Quarta-feira

Governo quer prazo de dois anos e meio para fim de obras paradas do Minha Casa

O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) prepara uma medida provisória que fixa um prazo de dois anos e meio para que as construtoras finalizem as obras ainda pendentes do Minha Casa Minha Vida. Caso não aceitem, as empresas vão ter de devolver os recursos que já receberam da União, somados a juros e correção monetária.

O texto da MP está agora no Ministério da Economia, onde se discute a liberação de R$ 280 milhões para o término das obras, sendo R$ 150 milhões em recursos novos. Segundo dados do governo, estão inconclusas 44.426 moradias em 1.895 municípios de 25 Estados. A MP trata da modalidade do programa para cidades de até 50 mil habitantes e famílias com renda de até R$ 1,6 mil por mês.

O Estado teve acesso à minuta da MP e às notas técnicas do ministério. As obras dessa modalidade do programa estão paralisadas desde 2018, porque expirou o prazo para conclusão previsto em lei. A MP não trata de regras para a expansão do Minha Casa, programa criado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O texto determina que empresas ou agentes financeiros responsáveis por obras atrasadas devem se manifestar em até dois meses (a partir da assinatura da MP) para demonstrar interesse em entregar as unidades habitacionais. Caso não haja resposta, o governo deve inscrever os inadimplentes na dívida ativa da União.

Os recursos que restam para finalizar a construção só seriam liberados após a entrega da unidade. Segundo nota assinada no começo de novembro por técnicos do MDR, a ideia é distribuir gradativamente os recursos: R$ 100 milhões em 2020; R$ 100 milhões em 2021; e R$ 80 milhões em 2022.

A medida deve permitir ainda que Estados e municípios trabalhem com as empresas para a conclusão das obras, desde que não sejam utilizados recursos da União. A troca de ofícios entre técnicos do Desenvolvimento Regional e da equipe econômica mostra que havia interesse em inserir na proposta de Orçamento de 2020 recursos para a conclusão das obras – o que não ocorreu.

Em documento ao secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, o número 2 do MDR, Mauro Biancamano Guimarães, afirma que um novo aporte será necessário para terminar as obras, mesmo contando com os recursos do chamado restos a pagar – despesas registradas no Orçamento, mas transferidas de um ano para outro. O ofício foi enviado em 13 de novembro.

Para ganhar força de lei, a MP precisa ser assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e publicada no Diário Oficial. O texto ainda poderá ser alterado no Congresso, com sugestões de deputados e senadores. Procurado, o Ministério da Economia não se manifestou sobre a proposta.

 

Médio padrão entra na mira de construtoras

Motor do mercado imobiliário, o Minha Casa Minha Vida chegou a responder por dois terços dos negócios do setor nos últimos anos. Mas a redução de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para abastecer o programa habitacional obrigou incorporadoras como MRV e Direcional a revisarem suas estratégias e redirecionarem parte dos projetos para o segmento de médio padrão – com o desafio extra de readequar seu modelo de negócios.

Copresidente da MRV, Eduardo Fischer afirmou que já há menor disponibilidade de recursos no FGTS do que antes. “Em vez de ficar com o risco na mão, que é a limitação do FGTS, vamos nos expor menos ao programa”, disse. A MRV é a maior operadora do Minha Casa Minha Vida, com cerca de 10% de participação no volume anual de obras contratadas. A empresa comunicou que reduzirá gradualmente os projetos do programa em seu portfólio do nível atual de 80% para cerca de 40% nos próximos anos.

O plano de mudança, porém, foi alvo de ataques do mercado, que vê riscos na transição. O Credit Suisse publicou relatório rebaixando a recomendação para as ações da MRV para “underperform”, o que significa uma perspectiva de desempenho abaixo da média do mercado.

Os analistas Luis Stacchini, Eduardo Quiroga e Vanessa Quiroga, do Credit Suisse, afirmaram que o redirecionamento de parte dos projetos da MRV para o setor de médio padrão é necessário para manter o tamanho da empresa em meio à diminuição prevista do Minha Casa. No entanto, eles estimaram que essa mudança levará tempo para ser implementada, vai sugar recursos do caixa e diminuir os retornos no curto prazo, o que justificou o corte nas projeções para as ações da empresa.

