Quarta-feira

VALOR

Comissão rejeita mudanças e finaliza votação da reforma dos militares

A comissão especial dedicada a analisar a reforma da Previdência e reestruturação das carreiras dos militares encerrou nesta terça-feira a análise dos destaques do projeto. Como a proposta tramita em caráter terminativo, a medida poderia seguir diretamente para o Senado Federal, mas a oposição promete apresentar requerimento que obriga apreciação também no Plenário.

A votação aconteceu sob forte protesto de parentes dos "praças", como são conhecidos os militares que ocupam os postos mais rasos na hierarquia das Forças Armadas. Isso porque três dos quatro destaques apreciados estendiam a chamada gratificação de representação, hoje restrita a oficiais, para qualquer militar.

 O bônus era uma demanda justamente dos "praças", mas acabou sendo derrubado pelo colegiado. Em protesto, eles chegaram a gritar palavras de ordem nas quais afirmavam que o presidente Jair Bolsonaro é um "traidor". Por conta disso, a sessão teve de ser suspensa, mas acabou sendo retomada depois que parte do grupo foi retirado do Plenário.

O Psol chegou a sugerir que, caso a emenda fosse aprovada, deixaria de requerer que o projeto também fosse apreciado no Plenário, mas o acordo não vingou. Uma das explicações pela rejeição é que, nas estimativas da equipe econômica e do Ministério da Defesa, a gratificação teria um impacto fiscal de aproximadamente R$ 130 bilhões em dez anos.

Ex-líder do governo na Câmara dos Deputados, o deputado Delegado Waldir (PSLGO) ironizou a posição do governo contra a ampliação do benefício. "Não sei como o presidente Bolsonaro vai entrar nos quartéis depois dessa posição. Vocês vão deixar as famílias dos praças sem o pão, é uma covardia", disse.

"Quem será a hiena do Exército, Marinha e Aeronáutica? Vamos aguardar e nós veremos", complementou, em referência a vídeo publicado no Twitter do presidente ontem. Por outro lado, o PT votou a favor da medida e ganhou apoio do público presente. A situação contraditória fez parlamentares do PSL acusarem o partido de manipularem os "praças".

"É uma manipulação de um partido político que sempre foi contra as Forças Armadas e as forças de segurança. Eles estão se apropriando do discurso, temos que olhar para o futuro", disse um deputado do PSL.

 

Caixa anuncia nesta quarta nova redução de juros para crédito imobiliário

A Caixa Econômica Federal anunciará nesta quarta-feira (30) nova redução das taxas de juros para o crédito imobiliário. A medida é válida para contratos de financiamento baseados na TR (taxa referencial) e com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE), de acordo com a assessoria de imprensa da instituição.

A redução dos juros será detalhada em entrevista coletiva que será dada pelo presidente da instituição, Pedro Guimarães, às 15h. Nas últimas semanas, a Caixa já havia anunciado cortes em linhas de crédito como o próprio imobiliário e o cheque especial.

 

Mercado vê chance de Selic abaixo de 4%

Considerado quase como um cenário inimaginável há alguns anos, a queda da taxa básica de juros para menos de 4% agora tem uma chance de se concretizar em 2020. Os economistas que mais acertam suas projeções para a Selic na pesquisa Focus - os chamados Top 5 - veem espaço para que o nível seja testado em algum momento do ano que vem caso a atividade tropece mais uma vez, embora este não seja o cenário base desses profissionais. “Se olharmos o espaço para a inflação, existe, sim, a possibilidade da Selic cair a níveis mais baixos que 4% no próximo ano”, diz o economista-chefe do banco Safra, Carlos Kawall.

Ele estima que o IPCA deve ficar em 3,4% em 2019 e 3,7% no ano seguinte - resultados bem inferiores à meta perseguida pelo Banco Central, de 4,25% e 4%, respectivamente. O consenso entre os analistas do Top 5 é de queda da Selic para 4,5% em 2019, com novas baixas no primeiro trimestre de 2020, resultando numa taxa de 4%. Assim, uma normalização da política monetária, com alta de juros, viria apenas em 2021.

Os profissionais apontam, contudo, que o risco maior para o cenário base é de queda mais intensa da Selic no caso de frustração com atividade. “Quando eu olho para frente, minha hipótese é que o ciclo de cortes vai parar em 4%, mas deveria ir um pouco além”, diz o economista-chefe da gestora Vinland Capital, Aurelio Bicalho.

