Terça-feira

VALOR

Queda do PIB de até 10% neste ano já entra no radar

Consultorias e instituições financeiras continuam a revisar as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, à medida que as medidas de isolamento social são estendidas em praças importantes como São Paulo e Rio e começam a sair os primeiros dados de atividade econômica já afetados pela pandemia. Algumas delas já acreditam que projeções que apontam quedas como 6% e 7% são conservadoras e que é possível ver recuo de até dois dígitos no produto deste ano. A mediana das projeções do mercado, segundo o relatório semanal Focus, do Banco Central, aponta queda de 4,11%.

O banco J.P. Morgan cortou mais uma vez a estimativa do PIB brasileiro em 2020, agora para contração de 7%, de uma queda de 3,2% estimada antes. Para o segundo trimestre, a instituição prevê recuo de 51% na taxa anualizada do PIB comparado ao primeiro trimestre. As previsões foram influenciadas pela retração em março de 9,1% na produção industrial, setor que deve ser menos afetado do que o de serviços, o recuo de 99% na produção de veículos em abril e o mergulho dos indicadores de confiança do setor privado no mês passado.

Além disso, a falha dos governos em conter a pandemia deve manter a atividade deprimida por mais tempo que o esperado anteriormente. “A covid-19 deve continuar a se espalhar pelo Brasil, o que deve aprofundar a recessão econômica, a despeito dos estímulos sem precedentes [dados pelo governo]”, disse o banco em relatório. Além disso, a combinação entre uma crise mais profunda no setor de saúde e as incertezas políticas devem afetar de forma significativa a capacidade de a economia do país se recuperar, continua o texto.

Apesar disso, o banco estima que o PIB brasileiro vá crescer 4,4% em 2021, de 2,4% estimados antes, por causa da base de comparação enfraquecida. Mas ao fim do próximo ano a atividade ainda continuará 3% abaixo da registrada em 2019. Ainda que a pandemia seja um evento temporário, alguns efeitos não vão desaparecer tão rapidamente quanto era esperado, diz o banco.

A consultoria A.C. Pastore & Associados avalia que o comportamento da curva de contágio pelo coronavírus no país e suas implicações tornaram obsoleta a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), de queda de 5,3% para o PIB brasileiro neste ano. “Um intervalo entre 7% e 10% estaria mais próximo da realidade”, e para não sermos acusados de alarmistas, vamos ficar com uma projeção conservadora, de uma queda de 7% em 2020.”

O Banco Fibra, que estima contração de 6%, diz ver nítidos sinais de que o tombo deve ser maior porque, ao que tudo indica, o isolamento social deverá ser estendido por pelo menos até o fim de junho. A instituição cita a forte queda da produção industrial de março e indicadores muito ruins já divulgados de abril, como o fluxo de veículos pesados nas estradas (-19,2%), produção de automóveis (-99%), produção de energia elétrica (-10%) e o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria, que recuou 23,9 pontos.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem um cenário-base em que o PIB cai 4,2% em 2020, mas avalia que se as medidas para manter a renda das famílias e impedir uma falência generalizada das empresas não forem suficientes, o produto recuaria 7,3%. Atrás da curva, o Itaú revisou sua estimativa para o PIB de queda de 2,5% para recuo de 4,5%. A revisão se deve a um crescimento global mais baixo que o esperado, à propagação ainda intensa e persistente do coronavírus no país e à expectativa de deterioração do cenário fiscal. Já previsão para o produto de 2021 saiu de crescimento de 4,7% para 3,5%.

 

Disparada do dólar eleva incerteza sobre rumos da economia

A disparada do dólar no Brasil — que já supera os R$ 5,80— em um ritmo muito mais intenso que em outros mercados emergentes acende um sinal de alerta entre analistas de mercado sobre as repercussões desse movimento na economia. Mesmo que, no momento, o repasse cambial não seja significativo para a inflação, um grupo de economistas avalia que a volatilidade do mercado local, que tem sido exacerbada pela política monetária e por riscos fiscais e políticos, pode amplificar as incertezas em um contexto difícil para o país.

