Quinta-feira

AGORA RN

Construção civil dá sinal de recuperação e tem saldo positivo de empregos em 2019

O setor da construção civil no Rio Grande do Norte pode fechar o segundo ano consecutivo com saldo positivo de empregos. Até novembro deste ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o número de carteiras assinadas superou a marca de 16 mil. De acordo com os dados do Caged, que são fornecidos pelo Ministério da Economia, a construção civil potiguar admitiu 16.704 pessoas entre janeiro e novembro, enquanto que outras 15.543 foram desligadas no mesmo período.

O saldo positivo é de 1.161 empregos, o que representa variação positiva de 4,5%. Em novembro, as empresas potiguares contrataram 1.390 pessoas, o que representou 11% do total de empregos abertos no mês (11.606). No mesmo período, a construção civil promoveu o desligamento de 1.238 trabalhadores.

O resultado, segundo a pesquisa, é o melhor do setor dos últimos dois anos, mas já aponta para uma gradual recuperação após perdas consecutivas desde 2014. No fim de 2017, o saldo de empregos fechou no vermelho, com queda de 4,84%. Em 2018, o saldo positivo foi de 1,14%, com um total de 19 mil carteiras assinadas.

De acordo com o estudo de sondagem da indústria da construção, elaborado pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), as expectativas do setor para os próximos seis meses apontam otimismo com relação à evolução do número de empregados. Para dezembro deste ano, a pesquisa aponta que as expectativas dos empresários melhoraram em relação aos índices de nível de atividade, compras de matérias- -primas e número de empregados.

Em dezembro, o índice que mede a intenção de investimento (compras de máquinas e equipamentos, pesquisa e desenvolvimento, inovação de produto ou processo) na Indústria da Construção alcançou 32,0 pontos, 1,6 pontos abaixo do valor registrado em novembro (33,6 pontos) e 1,2 pontos acima do indicador de dezembro de 2018 (30,8 pontos).

Na avaliação de Marcus Aguiar, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Norte (Sinduscon-RN), o setor passa por uma recuperação lenta, mas consistente. Segundo ele, o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve crescer em torno de 1,2% em 2019 e a construção civil acompanhará esse crescimento no Rio Grande do Norte. Ele também aposta na aprovação do plano diretor de Natal para aquecer ainda mais o setor da construção civil.

“Os estoques estão baixos, portanto, o mercado carece de novos lançamentos. A conclusão da revisão do plano diretor vai atribuir novas diretrizes urbanísticas para o incremento em construções”, diz. A expectativa da Prefeitura do Natal é de que o texto seja apreciado pelos vereadores da capital até maio de 2020. Por enquanto, segundo Marcus Aguiar, o setor aguarda novos lançamentos imobiliários e algumas obras de infraestrutura por parte do Estado e da prefeitura do Natal. “Mas não há nada em definitivo nesse sentido”, finaliza.

 

VALOR

 ‘Não espero mudanças na política monetária’

Com o consumo cada vez mais dependente de políticas monetárias acomodatícias de bancos centrais, a economia global não terá como sair do cenário atual, de estagnação secular, sem uma mudança significativa nas estruturas fiscal e de distribuição de renda dos países desenvolvidos. Esta é a opinião do comentarista-chefe de economia do “Financial Times”, Martin Wolf.

“Esse cenário de baixas taxas de juros e estagnação secular que estamos enfrentando - e que foi maquiado até 2007 pelo boom do crédito - é um reflexo, em parte significativa, da tendência de distribuição em uma série de economias bem importantes”, afirmou em entrevista ao Valor. Não consigo ver nada que leve as grandes economias a se saírem melhor [em termos de crescimento] no ano que vem” Wolf defende que a concentração de renda em países como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha é um fator que fragiliza fundamentalmente o consumo, aliado a outras questões como o envelhecimento da população nas economias centrais.