Para ele, o BC deveria levar a Selic para 3,5% em março do ano que vem, tendo em vista que, num contexto de ampla capacidade ociosa, há espaço para a autarquia estimular o crescimento dentro de seu objetivo de levar a inflação para a meta. Ainda assim, Bicalho não acha “nenhum absurdo” caso o BC opte por parar o ciclo de corte de juros com Selic em 4%. “Eu não coloco Selic abaixo de 4% como cenário base porque o atual ciclo de cortes já trouxe a taxa para níveis historicamente baixos. Existem incertezas sobre impacto na economia e o cenário internacional também traz dúvidas.

Por isso, o BC pode ser mais conservador”, diz. Hoje o Copom do BC anuncia sua decisão de juros sob ampla expectativa de corte da Selic, de 5,5% para 5%. O anúncio virá poucas horas após a decisão do Federal Reserve, o BC dos Estados Unidos. À espera dos resultados, o Ibovespa fechou ontem em baixa de 0,58%, aos 107.556 pontos, enquanto o dólar subiu 0,26%, aos R$ 4,0026.

A comunicação do BC e novos indicadores econômicos devem servir de base para possíveis revisões de estimativas para a Selic. Essa é a avaliação do economistachefe da consultoria Parallaxis, Rafael Leão, que não descarta os cenários de Selic abaixo de 4% no ano que vem, mas aguarda as informações para calibrar sua projeção de Selic a 4,5% no fim de 2019 e 2020.

“Como nossa expectativa é de crescimento do PIB entre 1,8% e 2% no ano que vem, uma aceleração significativa ante 2019, ainda acredito que o limite para queda da Selic é em 4%”, explica Leão. “Mas se começar a baixar a expectativa de crescimento, se houver frustração como nos últimos anos, o juro pode ficar mais baixo”, aponta. Ruídos que atrapalhem a retomada da atividade econômica podem resultar não somente em Selic abaixo de 4% como também em um juro real negativo no Brasil, avalia o economista-chefe do banco Fibra, Cristiano Oliveira.

“No cenário base que eu tenho, não vejo essa possibilidade porque avalio que deve haver alguma aceleração da economia. Mas, se esse cenário estiver incorreto e houver algum contratempo, o BC pode ousar mais na questão dos juros no momento em que ele observa as expectativas de inflação ancoradas.”

Para o economista, o BC já está colocando os juros bem abaixo do que se imaginava há seis ou 12 meses, levando o consenso do mercado a projetar juro de 4,50% no fim deste ano, com grande parte dos agentes projetando ao menos manutenção das taxas ao longo de 2020. “Se a economia estiver acelerando, a inflação nos preços livres também vai começar a ganhar força, mas isso pode aparecer somente em 2021 e bem devagarinho”, afirma Oliveira. Vale dizer, ainda, que cada vez mais analistas têm projetado que o atual ciclo de afrouxamento se estenderá para 2020.

Ontem, o Bank of America (BofA) no Brasil cortou sua estimativa para a Selic no fim deste ano de 4,75% para 4,50% e passou a projetar o juro básico a 4% em dezembro de 2020. Para o chefe de economia e estratégia do banco, David Beker, a possibilidade da Selic ser reduzida a menos de 4% dependeria da pressão da atividade na inflação e, também, dos rumos da economia global. “Estamos vendo o juro a 4% porque enxergamos que há folga na inflação para o BC cumprir as metas, já que os índices de preços estão bastante ancorados nas metas”, diz Beker.

“O BC está monitorando. Se o juro chegar no 4% e a atividade estiver dando sinais mais efetivos, ele deve administrar com mais cautela a política monetária.” O cenário de Selic a 4% em 2020 também passou a ser contemplado pela Quantitas, mas a gestora avalia que níveis ainda mais baixos podem comprometer a meta de inflação de 2021, fixada em 3,75%.

“Daria para o BC testar a Selic abaixo de 4%? Sim, se ele olhasse somente para 2020. Mas, nesse caso, a meta de inflação de 2021 estaria um pouco ameaçada. Não adianta nada colocar o juro a 3,5% e ter de subir a taxa de forma mais rápida depois”, diz o economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont.

 

Financiamento imobiliário com poupança cresce 54,5%

O volume de financiamentos imobiliários com recursos da poupança somou R$ 7,59 bilhões em setembro, uma alta de 54,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo a Abecip, associação das instituições que atuam no setor. Na comparação com agosto, houve alta de 13,2%.