A mesma estratégia foi adotada pela Direcional. A empresa anunciou que também vai ampliar os lançamentos de imóveis fora do Minha Casa, com preços um pouco acima do teto do programa, o que a companhia chama informalmente de “faixa 4”.

A mudança vem na esteira de gargalos de recursos do programa, e na oportunidade de financiar os empreendimentos com linhas de crédito de mercado cujas taxas foram reduzidas. “Há uma oportunidade enorme pela frente com as mudanças no cenário macroeconômico”, afirmou o presidente da Direcional, Ricardo Ribeiro, durante reunião com investidores e analistas de mercado.

Perspectivas

A mudança de foco das construtoras leva em conta o movimento crescente de negócios no segmento de médio e também de alto padrão, que parece ter deixado no passado o período de crise. Os balanços do último trimestre das companhias mostraram redução dos estoques e aceleração de novos projetos, apontando para um novo ciclo de crescimento. São os casos de Cyrela, Even, Eztec, Helbor e Trisul.

A avaliação de analistas é que, mesmo sem a recuperação do emprego e da renda dos consumidores, a queda acentuada nas taxas de juros do crédito imobiliário garantiu aumento do poder de compra nos estandes. O diretor de relações com investidores da Eztec, Emílio Fugazza, classificou o atual momento como de retomada. “Alguns fatos nos indicam que é um ‘boom’. Um deles é a velocidade de vendas. Não temos nenhum projeto com menos de 60% das unidades vendidas em seis meses.”

O diretor-presidente da Even, Leandro Melnick, espera um aumento no preço dos imóveis ao longo dos próximos trimestres, após anos com reajustes reprimidos pela crise nacional. Segundo ele, o escoamento do excesso de imóveis nos estoques e os lançamentos de novos projetos nos bairros mais nobres e de maior demanda darão força a um movimento de alta nos preços. “Estamos bastante positivos para o quarto trimestre”, afirmou ele, durante reunião com analistas de mercado.

 

Brasil vive momento diferente em relação a países latinos, diz Mansueto

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou nesta terça-feira que o Brasil tem elementos que diferem dos outros países da América Latina afetados pela onda de instabilidade na região. O questionamento foi levantado em sua participação no CEO Forum do Bradesco, em Nova York. “O Brasil está num momento icônico, é tido como o país mais reformista da América Latina. Hoje, a gente vê problemas políticos em países que tinham uma estabilidade muito grande. E a gente tem alguns movimentos contrarreformas em países que há cinco ou seis anos eram tidos como reformistas,” disse.

Umas maiores dúvidas entre executivos nos bastidores do evento era a possibilidade de a instabilidade no continente contaminar o Brasil, especialmente num momento em que a cotação do dólar atinge novo recorde. Num contexto em que realmente se diferencie dos vizinhos mais turbulentos, Mansueto acredita que o Brasil retomar o grau de investimento até o fim do governo é “totalmente possível” e depende do que o governo conseguir aprovar da agenda reformista. “Vários economistas colocam a reforma tributária como empecilho para o Brasil crescer mais rápido,” disse o secretário.

“A [reforma] da Previdência que foi aprovada era impossível de ser aprovada há um ano,” afirmou, lembrando do clima na Esplanada dos Ministérios quando o teto de gastos foi aprovado, em 2016. “Precisava botar um tapume, porque o pessoal que era a favor não podia olhar o pessoal que era contra, senão ia ter briga.” Conseguiu-se a reforma da Previdência e o governo também encaminhou uma série de outras reformas sem problemas, ressaltou. O mesmo raciocínio vale para as atuais propostas tributárias e a independência do Banco Central, observou ainda.

Segundo o secretário, o País está terminando 2019 em situação melhor que o esperado, exceto pelo crescimento. Ele culpou a incerteza em relação à capacidade do governo de aprovar a reforma da Previdência, o desastre em Brumadinho e a crise argentina pelas previsões frustradas.

Juros baixos O secretário afirmou que a redução dos juros já começou a chegar nos tomadores e citou alguns setores importantes para a geração de emprego, como o imobiliário, que já estariam começando a reagir. Mansueto ressaltou a queda brutal na Selic nos últimos anos que permitiu ao governo emitir uma Letra do Tesouro Nacional (LTN) de 12 meses com juro abaixo de 1%, por exemplo. “Antigamente, os estrangeiros vinham para o Brasil porque ele pagava juro alto. Hoje, eles fazem isso com o México”, disse Mansueto para exemplificar a mudança de paradigma.