Ele não vê, entretanto, uma movimentação significativa nesta direção e, por esse motivo, acredita que 2020 será um ano não muito diferente do que este: com crescimento fundamentalmente fraco, e juros muito baixos impedindo uma desaceleração maior. Já nos EUA, a força da atividade, como a vista em 2019, continuará calcada no consumidor, grande parte responsável pela resiliência da economia do país. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Valor: O consumo tem sido o principal ponto forte da economia americana neste ano. O senhor também espera que a força do consumidor nos EUA se sustente em 2020?

Martin Wolf: Existe uma grande questão para as economias em que o endividamento dos consumidores está relativamente alto e o crédito é um contribuinte importante para a disposição das pessoas em consumir. Eu aprendi a nunca subestimar a resiliência do consumidor dos EUA. Mas eu não consigo ver nada que vá torná-lo mais forte. E, é claro, se houver algum choque, há várias possibilidades que poderiam direcionar as pessoas. Algo como um choque nos preços das residências, ou uma alta dos juros, ao invés de uma queda, embora nada disso me pareça muito provável. Então, acredito que poderíamos ver o consumo em desaceleração. Olhando as projeções do FMI [Fundo Monetário Internacional] para o ano que vem, eu percebo que eles acham que haverá uma recuperação modesta em relação aos números de 2019. Eu acho que muito disso se deve à perspectiva de que haverá uma estabilização nos países que tiveram desempenhos especialmente ruins. Eu suspeito que eles estejam sendo um pouco otimistas demais, mas isso é bem consistente com a visão que eu tenho. Mas não há dúvidas de que o consumo em países em que a população tomou muito crédito, como nos EUA e no Reino Unido, está certamente vulnerável a uma piora da confiança e do crédito ao consumidor.

Valor: Um dos artigos que o senhor escreveu nos últimos meses fala do aumento da desigualdade de renda nos EUA e no Reino Unido. O senhor acha que isso teria um efeito negativo sobre os consumidores ou seria um efeito de longo prazo?

Wolf: Eu acho que já teve. Cumulativamente, ao longo dos últimos 15, 20 anos, talvez até antes, um dos motivos para o que chamamos de ‘estagnação secular’ é uma economia em que, sem um crescimento muito rápido do crédito, não há demanda suficiente. E um dos motivos para isso é o fraco crescimento da renda de grande parte da população. A mudança na renda foi mais acentuada nos Estados Unidos, em direção a pessoas que tendem a poupar grande parte da sua renda. E uma mudança também em direção ao capital, e donos de capital também tendem a poupar grande parte dos seus ganhos. Há outros fatores, mas eu acho que este cenário de baixas taxas de juros e estagnação secular que estamos enfrentando - e que foi maquiado até 2007 pelo boom do crédito - é um reflexo, em parte significativa, da tendência de distribuição em uma série de economias bem importantes. Especialmente na Itália e nos Estados Unidos, mas também na Alemanha, onde a demanda das famílias se enfraqueceu e a distribuição de renda piorou. Então eu não acho que isso é um problema de agora, mas um problema que estamos tendo há um bom tempo. E segue.

Valor: Isso seria parte do motivo para sermos tão dependentes da política monetária para impulsionar a economia?

Wolf: Sim. Eu acho que este é, de fato, o ponto crucial. O que eu defendo no meu livro mais recente é que, estruturalmente, nós nos tornamos dependentes do crédito ou dependentes de dívida porque a demanda por produção em nível global ficou relativamente fraca. Nos tornamos muito dependentes da demanda por investimentos e muitas economias se tornaram muito dependentes da demanda por exportação. Antes de 2007, o grande motor de demanda no mundo eram os Estados Unidos e países europeus como Reino Unido, Irlanda, Espanha, além da Europa Oriental Central. Houve um crescimento do crédito muito rápido nessas economias. Isso deu suporte a um enorme investimento em construção residencial e também ao consumo, e essa demanda sustentada nas economias permitiu que a China e a Alemanha gerassem um enorme superávit em conta corrente e que outros países do norte europeu fizessem o mesmo. Isso continuou até 2007, quando explodiu. A dívida se tornou excessiva e os preços das casas entraram em colapso, e então tivemos uma recessão mais profunda. Isso foi seguido por um curto período de tempo em que a política fiscal foi a principal fonte de demanda. Em 2011, isso foi interrompido porque os chineses pararam de depender das exportações e basicamente mudaram a economia para um enorme boom de investimentos, que foi impulsionado por uma expansão de crédito.

