Quarta-feira

VALOR

Incertezas turvam cenário para o PIB em 2021

A recuperação da economia brasileira em 2021 é observada com bastante cautela por analistas, seja entre aqueles que acham que o consumo poderia liderar o processo, seja para quem espera uma retomada pelos investimentos. O cenário é repleto de incertezas na saúde, no mercado de trabalho e nas contas públicas.

Projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) acima de 3% podem parecer fortes em um país que cresceu na um pouco acima de 1% nos anos pré-pandemia, mas, descontada a herança estatística de 2020, sobra pouco espaço para um “avanço efetivo” da atividade em 2021.

O cenário atual da A.C. Pastore & Associados para o PIB deste ano, de alta de 4,5%, já se tornou um teto, afirma a economista-chefe da consultoria, Paula Magalhães. A previsão é de contração de 4,1% em 2020, o que deixando 4,1% de carregamento estatístico para 2021- ou seja, se a atividade ficar estacionada no nível do fim de 2020 e não avançar nada neste ano, já cresceria 4,1%.

Isso implica num crescimento médio trimestral de apenas 0,2% em 2021. A exemplo dos últimos anos, a retomada seria impulsionada pelo consumo - a A.C. Pastore projeta alta de 3% no consumo das famílias em 2021 -, mas há “desafios enormes”, afirma Paula.

Um deles é o fim do auxílio emergencial, que se soma à taxa de desemprego elevada e ao recrudescimento da pandemia. “As pessoas, com medo de consumir certos serviços, migraram para o consumo de bens, mas havia a ajuda do auxílio, que não existiria agora”, lembra a economista.

Ela observa ainda que o PIB per capita deve ficar 9,7% abaixo do primeiro trimestre de 2014. “A gente engatou uma crise na outra, é difícil ficar otimista.” O juro real (descontada a inflação) até negativo pode fomentar investimentos, mas o nível de incerteza é muito elevado, o que mantém as taxas deprimidas, diz Paula. “Não sabemos como vamos resolver a questão da vacinação, os problemas fiscais. Como vamos ter um ambiente propício para investimento assim? Não são apenas os juros que ditam investimento.”

O Banco Inter também vê o cenário de 2021 “com certa cautela”, diz a economistachefe, Rafaela Vitória, que projeta 3,7% para o PIB do ano. “É até modesta, considerando que devemos ter queda de 4,4% em 2020”, afirma ela, acrescentando que quase 3% da sua projeção para 2021 é efeito estatístico. As “forças” que poderiam ser positivas para o PIB deste ano, segundo Rafaela, são a vacina e o acerto fiscal, que manteriam os juros baixos e poderiam impulsionar a atividade no segundo semestre, principalmente os investimentos.

“Seria um grande diferencial para a gente falar de um PIB entre 4% e 4,5%.” Na sua visão, o principal risco, porém, é a questão orçamentária, que está pendente. Entre reduzir despesas diante do Orçamento “engessado” ou flexibilizar o teto de gastos, as sinalizações do governo, até agora, não passam confiança em nenhuma direção, afirma a economista.

“Essa discussão é importante não só pelo impacto fiscal, mas também porque dá um tom para o mercado financeiro, principalmente para câmbio e juros que, por sua vez, dão o tom para investimentos.” Para ela, a recuperação mais sustentada da atividade deve vir do investimento privado. É isso também que vai estimular o mercado de trabalho, e um aumento da renda via emprego “é mais duradouro não só para o PIB do segundo semestre de 2021, mas para 2022, 2023”, afirma.

O acúmulo de poupança ao longo de 2020 poderia servir como “colchão” para uma transição na retirada do auxílio emergencial, avalia Rafaela. Embora a poupança tenha sido maior entre classes mais altas, ela diz que a forte captação da caderneta de poupança deve refletir também parte do benefício emergencial guardado. “Parte dessa poupança pode ser usada no primeiro trimestre para compensar o fim do auxílio e a volta mais gradual do emprego.”

Apesar de prever avanço de 2,2% para o PIB de 2021, abaixo do consenso de mercado, Gustavo Ribeiro, economista-chefe do ASA Investments, não considera a visão da casa negativa e diz que o cenário é “cautelosamente construtivo”. Ele lembra que o Brasil não cresce acima de 2% desde 2013, mas observa também que quase todo o avanço de 2021 seria por efeito estatístico. “Só que, hoje, falar de ‘carry-over’ é um pouco enganoso.

Ele pressupõe ‘tudo o mais constante’, o que não se verifica de largada, porque o carregamento em 2020 só foi construído por causa do impulso fiscal positivo, que deve virar negativo em 2021”, afirma. Ribeiro prefere pensar em um “carry-over excluindo o auxílio”, que, segundo ele, deixaria como herança de 1% a 1,5% para 2021.