“Não há um nível mágico para a taxa de câmbio que nos leve a ter ou não preocupação com repasse [para inflação], mas a intensidade da depreciação é preocupante. Mais que o nível, é a velocidade da mudança que preocupa, ainda mais num ambiente de altas incertezas externas e domésticas”, alerta o economistachefe para Brasil do Barclays, Roberto Secemski. Para ele, a volatilidade da moeda “dificulta o planejamento dos agentes econômicos e possíveis decisões de investimento que poderiam ajudar a estabilizar o quadro econômico póspandemia”.

Ontem, o dólar fechou em alta de 1,33%, aos R$ 5,8192. Com isso, o real acumula desvalorização de 31% em 2020, no que configura a perda mais acentuada entre as divisas com maior negociação no mundo. Para efeito de comparação, o rand sulafricano e o peso mexicano — que compõem o ranking dos piores desempenhos no ano — registram queda menos intensa, de 24% e 21%, respectivamente. Analistas atribuem parte da depreciação do câmbio à forte queda de juros no Brasil.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central surpreendeu os analistas com um corte mais agressivo que o esperado da Selic. A taxa foi reduzida de 3,75% para 3%, em uma decisão que contou ainda com indicações de mais um movimento de afrouxamento monetário em junho. “Ainda que o cenário econômico atual justifique uma postura mais ‘dovish’ da autoridade monetária, estamos ficando inquietos com seu impacto na dinâmica do real”, afirmam os estrategistas Gabriel Gersztein e Samuel Castro, do BNP Paribas, em relatório enviado a clientes.

Eles explicam que a estabilidade da moeda é um fator crucial para as condições financeiras e dizem que “um dólar anormalmente forte anda de mãos dadas com contrações de empréstimos bancários transfronteiriços [em dólares americanos] e investimentos de capital”. Além disso, como os financiamentos em dólares são sensíveis à taxa de câmbio, flutuações no mercado podem afetar os segmentos na economia que são muito dependentes de crédito, prejudicando a confiança dos negócios e do consumidor. “Ter uma moeda tão fraca em uma economia fechada, impulsionada principalmente pelo consumo, pode não necessariamente ser um bom presságio no futuro”, dizem os profissionais do BNP.

Secemski, do Barclays, cita comentários feitos neste ano pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que uma economia emergente, como a brasileira, “não pode prescindir do importante fluxo de capitais estrangeiros, dada sua baixa taxa de poupança doméstica comparada com outros países”.

Esse ponto é visto com atenção pelo estrategista-chefe para mercados emergentes do Deutsche Bank, Drausio Giacomelli, que diz acreditar que o dólar pode chegar a R$ 6,50 e, depois, voltar para R$ 5,50, “à medida que a perspectiva global melhore e o ruído político for parcialmente resolvido”. Para ele, o real tem mostrado ser “a principal vítima da política monetária ultra-acomodatícia” implementada pela autoridade monetária.

Por outro lado, o professor da FGV Marcelo Kfoury avalia que o dólar alto é muito mais uma manifestação do problema do que uma causa em si. Ele afirma que uma série de fatores explicam o salto da divisa americana, desde queda do diferencial de juros até a baixa do preço de commodities. No entanto, a maior fonte de risco é a situação fiscal.

A redução de juros é benéfica se vier acompanhada de responsabilidade na parte fiscal. O risco não está no Banco Central, o risco está nos entornos do Ministério da Economia”, explica o ex-chefe do departamento de pesquisa econômica do BC. Ele afirma que o juro baixo ajuda na renegociação de dívidas por empresas e consumidores. Mas, se a situação fiscal sair do controle, o ambiente de juro baixo terá de ser revertido. E colocaria em risco uma fuga de capitais do país.