Valor: Os países emergentes também se endividaram, certo?

Wolf: O Brasil é um exemplo disso, assim como a Índia. E, no mundo desenvolvido, os países que estavam tomando dívida pararam de emprestar tanto. Isso enfraqueceu a demanda maciçamente e a China ajudou, mas não o suficiente para compensar o buraco fiscal no mundo desenvolvido. Então, para dar sustentação à demanda no mundo desenvolvido, a política monetária teve que se tornar incrivelmente agressiva. O objetivo principal é manter algum crescimento do crédito e a bolha impediu um completo colapso das dívidas, em uma espécie de fenômeno massivo de falências, que vimos pela última vez na Grande Depressão. Então, a política monetária foi usada para impulsionar o crescimento do crédito porque a demanda global subjacente estava fraca. Eu não consigo citar todos os motivos para essa fraqueza, mas um deles foi a desigualdade e agora temos o envelhecimento, que afeta profundamente a demanda por investimentos. De qualquer modo, o resultado é que usamos o crescimento do crédito para impulsionar a economia global até 2007. Depois da bolha de crédito no mundo desenvolvido, usamos o crescimento do crédito na China e em algumas economias emergentes, além de algumas políticas fiscais e, mais importante, as taxas de juros extremamente baixas, que permitiram algum crescimento do crédito e possibilitaram que evitássemos uma grande onda de falências dos setores privado e público. Um colapso da dívida, essencialmente. Então, sim, a minha visão é que desde os anos 90, na realidade, nós temos sofrido com um ciclo em que ou temos uma grande bolha de crédito em algum lugar, ou temos uma demanda fraca no mundo. E, como eu não espero que estas condições mudem, estou bem pessimista em relação ao crescimento da demanda na economia global como um todo ao longo dos próximos anos.

Valor: E o senhor espera que a política monetária continue acomodatícia?

Wolf: Eu não espero nenhuma mudança nisso. O evento mais significativo em relação a isso é o fato de que o Fed teve que começar a afrouxar a política monetária em um momento em que os juros nem chegaram a passar dos 2,5%, que é um nível incrivelmente baixo em um ciclo de expansão. Então, o crescimento subjacente da demanda está secularmente fraco e o crescimento do crédito mascarou isso por algum tempo, mas infelizmente o crescimento do crédito não é uma solução permanente. De fato, ele deixa uma grande dor de cabeça depois que acaba, porque no fim, além da demanda fraca que já tinha no começo, fica uma dívida excessiva, que enfraquece ainda mais a demanda. E é aqui que eu acho que estamos agora. Não há solução fácil para isso, mas eu acredito que a combinação de uma política fiscal mais agressiva e uma redistribuição [de renda] feita de maneira inteligente é parte da solução. Isso vai acontecer? Não me parece muito provável no momento. Eu não consigo ver nada grande lá fora para mudar isso de forma dramática em direção a mais gastos, mais demanda, mais consumo e mais investimentos. Não há nada em nenhuma das economias globais realmente grande que, para mim, pareça indicar uma mudança neste cenário generalizado de taxas de juros bem baixas, dívidas excessivas, fraca demanda por investimentos e o protecionismo que esse tipo de situação tende a criar.

Valor: Qual sua expectativa para a economia global no ano que vem?