O resultado é o maior volume mensal desde maio de 2015. No acumulado de 12 meses (outubro de 2018 a setembro de 2019), os empréstimos de R$ 71,3 bilhões para aquisição e construção de imóveis com recursos do SBPE tiveram alta de 39,0% em relação ao apurado nos 12 meses anteriores. Em setembro, foram financiados 27,2 mil imóveis, alta de 31,5% na comparação anual. De janeiro a setembro, foram 207,7 mil unidades, com alta de 28,1% sobre igual período de 2018.

No total, a Caixa voltou a liderar o mercado no nono mês do ano, ao financiar R$ 2,672 bilhões. O Bradesco aparece em segundo lugar, com um volume de R$ 1,659 bilhão. O Itaú ficou em terceiro lugar, com R$ 1,382 bilhão. A Caixa liderou tanto em construção (R$ 1,096 bilhão) quanto em aquisição (R$ 1,576 bilhão).

 

FOLHA

Financiamento imobiliário tem em setembro melhor mês desde 2015

O financiamento imobiliário com recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) atingiu R$ 7,59 bilhões em setembro, o maior patamar mensal em mais de quatro anos (desde maio de 2015, quando totalizou R$ 9,249 bilhões). A informação foi divulgada nesta terça-feira (29), pela Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito e Poupança).

O valor registrado em setembro também corresponde por um crescimento de 54,5% em relação ao mesmo período de 2018 (quando estava em R$ 4,91 bilhões) e uma alta de 13,2% na comparação com o mês imediatamente anterior (R$ 6,71 bilhões).

Na somatória dos primeiros nove meses deste ano, os financiamentos com recursos da poupança atingiram R$ 54,7 bilhões, elevação de 34,1% ante o mesmo intervalo do ano passado (R$ 40,8 bilhões). Já nos 12 meses até setembro, os empréstimos somaram R$ 71,3 bilhões para a aquisição e construção de imóveis.

Conforme os últimos dados do Banco Central, a maioria das concessões voltadas para crédito imobiliário com recursos direcionados vem de pessoas jurídicas.

Segundo informações do relatório referente a setembro, apesar do montante total ser significativamente menor em comparação à linha de pessoas físicas, respondendo por apenas, 13% do total cedido, a modalidade apresentou um avanço de 30,2% nos financiamentos corporativos, de R$ 922 milhões em setembro de 2018 para R$ 1,2 bilhão no mês passado.

Os empréstimos para pessoas físicas, por sua vez, demonstraram uma alta de 7,39% na mesma comparação, de R$ 7,435 bilhões para R$ 7,985 bilhões.

O mercado também alcançou o total de 27,2 mil unidades financiados com recursos do SBPE nas modalidades de construção e aquisição de imóveis em setembro, um aumento de 31,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já entre janeiro e setembro deste ano, foram 207,7 mil edificações, alta de 28,1% frente igual período de 2018.

Já em termos de captação líquida da poupança brasileira, apesar de o montante registrado em setembro ter sido positivo em R$ 8,09 bilhões, o volume de saques ainda supera os depósitos no acumulado de janeiro a setembro, com a captação líquida negativa em R$ 3,09 bilhões.

Nesse cenário, ainda que as sinalizações de contínua queda da taxa básica de juros (Selic) sejam positivas para o lado tomador dos empréstimos, os quais tendem a ficar cada vez mais baratos, o momento não é dos mais favoráveis para os investidores mais conservadores que costumam deixar o seu dinheiro na poupança. A rentabilidade da poupança nova no acumulado do ano até setembro ficou em 3,34%.

Para os que ainda têm recursos depositados na poupança até 3 de maio de 2012, quando as regras de remuneração atuais passaram a valer, a rentabilidade do período ficou em 4,59% no período.

 

Risco-país do Brasil vai ao menor patamar desde maio de 2013

O cenário local de queda de juros e aprovação da reforma da Previdência, bem como a trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China, levou o risco-país do Brasil ao patamar mínimo em mais de seis anos nesta terça-feira (29).

O risco-país funciona como um termômetro informal da confiança dos investidores em relação a economias, especialmente as emergentes.

Hoje ele é medido principalmente pelo desempenho do CDS (Credit Default Swap). Se o indicador sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país, se ele cai, o recado é o inverso: sinaliza aumento da confiança em relação à capacidade de o país saldar suas dívidas.