Na mesma linha, o economista-chefe da Garde, Daniel Weeks, diz que o câmbio não é um grande problema para a política monetária neste momento. Para incomodar o cenário de inflação, por exemplo, o dólar teria de ganhar ainda mais força e superar a marca de R$ 6,50, o que, para ele, só aconteceria em um cenário de desastre na política fiscal.

Ele refuta a ideia de que juros baixos no país podem resultar em fuga de capitais e defende que a depreciação do câmbio deve conduzir a um novo equilíbrio nas contas externas. “Juro baixo leva a uma realocação dos portfólios das famílias. Isso já vem ocorrendo. Mas fuga de capitais diz respeito a esse movimento levado ao extremo. Acho que pode ocorrer, não pelo juro baixo, mas pela situação fiscal.”

Para o economista, a depreciação da taxa de câmbio para R$ 6 já gera equilíbrio no balanço de pagamentos. “Vamos praticamente zerar a conta corrente”, diz. Além disso, avalia que o pré-pagamento de dívida das empresas no exterior, que somou cerca de US$ 30 bilhões ano passado, acabou por ora.

Weeks reconhece que investimentos diretos podem cair na margem e que, de fato, houve grande saída de recursos de portfólio, mas “parece que o grosso já passou e agora a saída” se estabilizou. “Parece que estamos muito mais perto do nosso câmbio de equilíbrio, dado que ele, junto com a forte recessão, vai mostrar uma enorme correção no balanço de pagamentos”, diz.

 

Crédito imobiliário da Caixa na pandemia supera R$ 50 bi

Mais de R$ 50 bilhões dos R$ 154 bilhões de crédito imobiliário colocados à disposição pela Caixa Econômica Federal durante a pandemia já foram contratados, afirmou ontem o presidente da instituição financeira, Pedro Guimarães. Além disso, a Caixa deve apresentar nos próximos dias novas medidas voltadas ao setor de construção civil. “Entendemos que estamos apoiando a retomada do crescimento”, disse durante a reunião virtual da comissão mista do Congresso que acompanha as ações relacionadas à covid-19. “Teremos mais notícias positivas para a construção civil ao longo dos próximos dias”, afirmou.

 Durante a pandemia, o banco manterá seu foco de atuação. Além do setor imobiliário, fazem parte desse foco, segundo o executivo: políticas públicas; infraestrutura; compra de carteira; e microcrédito. “A Caixa não vai dar crédito a empresas privadas grandes”, afirmou. O banco também voltará a diminuir “em breve” os juros cobrados no cheque especial. Em sua apresentação, Guimarães destacou que no início de sua gestão, no começo do ano passado, os juros mensais do cheque especial cobrados pelo banco estavam em aproximadamente 14% ao mês.

Depois de uma série de reduções, o piso para a taxa mensal cobrada pela Caixa atingiu 2,9% no fim de março. Vale destacar que no início de 2020 entrou em vigor o teto mensal de 8% para a taxa de juros cobrada no cheque especial. Além disso, entre 40 milhões e 45 milhões de pessoas que não tinham conta em bancos devem ser beneficiadas pela criação da conta digital da Caixa, na estimativa do presidente. A conta digital foi criada pela instituição financeira para realizar o auxílio emergencial de R$ 600, criado durante a pandemia.

De acordo com Guimarães, já foram criadas aproximadamente 20 milhões de contas digitais, o que deixará um legado positivo para a bancarização no Brasil após a crise. O presidente da Caixa foi questionado diversas vezes por deputados e senadores a respeito de dois temas: o calendário de pagamentos da segunda e terceira parcelas do auxílio emergencial e as filas formadas em agências para a realização do saque.

 Ele repetiu afirmações da semana passada, de que o cronograma depende do aval do Ministério da Cidadania e do presidente Jair Bolsonaro. Também afirmou que as filas vão diminuir no pagamento das próximas parcelas, já que houve aprendizado com o pagamento da primeira leva.