“Ninguém esperava essa trajetória de juros” no Brasil, salientou. A dívida pública certamente encerrará o ano em no máximo 80% do PIB, um patamar que deve receber ajuda de mais um pagamento do BNDES ao Tesouro nas próximas semanas, de R$ 30 bilhões, disse Mansueto. Por outro lado, mesmo que a histórica queda da Selic propicie um patamar mais baixo nas novas emissões, o país ainda precisa lidar com o legado de títulos de juros altos emitidos em 2015 e seu consequente efeito na chamada “regra de ouro” do orçamento, concluiu o secretário.

 

Apesar do câmbio, ciclo de cortes da Selic deve seguir

Embora o dólar tenha alcançado novas máximas históricas, ao superar a marca psicológica de R$ 4,20 na segunda-feira, as expectativas de inflação permanecem contidas e respaldam a continuidade do ciclo de corte de juros no Brasil. Essa é a avaliação de boa parte dos analistas consultados pelo Valor, que reconhecem o aumento das incertezas derivadas do movimento do câmbio, mas continuam vendo espaço para novas reduções da taxa Selic até o começo de 2020.

A leitura dos profissionais de mercado ecoa, inclusive, declarações do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que ainda não vê impacto da recente apreciação do dólar nas expectativas de inflação. Ontem, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o dirigente afirmou que “sempre é notícia quando [o câmbio] tem algum movimento”, minimizando um pouco as turbulências recentes. Além disso, ele afirmou que não há mudanças na política cambial brasileira e disse que, até o momento, a desvalorização do câmbio não influenciou as expectativas de inflação.

O risco desse cenário seria de que a depreciação do real pudesse ser repassada para os preços dos produtos brasileiros, afetando as projeções para a inflação. No entanto, analistas têm afirmado que a ampla diferença entre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e seu potencial, assim como uma recuperação ainda gradual da atividade e um mundo em desaceleração, diminuem bastante o efeito do repasse cambial.

Para o presidente do BC, a depreciação do real em relação ao dólar é diferente das demais ocasiões por vir acompanhada de uma melhora da percepção de risco. No entanto, segundo ele, “se a desvalorização começar a afetar o canal de expectativa de inflação, daí é outra história. Nós vamos ter de fazer uma atuação diferente”.

Para o economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel Weeks, Campos foi “claro” durante a audiência na CAE do Senado ontem. “O câmbio só vai incomodar quando pegar nas expectativas de inflação. É difícil falar quando isso vai acontecer, não se trata de um patamar específico. Quando o dólar passou de R$ 3,80 para R$ 4, também não incomodou. Então é preciso olhar outras coisas”, diz.

Com a inflação ainda em níveis controlados, as perspectivas para a política monetária permanecem inalteradas para alguns agentes. “Seguimos com a projeção de Selic entre 4% e 4,25% no fim do ciclo”, diz Cássio Andrade Xavier, gestor de renda fixa da Sicredi Asset. Para ele, o BC continua a sinalizar que se guiará pelos indicadores econômicos e isso mantém viva a chance de o juro básico cair a 4%, mesmo com o dólar no pico histórico, já que “a inflação não deve ser incomodada”.

Xavier afirma que a economia deve mostrar números mais positivos de atividade em 2020. Ainda assim, “isso não deve ser suficiente para incomodar o BC, que deve testar a taxa básica em níveis mais baixos”. É no que acreditam, também, os economistas da TD Securities.

Para eles, até que o crescimento econômico mundial se estabilize, o dólar deve permanecer fortalecido em relação ao real e há o risco de a moeda americana permanecer, de forma sustentada, acima de R$ 4,20. Mesmo assim, o banco de investimentos canadense acredita que os planos do BC de novas reduções nas taxas de juros devem continuar sobre a mesa, já que “o hiato do produto permanece amplo e está se fechando muito lentamente para que o BC veja muito risco”.