Wolf: Eu provavelmente espero algo parecido com este ano, que parece uma espécie de ‘novo normal’. Há várias razões profundas para a desaceleração global generalizada. Ao longo dos últimos anos, depois de 2016, houve uma forte recuperação que agora desacelerou. Podemos ver que a China está basicamente em desaceleração, o que é muito importante. O estímulo fiscal nos EUA está no passado e não há mais nada tão grande em termos de estímulos lá. Na Europa há problemas óbvios, especialmente nas economias voltadas para a exportação. O Brexit vai acontecer no ano que vem, ou pelo menos a discussão vai continuar a criar várias incertezas. Há incertezas globais também, qualquer que seja o resultado do acordo comercial entre EUA e China. Então, não consigo ver nada que leve as grandes economias a se saírem muito melhor no ano que vem. A única coisa que me faz ter um pouco de otimismo é que a Europa teve desempenho muito fraco, então pode ter um desempenho um pouco melhor, ou pelo menos não tão ruim. Mas no geral eu vejo mais do mesmo: um crescimento global relativamente fraco, mas nenhum desastre.

Valor: O senhor espera uma desaceleração nos anos seguintes ou espera que este “novo normal” permaneça?

Wolf: Eu acho que há uma chance razoável de que conseguiremos manter o ritmo de crescimento atual, que está relativamente fraco, no ano que vem e no seguinte. Há uma possibilidade de que, se houver uma mudança fundamental na política, em direção a uma renovação das certezas políticas, de fortalecimento do sistema de comércio, e coisas assim, de que haja alguma recuperação. Mas eu acho que há motivos estruturais, tanto na política quanto nos fundamentos econômicos, para que esperemos que o cenário atual de políticas monetária e fiscal continue. Por exemplo, eu não vejo uma disparada dos investimentos chineses, que elevariam significativamente as exportações de países como a Alemanha. Eu acho que o grande boom de investimentos da China está lentamente chegando ao fim agora e isso afetaria muito o resto da economia global. Eu não vejo outro grande boom de commodities na China. Isso é muito importante, é claro, para economias emergentes, como o Brasil. Essas são coisas estruturais. Então eu esperaria, se tivermos sorte e não fizermos uma grande bobagem, que sustentaríamos os níveis de crescimento que temos visto no último ano, mais ou menos. Pode ser um pouco melhor, mas não mudará de maneira fundamental.

 

FOLHA

Nota do Brasil melhora se a economia reagir, diz S&P

Analista principal da agência de risco S&P para o Brasil, Livia Honsel afirma que, apesar da melhora na perspectiva econômica, ainda levará certo tempo para a  recuperação do grau de investimento —nota dada a países com fôlego financeiro para pagar suas dívidas, que o Brasil perdeu em 2015.

Na sua avaliação, a aprovação da reforma da Previdência foi importante, mas o país tem “fraquezas estruturais” que precisam ser corrigidas sob a lente da disputa política entre governo e Congresso.

“O crescimento ainda é baixo, e temos esse passado recente de certos obstáculos políticos que, no fim, impediram a aprovação de algumas reformas”, disse à Folha.

Para Honsel, as eleições municipais do próximo ano e a onda de protestos que tomou a América Latina nos últimos meses devem ser levadas em conta na hora de avaliar a disposição dos parlamentares em aprovar novas mudanças.

No início de dezembro, a agência de risco elevou a perspectiva para o rating de longo prazo do Brasil, que foi de estável para positiva, mas o país segue com a nota de crédito em moeda estrangeira em BB-, considerado grau especulativo e três níveis abaixo do grau de investimento.

Para a analista, a redução do déficit e o crescimento econômico mais forte nos próximos meses podem apontar para uma revisão da nota brasileira para BB, e reformas a curto prazo, como a autonomia do Banco Central, poderiam contribuir para esse cenário.

A agência revisou em dezembro a perspectiva da nota de crédito do Brasil de estável para positiva. O que mudou? 

A razão principal é que estamos vendo uma melhor perspectiva do perfil fiscal. Claro que as fraquezas do país quanto ao rating continuam, com déficits nominais altos, uma dívida também alta, em comparação com outros países com nota parecida, e o crescimento econômico ainda moderado.

A nota de crédito em moeda estrangeira do Brasil está em BB-, três níveis distantes do grau de investimento perdido pelo país em 2015. O que falta corrigir?