 

FOLHA

Mercado reduz expectativa para Selic e vê contração econômica de mais de 4% neste ano

O mercado voltou a reduzir a expectativa para a taxa básica de juros neste ano depois de o Banco Central sinalizar um último corte à frente, enquanto a expectativa de contração da economia superou 4%.

A pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (11) pelo BC mostrou que a Selic agora deve terminar o ano a 2,50%, ante taxa de 2,75% esperada antes. Na semana passada, o BC cortou a Selic em 0,75 ponto percentual, para a mínima histórica de 3%, indicando que ela não deve cair aquém do patamar de 2,25% ao ano.

Para 2021, a expectativa passou a ser de uma taxa básica de juros de 3,50% no fim do ano, contra 3,75% antes.

O Top-5, grupo dos que mais acertam as previsões, continua vendo a Selic respectivamente a 2,50% e 3,88% em 2020 e 2021, na mediana das projeções.

Em meio às consequências das paralisações e restrições provocadas pelo surto de coronavírus, a pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou que a projeção agora é de que o Produto Interno Bruto (PIB) encolha 4,11% em 2020, de uma queda de 3,76% prevista antes. O prognóstico de recuperação em 2021 permanece sendo de um aumento de 3,20% do PIB.

A expectativa para a alta do IPCA neste ano agora é de 1,76%, 0,21 ponto percentual a menos do que na semana anterior e bem abaixo do piso da meta, de 4%com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Para 2021, a projeção do mercado é de uma inflação de 3,25%, contra 3,30% calculado antes.

 

Itaú piora projeção e passa a ver queda de 4,5% do PIB em 2020

O Itaú revisou suas projeções para a economia brasileira nesta segunda (11) e, agora, prevê uma queda de 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020, ante 2,5% projetados antes. Para 2021, o banco espera uma recuperação menor, com crescimento de 3,5%, ante 4,7%.

Segundo o banco, a mudança se deve "à redução na estimativa de crescimento global, propagação do vírus ainda intensa e persistente no Brasil e maiores incertezas fiscais, que geram condições financeiras menos estimulativas para a atividade econômica".

Para o déficit primário, a estimativa foi de de 8% para 10,2% do PIB em 2020, "devido ao maior impacto de medidas de combate à crise do coronavírus sobre as contas públicas", e de 0,8% para 2,2% do PIB em 2021, "devido a maiores gastos sociais, parcialmente compensados por aumentos de tributos".

Com a maior deterioração fiscal, a contração mais intensa da atividade econômica e os juros mais baixos, o banco passou a projeta o dólar em R$ 5,75 em 2020 e R$ 4,50 em 202, ante 4,60 e 4,15, respectivamente.

A projeção de inflação caiu de 2,7% para 2,0% neste ano e de 3,3% para 3,0% em 2021 e a Selic de 2,5% para 2,25%. "Ambiente requer cautela, mas acreditamos que o recente aumento do hiato do produto permitirá novo corte de juros", diz o Itaú.

 

Grandes empresas tomaram metade dos novos empréstimos durante a pandemia

As grandes empresas tomaram metade do valor total dos novos empréstimos desde a chegada do novo coronavírus no Brasil. No começo da crise, elas pegaram linhas de crédito pré-aprovadas no fazer caixa, mas as companhias continuaram com a maior fatia mesmo depois do período inicial.

De 16 de março –quando as medidas de restrição começaram a endurecer— a 30 de abril, as instituições concederam R$ 367,6 bilhões em novos empréstimos. Os dados foram divulgados pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) nesta segunda-feira (11).

Deste total, 54,9% foram para as grandes empresas e apenas 20,8% para pequenas e médias.

Novas linhas para famílias representaram 24,3%.