No caso de a expansão da economia global perder ainda mais fôlego em 2020, os economistas da TD Securities veem, ainda, a chance de a Selic terminal ser de 3,75%. “Vemos espaço para cortes adicionais aos precificados hoje pelo mercado”, diz o banco canadense em relatório. Por enquanto, os contratos futuros de juros apontam para cerca de 70% de chance de uma redução de 0,50 ponto percentual da Selic na última reunião deste ano.

Ontem, as negociações com contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) ficaram concentradas nos vértices mais curtos e intermediários da curva a termo, deixando claro que a política monetária é o principal fator no radar dos investidores. Mesmo com alguma instabilidade ao longo do dia, os juros futuros encerraram a sessão regular em leve queda, enquanto as taxas dos contratos de mais longo prazo observaram recomposição de prêmio.

Na B3, a taxa do contrato para janeiro de 2021 caiu de 4,68% no ajuste anterior para 4,66% no fim da sessão regular, enquanto a do DI para janeiro de 2022 recuou de 5,30% para 5,29%. Já a do contrato para janeiro de 2023 operava inalterada, a 5,82%. Na ponta longa da curva, a taxa do DI para janeiro de 2025 subia de 6,36% no ajuste anterior para 6,39%. Vale dizer, contudo, que as incertezas derivadas do movimento do câmbio não passam desapercebidas.

O banco holandês ING, por exemplo, cogita ajustar sua projeção para a taxa básica de juros em 2020 de 4% para 4,25% diante das incertezas trazidas pela alta do dólar. “Ainda tenho o cenário de Selic a 4% para o ano que vem, mas as chances de ficar em 4,25% aumentaram muito. Esse deve ser o cenário mais provável agora”, diz o economista-chefe para América Latina da instituição, Gustavo Rangel. Para ele, o câmbio é hoje “a principal variável que vai determinar o espaço para o BC ir além de 4,5% [no ciclo de corte de juros]”.

 

Pressão recente sobre o dólar reflete cessão onerosa e AL

A piora da percepção do investidor internacional sobre a América Latina e a frustração com a participação dos estrangeiros no leilão dos excedentes da cessão onerosa explicam a pressão sobre o câmbio das últimas semanas, avaliam analistas consultados pelo Valor. No fim de outubro, a moeda americana era cotada em torno de R$ 4,01, refletindo a soma de diferentes fatores positivos: a aprovação final da reforma da Previdência, a perspectiva de um acordo comercial entre China e EUA e a expectativa de que poderia haver uma forte entrada de recursos atraídos pelos leilões da cessão onerosa.

Esse cenário mudou rapidamente e, em pouco mais de duas semanas, o dólar superou a máxima histórica em relação ao real, encerrando na segunda-feira pela primeira vez acima de R$ 4,20. Nesse período, o dólar acumulou alta de 4,75%, abaixo apenas dos 6,43% registrados ante o peso chileno. “Estamos em um momento ruim para a América Latina. Junta isso com a decepção com a cessão onerosa e temos essa rápida volta a R$ 4,20”, diz Luiz Eduardo Portella, sócio e gestor da Novus Capital. “Acredito que essa combinação muda o patamar em que o dólar negociava, parece que estamos em um novo equilíbrio agora.”

Vale notar que o noticiário que levou à depreciação do câmbio não é exatamente “novo”, afirma Roberto Campos, sócio e gestor da Absolute Investimentos. “Não aconteceu nada em um dia, é um movimento que acontece há algum tempo”, diz. Aliado a essas questões, está o fato de que a agenda econômica parou de andar em Brasília. Enquanto membros do governo admitem que a reforma administrativa deve ficar para o ano que vem, o caminho da reforma tributária deve ser mais longo.

Na terça-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou fortemente a proposta apresentada pelo governo, dizendo que fatiar o tema é “condená-la ao fracasso”. A conjunção desses problemas também foi citada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o dirigente ressaltou, por outro lado, que a depreciação do câmbio não piorou a percepção de risco do Brasil nem deteriorou as expectativas de inflação.

Uma forma de olhar o risco país, o spread dos contratos de CDS (“credit default swap”, espécie de seguro contra calote) de cinco anos do Brasil passou de 115 pontos para 125 pontos desde o começo da semana passada, uma alta de 9%. A variação está em linha com a de outros países da região, como México (10%) e Colômbia (12%). Em um indicativo de que a cautela é regional, o spread do CDS de outros emergentes comparáveis andou menos.