Após 15 quedas consecutivas, o CDS de cinco anos do Brasil foi a 117 pontos, menor patamar desde 13 de maio de 2013. Esse período antecedeu os protestos de 2013, que marcaram o início da turbulência política no Brasil e também o ciclo econômico que colocou o país em profunda recessão, da qual saiu com dificuldades.

Além disso, naquele momento, o Brasil tinha o selo de bom pagador concedido pelas agências de classificação de risco S&P, Fitch e Moody’s, outra chancela acompanhada por investidores internacionais ao decidir aplicações em países emergentes, considerados mais arriscados.

O CDS começou a cair de forma mais vigorosa após o Senado concluir, no último dia 23, a tramitação da reforma da Previdência no Congresso. A medida é vista como crucial para estabilizar a dívida pública, o que diminui o risco de um calote no futuro.

Mas o CDS já vinha em trajetória de queda desde o começo do ano, acompanhando a euforia do mercado financeiro que se refletia em outros indicadores. Entre eles estão a alta da Bolsa brasileira para máximas históricas e a queda nos contratos de juros futuros (que sinalizam a remuneração exigida para emprestar ao governo e despencaram a patamares inimagináveis no Brasil).

Nesta quarta-feira (30), o BC (Banco Central) anuncia a nova taxa de juros do país, que deve cair para 5% ao ano, segundo a projeção de consenso dos economistas.

O juro mais baixo também reduz a pressão sobre a dívida e ajuda a reduzir o risco de calote. A Selic saiu de 14,25%, em 2016, para os atuais 5,5%.

“Com a queda de juros, a preocupação com a questão fiscal diminuiu muito. No Brasil, a queda da Selic reduz a evolução da dívida, o que melhora a relação dívida-PIB e contribui para um PIB maior”, afirma José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator.

A euforia local, ainda que seja acompanha de sinalizações de reformas consideradas cruciais por economistas e investidores, tampouco é isolada do mundo.

Assim como no Brasil, os juros estão em queda na maioria dos países —sejam eles emergentes ou ricos, como os Estados Unidos. Por consequência, o risco-país também cede nesses lugares.

A diferença é que para países emergentes a medida de risco pesa mais na decisão de investidores institucionais na hora de movimentar recursos.

“Tirando a Argentina, não tem nenhum emergente quebrado, sem dólar ou sem capacidade de comprar dólar. De maneira geral, não há risco fiscal nos emergentes, há apenas déficit e o risco dos governos darem calote é muito baixo”, diz o economista do Fator.

Para o analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman, porém, a situação brasileira é relativamente melhor, especialmente quando comparada com a da Argentina, o que reforça o viés positivo.

“Temos muitos dados aquém do esperado e ainda não chegamos no patamar de retomada econômica que gostaríamos. Mas o mercado internacional consegue enxergar um potencial no Brasil que nós ainda não conseguimos ver e isso é bastante positivo para nós”, diz.

Indicadores que medem a atração de estrangeiros para o Brasil mostram que o otimismo do CDS ainda não se traduz em entrada de recursos: até a semana passada o fluxo cambial estava negativo em US$ 19 bilhões (R$ 75,86 bilhões), enquanto investidores estrangeiros sacaram R$ 30 bilhões da Bolsa brasileira.

Lima Gonçalves acrescenta que a melhora no CDS não significa que o país terá sua nota de bom pagador elevada em breve, pois os próprios analistas das agências têm dito que a melhor no risco-país é insuficiente para sustentar uma alta no rating.

A melhora dependente principalmente da economia, que ainda deve crescer menos de 1% neste ano, abaixo dos 1,1% registrados em 2017 e em 2018. Para 2020, as estimativas rondam os 2%, patamar considerado pouco robusto.

Economistas estimam que um CDS baixo é instrumento para atrair investimentos, o que elevaria a taxa de crescimento. Nos grandes bancos, há quem aposte na melhora da nota do Brasil em um intervalo de 6 a 12 meses. O selo de bom pagador voltaria em quatro ou cinco anos.

O Brasil perdeu o grau de investimento entre 2015 e 2016, à medida em que a recessão se agravava e a dívida pública crescia apenas sete anos depois de conquistá-lo.

DÓLAR VOLTA A FECHAR ACIMA DE R$ 4 E BOLSA PERDE 108 MIL PONTOS

Nesta terça (29), o dólar subiu 0,25% e fechou a R$ 4,003 após perder o patamar na véspera e fechar em R$ 3,99 pela primeira vez desde 15 de agosto. A Bolsa brasileira caiu 0,6%, a 107.556 pontos. Na véspera, o Ibovespa renovou recorde a 108 mil pontos.