Passado o período inicial da crise, de 17 a 30 de abril, R$ 152 bilhões em novos empréstimos foram concedidos. As maiores companhiascontinuaram com a maior parcela. Destes, 51% foram empréstimos para grandes empresas e 20,15% para pequenas e médias. As famílias representaram 28,8%.

De acordo com a Febraban, entre março e abril, as concessões para empresas aumentaram 75,5% em relação ao mesmo período do ano passado, considerando a média diária de dias úteis.

A entidade atribui a elevação ao expressivo aumento na demanda por crédito por parte de empresas que vinham se financiando pelo mercado de capitais. Por conta de incertezas no cenário econômico e volatilidade dos mercados, as companhias reduziram as operações no mercado de capitais e cancelaram linhas de financiamento externo.

PRORROGAÇÃO DE DÍVIDAS

Os dados da Febraban mostram também que os bancos prorrogaram R$ 40,8 bilhões em parcelas de empréstimos durante a pandemia do novo coronavírus. Foram renegociados 7,4 milhões de contratos no período.

A entidade não abriu os dados para pessoas físicas e jurídicas, mas estima que, entre as parcelas prorrogadas, R$ 27,2 bilhões tenham sido para famílias e R$ 13,6 bilhões para empresas.

Os saldo devedor total dos contratos renegociados é de R$ 425 bilhões. Até 17 de abril, 3,8 milhões de contratos tinham sido renegociados. Em três semanas, o valor dobrou. O total de parcelas adiadas era de R$ 22,2 bilhões.

Apenas famílias e empresas que estão com o contrato em dia podem pedir a prorrogação.

O Banco Central divulgou medida, em 16 de março, para facilitar a renegociação dos bancos com as famílias e empresas até setembro.

A iniciativa dispensa que as instituições aumentem o provisionamento no caso de repactuação de empréstimos pelos próximos seis meses.

Geralmente, quando é feita uma renegociação, o risco do crédito aumenta e a autoridade monetária obriga que a instituição aumente o valor provisionado —quantia, proporcional ao valor do empréstimo, que os bancos devem manter em caixa para que a operação seja assegurada.

As renovações de crédito, quando uma linha é quitada e é tomada novamente pelo cliente, somaram R$ 104,9 bilhões no período.

No total, os bancos liberaram R$ 472,6 bilhões em novos empréstimos, entre contratações, renovações e parcelas suspensas.

 

ESTADÃO

Com crise do coronavírus, volta do Brasil ao grau de investimento fica ainda mais distante

A melhora da nota de classificação de risco do Brasil e a volta ao grau de investimento dado pelas agências de rating ficou ainda mais distante com a crise provocada pela covid-19. A avaliação de Fitch, Standard & Poor’s (S&P) e Moody’s é que o País deve sofrer com a deterioração econômica, que pode afetar a capacidade do governo para ajustar as contas públicas e implementar a agenda de reformas após a pandemia do novo coronavírus.

O Brasil conquistou pela primeira vez o grau de investimento ¬- uma espécie de certificado de que um país é um pagador confiável de suas dívidas – em 2008. Sete anos depois, em 2015, a S&P foi primeira a tirar o selo de bom pagador do Brasil, seguida por Fitch e Moody’s. Até o início deste ano, apesar da recuperação lenta da economia após a recessão, parecia que o rating do Brasil iria subir.

Com a crise causada pela covid-19, que chegou ao País enquanto a economia tentava superar o baixo crescimento e a crise política entre o governo do presidente Jair Bolsonaro e os demais Poderes escalava, o cenário mudou radicalmente.  

Na terça-feira, 5, a agência Fitch revisou para “negativa” a perspectiva para a nota de crédito soberano do País. “A revisão reflete a deterioração das perspectivas econômicas e fiscais e os riscos negativos de renovada incerteza política, incluindo tensões entre o Executivo e o Congresso, e incerteza sobre a duração e a intensidade da pandemia de coronavírus”, disse a agência, em comunicado.