No caso da África do Sul, a alta foi de apenas 1%. Já o spread da Turquia caiu de 329 para 303 pontos, queda de 8% no período. Após atingir nova máxima histórica na segunda, o dólar não teve força para continuar subindo e encerrou em leve queda ontem, aos R$ 4,1988. O recuo ocorreu mesmo com o ruído causado pelo cancelamento do leilão no mercado à vista conjugado com swap reverso. De acordo com a assessoria do BC, o feriado do Dia da Consciência atrapalharia a liquidação da operação. Para compensar o cancelamento, o BC informou que distribuirá o valor em outros certames.

 

Bradesco vê fluxo externo e avanço de reformas

O Bradesco acredita no avanço da agenda de reformas e na retomada do fluxo de investimento estrangeiro para o Brasil em 2020. O presidente-executivo do banco, Octavio de Lazari Junior, disse ontem que a reforma tributária deve ser aprovada pela Câmara no primeiro semestre de 2020 e que o país pode recuperar o chamado grau de investimento das agências de rating a partir do próximo ano.

Nesse cenário, o mercado de ações tem potencial para atrair entre US$ 100 bilhões e US$ 150 bilhões em investimentos estrangeiros nos próximos anos. Lazari admitiu que o banco tinha expectativas “um pouco mais eufóricas” há um ano quando o novo governo se preparava para chegar ao poder. Agora, o cenário vislumbrado para 2020 é tão positivo quanto o esperado para 2019, mas “um pouco mais maduro” por causa das reformas que já foram aprovadas, disse.

Com a reforma da Previdência aprovada, Lazari considera que o próximo passo para ajudar a retomada da economia é realizar mudanças na área tributária. Fazer a reforma tributária teria um ganho “incomensurável” para o setor privado, ressaltou o executivo, lembrando o grande número de funcionários que as empresas precisam dedicar ao tema - o próprio Bradesco emprega 280 nessa função. “Simplificando, você libera um monte de custos que as empresas não teriam que ter.”

“A expectativa para 2020 ainda não está contratada, mas está muito mais amadurecida do que a gente viu ano passado.” Os empresários ainda estavam muito retraídos este ano e o que houve de crescimento de crédito veio dos consumidores e das pequenas empresas, disse. Exceto pelas operações de mercados de capitais, não houve muita demanda por crédito entre as grandes empresas, completou Lazari.

Em outro sinal do seu otimismo com o Brasil, Lazari disse que o país pode retomar o grau de investimento no ano que vem. “O Brasil está merecendo o grau de investimento”, disse. Em retrospeto, apesar do ruído entre Executivo e Legislativo, cada um assumiu o seu papel em 2019 para levar adiante a agenda reformista, disse o executivo. “Essa reforma [a previdenciária] só saiu porque houve esse espírito de fazer as coisas acontecerem”, com o Legislativo encampando a agenda reformista do governo para a área econômica, afirmou Lazari, durante a nona edição do CEO Forum do Bradesco BBI, em Nova York, que deve reunir mais de mil executivos em dois dias de evento.

Marcelo Noronha, vice-presidente de atacado do Bradesco, disse que o banco enxerga a área de saneamento como a mais promissora do setor de infraestrutura do Brasil no momento. Ele vê potencial de investimento estrangeiro em ações entre US$ 100 bilhões e US$ 150 bilhões a partir de 2020. Alessandro Farkuh, diretor do Bradesco BBI, disse que o banco de investimento espera um grande volume de empresas de médio porte buscando o mercado de capitais em 2020.

“O volume de emissões em 2020 deve ficar maior do que temos visto historicamente”, disse Farkuh. Mas ele alertou que, embora haja interesse estrangeiro, faltam ativos. “Eles estão vindo para o [mercado] primário, mas ainda não para o secundário”, disse. De R$ 75 bilhões até outubro, o país pode ver R$ 90 bilhões ou até R$ 100 bilhões este ano em emissões de ações, de acordo com Bruno Boetger, diretor-executivo do BBI.