O movimento reflete realização de lucros e cautela de investidores antes das decisões sobre as taxas de juros brasileira e americana, ambas divulgadas na quarta (30). No exterior, o viés foi negativo, com dúvidas do mercado quanto ao acordo comercial entre China e Estados Unidos e quanto a um possível corte de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).

Segundo a Reuters, a ‘fase um’ do acordo provisório entre chineses e americanos pode não ser concluída a tempo para assinatura na cúpula da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), que vai ocorrer no Chile entre 16 e 17 de novembro. Esse era o prazo esperado pelo mercado.

Quanto ao Fed, apesar de a grande maioria dos investidores apostar em um corte de 0,25 ponto percentual no juro americano, que atualmente está entre 1,75% e 2%, o mercado age de maneira cautelosa.

Há ainda um receio sobre balanços de empresas e, após recorde alcançado na véspera, os índices da Bolsa de Nova York fecharam em queda repetindo a Bolsa brasileira.

No ano, o Ibovespa acumula uma alta de 23% no ano. O índice chegou aos 100 mil pontos pela primeira vez 19 em junho, com o otimismo de investidores domésticos com a reforma da Previdência.

A Bolsa entrou em uma trajetória de alta desde a vitória do presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ), em outubro do ano passado, valorização que se acelerou desde a posse, em 1º de janeiro.

O viés altista acompanha o mercado acionário americano. S&P 500, Dow Jones e Nasdaq também bateram suas máximas históricas este ano, com ciclos de cortes de juros e bons resultados das companhias americanas mesmo em meio à guerra comercial.

 

ESTADÃO

Por que hoje a Selic deve escorregar para 5,0% ao ano

O Comitê de Política Monetária anuncia hoje o nível em que a taxa básica da economia vai permanecer pelos próximos 41 dias, e um conjunto de fatores permite prever que a Selic passe dos atuais 5,5% para 5,0% ao ano.

A aprovação da reforma da Previdência Social e uma agenda que dá continuidade a mudanças econômicas estruturais, sugerem maior controle do governo sobre os seus gastos e, por tabela, tendem a retirar pressão da necessidade de financiamento da dívida pública, permitindo que os juros transitem por níveis mais baixos.

Taxa mais baixa pode também contribuir para dar ânimo à economia, que resiste em deslanchar, se a queda dos juros chegar na ponta do crédito, estimulando investimentos na produção. Mas o fator determinante é a inflação bem-comportada e próxima de zero.

Por isso, é provável que o Copom tire mais uma lasca da Selic em sua última reunião deste ano, em dezembro, levando-a para 4,75% ou 4,50% ao ano. Os cortes projetados seguem as expectativas de inflação, também cada vez mais baixas, de acordo com as projeções do Focus. A prevista para este ano, pela variação acumulada do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), está em 3,29%, abaixo do centro da meta de 4,25%, definida para o ano, que o Banco Central mira ao calibrar a Selic.

A inflação estimada abaixo da meta e uma economia travada, sem risco de aquecimento do consumo que coloque pressão sobre os preços, deixam o BC à vontade para dar continuidade ao ciclo de redução da Selic.

A queda da Selic é considerada positiva, sobretudo pelos efeitos fiscais sobre o custo da dívida pública – quase 40% (39,8%) do estoque da dívida mobiliária federal em poder do público é formado por LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), títulos públicos federais com juros pós-fixados indexados à Selic.

Assim, quanto mais a taxa básica cai, menor fica a conta de juros que o Tesouro paga a investidores (pessoas físicas, instituições financeiras e fundos de investimento), que financiam a dívida pública com a compra de seus títulos, as LFT.

A redução do custo financeiro sobre a dívida pública, pela queda dos juros, e a expectativa de melhora do desempenho fiscal com a reforma da Previdência são dois dos principais trunfos com que conta o governo para gerar expectativas positivas que levem à retomada do crescimento.

Vantagem para o Tesouro, menos rendimento para o investidor que financia a dívida pública, seja com a compra direta de LFT pela internet, em sua versão conhecida como Tesouro Selic na plataforma do Tesouro Direto, seja por meio dos fundos de investimento, como o DI e de renda fixa, que têm a carteira composta por esses títulos. E também para quem aplica em caderneta, já que a remuneração da poupança está limitada a 70% da Selic enquanto essa taxa básica permanecer abaixo de 8,50%.

