la seria péssimo, na visão do mercado. O Brasil já esgotou sua capacidade de expansão fiscal — observou José Tovar, sócio-fundador da Truxt Investimentos. ”

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