O déficit nominal como porcentagem do PIB [Produto Interno Bruto] vai continuar se reduzindo, teremos provavelmente boa surpresa em 2019 por várias razões, também por receitas extras. Mas ainda esperamos redução gradual desse déficit e levamos em consideração a redução do pagamento de juros pelo governo, pela redução da taxa Selic e do risco-país.

Se essa redução do déficit se confirmar nos próximos trimestres, poderia nos levar a revisar a classificação a um duplo B. Outra razão para subir a classificação seria uma aceleração do crescimento mais forte e uma dívida externa líquida mais baixa.

A política econômica do Brasil está no caminho certo para reconquistar o selo de “bom pagador”?

Para voltar ao grau de investimento, leva certo tempo. Temos só um ano dessa nova administração, pensamos que foram tomadas decisões positivas, e aprovar a reforma da Previdência foi um passo importante. Esperamos crescimento um pouco mais alto para 2020 até 2022, mas, para voltar ao grau de investimento, tem que corrigir as fraquezas mais estruturais, principalmente na parte fiscal.

Esperamos continuidade dessa agenda reformista do Congresso e do Executivo, o avanço e a aprovação de outras reformas microeconômicas e fiscais, também temos que ver uma estabilização do nível da dívida do país e, por enquanto, ainda vemos a dívida subindo um pouco, nível muito alto para um grau de investimento.

Quanto tempo costuma demorar para mudar uma nota desse tipo? No caso do Brasil, quando isso deve acontecer?

Varia muito. É lento porque sabemos que a responsabilidade de levar um país a um grau de investimento passa por argumentos muito bem fundamentados, o que a gente chama de uma história de melhora nas várias avaliações do rating.

O crescimento ainda é baixo, e temos esse passado recente de certos obstáculos políticos que, no final, impediram a aprovação de algumas reformas. Agora o Congresso parece estar trabalhando bem com o Executivo em alguns assuntos, mas precisamos observar um pouco mais sobre como isso evolui nos próximos meses, principalmente levando em conta que haverá eleições municipais [no ano que vem].

Não posso falar em quanto tempo [o Brasil vai recuperar a nota], mas ainda faltam vários passos, são três graus para chegar ao grau de investimento, então, sim, ainda vai levar certo tempo.

Muitos investidores estrangeiros dizem que a aprovação da reforma da Previdência e a apresentação de novas reformas não são suficientes para que eles voltem a colocar dinheiro no país. Esperam reflexos diretos no crescimento econômico, o que ainda não veio. Qual é a sua avaliação?

Desde o último relatório, em fevereiro de 2019, esta era uma pergunta: se a aprovação da reforma da Previdência seria suficiente para elevar o rating. E o que explicamos é que a aprovação seria muito importante como um sinal para os investidores de que a agenda está avançando, que houve consenso entre um Congresso dividido e a equipe econômica do governo para aprovar essa reforma, mas que o resultado seria bem gradual nas finanças públicas.

O efeito direto vai levar certo tempo para ser visto, e só estamos falando de uma certa redução no aumento da despesa da Previdência nos próximos anos, não é realmente uma redução dos gastos.

Precisamos ver outras medidas no curto prazo que vão permitir reduzir essa despesa obrigatória do Brasil, salários e outros benefícios.

O atraso da reforma administrativa pode retardar a melhora da nota do país?

Essa seria uma reforma fundamental, mas sempre fomos um pouco mais prudentes e pensamos que as reformas iam levar um certo tempo porque são temas sensíveis à opinião pública, porque agora o ambiente da América Latina está com protestos sociais e pode atrasar essa decisão política [de fazer avançar mais reformas]. Mas não aprovar a reforma administrativa não significa que não vamos elevar o rating a duplo B. Precisamos ver outras medidas fiscais a curto prazo, ao lado da aceleração do crescimento e da redução dos juros.

Quais seriam essas medidas de curto prazo? 

Autonomia do Banco Central. A gente olha se o BC tem autonomia jurídica e legal ou se, como no Brasil, a autonomia ainda é só operacional. Temos a impressão, pelas discussões com setor privado e governo, que isso pode ser aprovado no ano que vem. Além de outras reformas para reduzir custo Brasil e melhorar clima de investimento.