Por enquanto, mesmo com as seguidas reduções da Selic, caderneta e fundos de investimento têm proporcionado um rendimento que contempla ligeira margem de ganho real ou fica emparelhado com a inflação. Alguns fundos DI nem tanto, porque cobram taxa de administração elevada, acima de 0,50% ao ano, e recolhem imposto.

A perspectiva, contudo, não é vista como animadora pelos especialistas. Dependendo do piso da Selic considerado novo normal no fim do ciclo de cortes, o juro de aplicações de renda fixa pode tornar-se até negativo – o rendimento, nesse caso, não seria suficiente sequer para a recomposição, pela correção monetária, da parcela de capital desvalorizada pela inflação, ainda que baixa, pelos novos padrões.

Com uma Selic de 5,0% ao ano, o rendimento da caderneta passa a ser automaticamente de 3,5% ao ano ou 0,29% ao mês. Se o efeito é imediato sobre o retorno da renda fixa, o mesmo não deve acontecer com o juro do crédito. Em algumas linhas, como o cheque especial ou rotativo do crédito, a queda da Selic não é considerada, e as taxas permanecem em níveis que podem ser considerados estratosféricos, para dizer o mínimo.

A taxa média do cheque especial dos cinco maiores bancos do País – Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander –  em outubro, está em 12,3% ao mês ou 301% ao ano. No rotativo do cartão de crédito nesses mesmos bancos, a taxa média está em 11,2% ao mês ou 258% ao ano.

 

'Com estabilidade monetária, convergiremos taxas de juros a níveis mais adequados'

Indicado para a Diretoria de Política Econômica do Banco Central (BC), o economista Fábio Kanczuk afirmou que é com estabilidade monetária que o País convergirá para taxas de juros a níveis mais adequados, “seguindo sempre firmes no objetivo de contribuir para um ambiente de crescimento econômico sustentável".

Kanczuk participa desde a manhã desta terça, 29, de sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Formado em engenharia eletrônica, Kanczuk tem mestrado e doutorado em economia. Ele será o substituto de Carlos Viana de Carvalho, que deixou o cargo recentemente e cumpre período de quarentena.

"Vivi a vida inteira como economista vendo a Selic em níveis altíssimos, de 30% ao ano. Parecia coisa impossível de ser reduzida", lembrou. “A batalha sobre o nível do juro primário no Brasil parece ter sido vencida pelo BC".

O economista afirmou que, apesar do recuo da Selic ao longo dos anos, o juro cobrado dos clientes pelos bancos, na ponta, ainda é "superalto". "De longe, o primeiro tópico de relevância é a redução dos juros na ponta", afirmou aos senadores. "Se eu tiver a honra de ser aprovado por essa comissão, a preocupação número um é essa: redução de juros na ponta", disse.

Questionado por senadores sobre o fato de o cadastro positivo -  que reúne informações de cada consumidor sobre crédito para fornecer informações para o mercado avaliar o risco de inadimplência e, assim, decidir conceder mais crédito ou não - ainda não ter promovido a redução de juros aos clientes de bancos, Kanczuk disse concordar que "até agora não deu para ver nada do cadastro positivo". Ele lembrou, no entanto, que para o cadastro positivo ser bem sucedido é necessário que se forme uma base de dados, a ser consultada pelas instituições financeiras na concessão de crédito.

Kanczuk defendeu ainda que, para que os juros caiam no Brasil, a obtenção de garantias das operações de crédito, pelos bancos, ocorra "de forma rápida e integral". "Em geral, consegue-se pegar menos de 50% das garantias de crédito, depois de quatro anos", comentou.

O economista também demonstrou preocupação com o fato de que os juros do cheque especial e do cartão de crédito no Brasil estarem acima dos 300% ao ano. "Cheque especial e rotativo têm juros mais elevados e são regressivos, prejudicam os mais pobres", afirmou. "Quem recorre a produto emergencial de crédito é cidadão com menos educação", acrescentou Kanczuk, defendendo a eliminação de "subsídios cruzados" que, segundo ele, prejudicam o custo dos produtos emergenciais.

Ele defendeu ainda que o Banco Central tem assegurado um sistema financeiro “sólido e eficiente, capaz, entre outras funções, de prestar serviços financeiros adequados à população, de permitir um planejamento e gerenciamento adequado dos riscos financeiros, uma intermediação eficiente de recursos, contando sempre com regulação prudencial e com supervisão abrangente e profunda, reconhecidas por sua eficácia e sucesso".

 

 

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