O diretor-executivo Renato Ejnisman disse que o banco tem percebido uma propensão maior na economia para fazer investimentos e olhar oportunidades de expansão, seja por aquisição ou investimentos orgânicos. Ele também vê os investidores estrangeiros “descolando” o Brasil de outros mercados emergentes devido ao progresso das reformas, e até pedindo produtos de investimento específicos para o país. Para ele, 2020 será o melhor ano do banco devido ao grande número de empresas de médio porte que o banco de investimento vê interessadas em entrar no mercado.

 

Ibovespa cai com tensão na AL e pressão sobre emergentes

A véspera do feriado em algumas cidades do Brasil — inclusive em São Paulo, que manterá a bolsa fechada amanhã — reservou para o mercado de ações giro financeiro reduzido e nova pressão de vendas. Com o ambiente internacional ainda difícil para países emergentes e para latino-americanos em especial, as instituições financeiras e a Petrobras penalizaram o movimento do Ibovespa, que desceu até a faixa dos 105 mil pontos. Não fosse pelo desempenho da Vale (1,16%), o Ibovespa teria registrado uma performance ainda pior. O índice encerrou em baixa de 0,38%, aos 105.864 pontos, com giro financeiro de R$ 10,1 bilhões.

Entre as perdas, destaque para B3 (-2,24%) e Itaú Unibanco (-1,10%), além da Petrobras (-1,42% a ON e -1,03% a PN). Na tarde de hoje, o presidente americano, Donald Trump, afirmou, via sua conta na rede social Twitter, que haverá novas altas de tarifas, se não houver acordo comercial com a China. Ontem, relatos da imprensa internacional deram conta de que os chineses desconfiam do avanço da primeira fase do acordo comercial fechado com os americanos, já que Washington está resistente a retirar as tarifas já impostas a produtos do gigante asiático.

Esse vaivém em torno do tema continua cobrando seu preço dos ativos considerados mais arriscados, caso dos emergentes, porque os agentes ainda temem os efeitos da continuidade da guerra comercial e da imposição da tarifas sobre o comércio mundial. Esse tipo de impacto é ainda mais relevante em um mundo que já encontra dificuldades de crescer, mesmo que não entre em recessão, como cogita a maioria dos gestores atualmente.

“Os dados da balança comercial divulgados ontem vieram ruins, com a exportação caindo bastante. A dinâmica do comércio global está tão ruim que estamos sofrendo diretamente no câmbio. O dólar pode realmente mudar de patamar, mesmo com o Brasil indo bem em termos de expansão da atividade no quarto trimestre”, afirma Vicente Matheus Zuffo, gestor da SRM Asset.

Com o dólar dando “claras demonstrações” sobre o tamanho da incerteza internacional, o investidor estrangeiro evita ainda mais a exposição ao Brasil porque, mesmo que ele ganhe poder de compra sobre as ações, não há interesse em ficar exposto ao risco em um contexto de elevada volatilidade. Segundo especialistas, o crescimento do país é o que poderia amenizar esse efeito internacional. Com as expectativas altas quanto à retomada, mas sem um ganho de tração mais firme da atividade, a demanda por risco permanece reduzida.

No acumulado de outubro até o dia 14, os estrangeiros já sacaram R$ 5 bilhões do segmento secundário (ações já listadas) da B3. Em 2019, a retirada já está em R$ 35,4 bilhões — até aqui, o montante supera os saques feitos no auge da crise financeira, em 2008. Mesmo considerando a entrada de R$ 27,07 bilhões no segmento primário (novas ações distribuídas em ofertas iniciais ou subsequentes) neste ano, os estrangeiros estão com posição líquida negativa de R$ 8,4 bilhões.

O otimismo da “Faria Lima”, como são informalmente agrupados os gestores concentrados nessa região em São Paulo, não parece se refletir de maneira clara na economia, afirmou a 3R Investimentos, em carta distribuída hoje a clientes. Embora existam “óbvias transformações estruturais” em curso no Brasil, com possível impacto no preço dos ativos e benefícios no longo prazo, a gestora continua um pouco mais cética com a recuperação e com mais cautela do que a visão média do mercado.

Para a 3R, os problemas em nível global — elevada dívida de alguns países desenvolvidos, excesso de estímulos e piora na balança demográfica — são fatores que pesam muito na alocação de recursos mundialmente. E, além disso, na frente doméstica, “os desafios são maiores do a média do mercado acredita”, o que mantém a visão cautelosa, sobretudo com os choques de curto prazo.

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