O ministro Paulo Guedes (Economia) admitiu que o governo segurou as reformas por temer protestos populares, como os que acontecem em vários países da América Latina, e chegou a falar na possibilidade de “alguém pedir um novo AI-5” em resposta a manifestações que ele considera radicais. Como isso foi visto por analistas e investidores? 

Levamos mais em conta a continuidade na política econômica, fiscal e monetária e os sinais que são enviados pelo governo quanto à previsibilidade do que vai ser feito depois.

O que pode ser um risco em algumas declarações do Executivo é quando isso começa a frear as negociações com o Congresso sobre as reformas, mas esse tipo de declaração política não entra tanto na nossa avaliação.

Em um governo com dificuldade de formar base coesa no Congresso, com o presidente fazendo ataques à imprensa e seu filho e seu ministro da Economia falando em reedição de AI-5, não é preciso levar em consideração riscos políticos?

Dentro da nossa avaliação institucional entram vários fatores, e baixamos a avaliação do Brasil durante o governo Michel Temer porque havia consenso para a reforma da Previdência e, no final, não aconteceu porque o Congresso estava dividido por questões políticas, então isso, sim, pesa na avaliação.

Algumas dessas declarações podem ser negativas para os investidores estrangeiros, e nós levamos isso em consideração.

Um político um pouco fora do establishment levanta prudência para ver se as políticas desse governo —um pouco diferente— vão ou não permitir consolidar o que já tinha sido feito nos anos anteriores, ou se vai adotar medidas radicais, sem compromissos fiscais e respeito ao Estado de Direito, e, por enquanto, isso não é o caso do Brasil.

Mesmo quando é o ministro da Economia dando esse tipo de declaração?

Nossa visão é muito mais macro e de médio e longo prazo do que a declaração de um ministro. Não estou minimizando a declaração. Pode haver barulho político que vai interferir um pouco na discussão, mas, em geral, tentamos ver mais o todo e para onde vai a direção econômica, se vai continuar o objetivo desse governo que é reduzir o peso do Estado e dar maior papel ao setor privado para aumentar o crescimento.

Como avaliam a saúde financeira dos estados e o impacto sobre a União? 

A situação de estados e municípios é complicada porque eles têm os mesmos problemas da União quanto à Previdência e despesas muito altas, mas sem a possibilidade de replicar as reformas tão rapidamente.

Entendemos que alguns estados estão tentando replicar a reforma da Previdência em nível local e acho isso positivo, mas, em geral, o sistema como está agora tem algumas deficiências e entendo que o governo quer melhorar isso através de um novo o pacto federativo.

 

ESTADÃO

Capitalizados, fundos imobiliários saem à procura de ativos e acirram concorrência

Uma disputa por uma fatia acionária no Shopping Praia de Belas, em Porto Alegre, opôs a XP Asset e o Iguatemi. A XP tentou levar os 20% colocados à venda pelo braço imobiliário do IRB Brasil Resseguros para engordar seu fundo de investimentos imobiliários (FII). Mas na última hora, o Iguatemi, que já tinha 36% do shopping, decidiu exercer seu direito de preferência e adquiriu a participação por R$ 174,6 milhões.

A busca de ativos por parte dos gestores para compor suas carteiras é o reflexo da febre dos investidores por fundos imobiliários. Diante da queda nos juros, inflação controlada, aumento do crédito e a retomada do lançamento de empreendimentos imobiliários, a demanda pelos FIIs, que isenta a pessoa física do Imposto de Renda, cresceu e o valor de mercado já chega a R$ 55 bilhões, alta de 60% no ano até setembro, de acordo com dados da B3.

 

Economia fecha ano com crescimento no ritmo mais forte desde início da crise

Com a ajuda da liberação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a economia brasileira deverá ter o melhor fim de ano desde o início da recessão, em 2014, e deve começar 2020 aquecida. Segundo bancos e consultorias ouvidos pelo ‘Estado’, o Produto Interno Bruto (PIB) poderá crescer neste último trimestre até 0,8% na comparação com os três meses anteriores. Desde o início da crise, esse número para o período variou entre -1,3% e 0,3%.