A Fitch revisou a perspectiva para a nota, mas manteve a classificação soberana do Brasil em “BB-”. A S&P hoje também atribui nota “BB-”, e a Moody’s classifica o País como “Ba2” – as três notas abaixo do grau de investimento.

Livia Honsel, analista de ratings soberanos para a S&P, avalia que a pandemia tornou ainda mais difícil a aprovação de reformas. “Em dezembro, indicamos que havia uma probabilidade de melhora, com base em uma redução do déficit no futuro e a aprovação de reformas estruturais. Agora, com esse contexto internacional tão complexo, é difícil que o rating do Brasil melhore no próximo ano”, diz.

Ela lembra, que apesar de as agências não opinarem sobre a forma como cada governo lida com a crise do novo coronavírus, a avaliação de risco do Brasil inclui questões políticas, como as dificuldades para o País avançar nas reformas, causadas por divisões no Congresso ou oposição entre os Poderes.

“Como em outros países, os impactos da pandemia na economia e na performance fiscal do Brasil serão graves”, diz Samar Maziad, vice-presidente e principal analista para o Brasil da Moody’s. “Esperamos uma queda do PIB de mais de 5% este ano. E vai depender do quanto o governo será capaz de manejar o aumento de gastos e voltar ao caminho da consolidação fiscal no ano que vem.”

Segundo ela, o mais importante para definir a imagem que o Brasil terá perante os investidores internacionais vai ser como o País vai conseguir aplicar os recursos usados para conter os efeitos da crise. “Ainda vai ser preciso avaliar a efetividade das medidas que estão sendo aplicadas agora.”

No mês passado, o Indicador de Incerteza da Economia (IIE) da Fundação Getulio Vargas (FGV) bateu em 210,5 pontos, o nível mais alto da série histórica, e já tinha subido 95 pontos desde fevereiro. Antes disso, o ponto mais alto havia sido atingido justamente quando a Standard & Poor’s retirou o grau de investimento do Brasil, em setembro de 2015.

Troca de posto

Apesar de, em público, o presidente Jair Bolsonaro  ter reafirmado nos últimos dias, em mais de uma ocasião, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, era “o homem que decide a economia no Brasil”, na prática, a desidratação de pautas defendidas pelo ministro – como nos repasses de recursos aos Estados e no congelamento de salários de categorias de servidores – não passou despercebida pelo mercado. 

Para as agências de risco, a presença ou não de Guedes à frente do ministério é menos relevante do que a sinalização por parte do governo de que a agenda de reformas, como a tributária e a administrativa, será mantida após a pandemia.

“É importante que o governo possa dar uma previsibilidade sobre as políticas futuras. No caso do Brasil, a questão fiscal é importante. Se a política de prudência fiscal continuar sendo a mesma, talvez uma eventual saída de Guedes não tivesse efeito algum sobre o rating”, diz Livia, da S&P.

Para Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSector, não dá para fingir que a gestão da economia vai bem. “A política econômica está travada. Do jeito que está o desenho da tributação, ninguém vai investir. As agências de risco não nos rebaixariam no momento mais agudo da crise, mas vão colocar filtros para ver como cada país vai reagir após a Covid-19.”

O economista-chefe da Necton, André Perfeito, no entanto, pondera que uma troca do ministro da Economia seria arriscada na dinâmica dos preços dos ativos, já que seria interpretada como uma virada na agenda econômica. “Hoje, o Brasil está com um problema de coordenação econômica muito forte. Toda hora, o presidente se vê obrigado a reafirmar a força de Guedes, porque há pressões do outro lado, contrárias ao ministro.”

Para Perfeito, a presença do ministro no comando da economia ainda dá algum grau de previsibilidade. “O problema é que, bem ou mal, há uma orientação de direção com Guedes e a ausência dele traria dúvidas muito grandes, desorganizaria completamente os preços dos ativos: dólar, bolsa ou juros.”

 

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