Se a atividade mantivesse esse ritmo do último trimestre, ela avançaria 3% em um ano. Mas o normal é que apresente alguma desaceleração entre janeiro e março – ainda que, para o início de 2020, muitos economistas estejam otimistas.

O dado mais recente do mercado de trabalho corrobora essa visão de que a economia vem ganhando tração. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que 99 mil vagas de emprego com carteira assinada foram criadas apenas em novembro. No acumulado do ano, são 948 mil.

“Uma taxa de 80 mil vagas de trabalho por mês é compatível com um PIB de 2,8%”, diz o economista Luka Barbosa, do Itaú Unibanco. Ele lembra, porém, que não é possível estimar o ritmo de crescimento da atividade tendo a criação de postos de trabalho como único indicador. “Mas os dados de emprego indicam que há, sim, um processo de aceleração.”

Consumo

Os saques do FGTS são os principais responsáveis pelo impulso extra neste fim de ano. O Santander, por exemplo, que projeta uma alta de 0,8% no PIB do último trimestre, calcula que a metade disso se deverá ao FGTS.

A liberação dos recursos tem impulsionado, principalmente, o consumo das famílias, que, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), vai crescer 2,8% no quarto trimestre na comparação com o mesmo período de 2018. No ano, deverá acumular alta de 2%. “Neste quarto trimestre, estamos no ápice do consumo, que mudou de direção. No início do ano, ele estava fraco”, diz a economista Silvia Matos, do Ibre.

A economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, afirma que, justamente por causa do efeito do FGTS, é preciso certa cautela com os indicadores econômicos do último trimestre. “Já vimos que a economia deu uma inflada no governo de Michel Temer quando recursos do FGTS foram liberados. Mas também não dá para negar que os fundamentos econômicos agora apontam para um cenário melhor.” Para Alessandra, que prevê um PIB de 0,7% no quarto trimestre, o primeiro trimestre do ano que vem ainda deverá se mostrar mais aquecido por causa do FGTS. Para o período entre janeiro e março, a projeção da Tendências é de 0,4%.

Confiança

Além do impulso na economia neste fim de ano e início de 2020, a liberação dos recursos do fundo de garantia deve ter um efeito secundário ao aumentar a confiança do consumidor e dos investidores. “Essa perspectiva pode gerar um efeito permanente na economia, mas não na mesma magnitude que os recursos em si geram”, diz o economista Lucas Nóbrega, do Santander.

O FGTS, apesar de ser o principal, não é o único motor da atividade brasileira neste fim de ano. A estabilização da economia global e a queda dos juros também colaboraram para esse cenário mais otimista. “Se a Selic (a taxa básica de juros) ficar em 4,5%, ela muda a dinâmica do mercado consumidor. Esse impacto é muito forte e acho que o estamos subestimando”, diz Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim. Na semana passada, Padovani alterou suas projeções para o PIB de 0,8% para 1,1% neste ano e de 2% para 2,5% em 2020.

Economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale destaca que, além do comércio impulsionado pelo FGTS, é possível identificar sinais de um crescimento mais consistente em outros setores, como o da construção civil. “Encerramos 2019 melhor e vislumbramos um 2020 mais relevante, depois de três anos tão fracos”, diz.

“Pela primeira vez, iniciamos um ano bem e devemos conseguir entregar um resultado mais forte, fora eventuais percalços, que não foram poucos nos últimos anos”, acrescenta Vale, em referência às denúncias de Joesley Batista contra o ex-presidente Michel Temer que paralisaram a reforma da Previdência, à greve dos caminhoneiros, à crise argentina e à tragédia da Vale.

Nóbrega, do Santander, lembra, porém, que as eleições americanas no ano que vem podem trazer instabilidade ao mercado internacional, se tornando um novo percalço para a economia brasileira.

 

 

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