Dada a manutenção do regime fiscal no ano que vem - que é, para o ASA, condição para o crescimento do Brasil - haverá um “degrau de renda” importante, diz Ribeiro. Os modelos do ASA indicariam queda de 5,3% na massa salarial ampliada (que inclui benefícios, como o auxílio emergencial) em 2021. Se metade do que foi acumulado a mais de poupança em 2020 virar consumo, que é o cenário-base do ASA, a queda seria de 2,5%. Se todo o acúmulo adicional virar consumo, ficaria zerado. “Mas quão realista é esse cenário?”, questiona Ribeiro.

 

Banco Mundial vê recuperação mais lenta da economia global

A economia global deve crescer menos em 2021 do que o inicialmente previsto. É o que mostra o relatório “Global Economic Prospects”, divulgado ontem pelo Banco Mundial, que agora prevê um avanço de 4% do PIB mundial neste ano, de 4,2% estimados em junho.

A revisão para baixo nas perspectivas de crescimento reflete a expectativa menos otimista de recuperação das economias desenvolvidas, que enfrentam um agravamento da pandemia de covid-19. Por outro lado, países emergentes e em desenvolvimento, puxados pela China, devem ter um desempenho melhor do que o previsto anteriormente.

O Banco Mundial prevê um crescimento das economias desenvolvidas de 3,3% em 2021, ante 3,9% em junho. Para os EUA, a expectativa de crescimento, que era de 4%, caiu para 3,5%. A revisão para a zona do euro foi ainda maior, passando de 4,5% para 3,6%. O relatório destaca que a recuperação iniciada após a suspensão dos “lockdowns” do início do ano estagnou com o agravamento da pandemia tanto na Europa como nos EUA.

A nova escalada da covid-19 indica que a recuperação global será lenta e desafiadora, alerta o Banco Mundial. Para as economias emergentes e em desenvolvimento, o Banco Mundial estima um crescimento de 5% em 2021, uma alta de 0,6 ponto percentual em relação a junho.

Parte da melhora se deve à rápida retomada da China, que deve crescer 7,9% neste ano, ante 6,9% previstos anteriormente. Uma tendência similar é observada na América Latina e no Caribe.

O Brasil deve crescer 3% em 2021, segundo o Banco Mundial, que já havia elevado esta previsão em outubro, após uma estimativa de avanço de 2,2% em junho. No caso do México, a expectativa de expansão do PIB passou de 3% para 3,7%.

A previsão de crescimento da Argentina foi de 2,1% para 4,9%. Para a instituição, a melhora na confiança do consumidor e as condições favoráveis ao crédito devem garantir uma recuperação do consumo privado e do investimento no Brasil. Mas o setor de serviços deve ter uma recuperação mais lenta do que indústria, em parte devido à “persistente aversão” ao risco entre os consumidores.

O Banco Mundial ressalta que a incerteza continua presente nas perspectivas de curto prazo por causa da pandemia. Um atraso na aplicação das vacinas, pode limitar o crescimento do PIB global a 1,6% em 2021. Em um cenário mais positivo, de controle bem-sucedido da pandemia, a economia global pode acelerar até 5% neste ano.

Em nota, o presidente do Banco Mundial, David Malpass, destacou que a recuperação global depende da vacinação em massa contra a covid-19, mas também da aprovação de reformas estruturais pelos países para melhorar a capacidade de atrair investimentos. As dívidas contraídas para apoiar a economia são vistas como fator de risco, especialmente entre emergentes, apesar dos estímulos terem sido avaliadas como necessárias.

O Banco Mundial também revisou as projeções para a economia global em 2020. Agora, a previsão é de contração de 4,3%, de uma queda de 5,2% em junho.

 

FOLHA

Crise ainda afeta muito os negócios para 60% das pequenas indústrias, diz pesquisa

Os nove meses sob a pandemia do coronavírus em 2020 deixaram estragos na situação das micro e pequenas indústrias de São Paulo.

Para 60% dos empresários, a crise ainda é forte, afeta muito os negócios e não há previsão de uma recuperação sólida.

A constatação aparece em pesquisa Datafolha feita para o Simpi (Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias de São Paulo) na primeira quinzena de dezembro.

Questões que marcaram a indústria brasileira no último ano, como o desabastecimento de insumos, ainda persistem. “Vejo o ano com preocupação. De setembro para cá, começamos a ver forte alta em preços, mais indústrias sofrendo com falta de matéria-prima e atraso na entrega”, afirma Joseph Couri, presidente do sindicato.

Na primeira quinzena de dezembro, 93% das micro e pequenas indústrias estavam pagando mais por insumos. Em setembro, eram 84%. Entre os que relataram falta de materiais, o percentual passou de 54% há pouco mais de três meses, para 78% no fim do ano passado.

Os atrasos nas entregas afetavam 73% das micro e pequenas indústrias em São Paulo –51% tinham essa queixa em setembro.

Couri diz que dificuldades no acesso a linhas de crédito também contribuíram para a interrupção das cadeias produtivas, uma vez que muitas empresas precisaram fechar as portas a partir do início da pandemia.

Além disso, as demissões de trabalhadores e medidas como redução de jornada e salário e suspensão do contrato de trabalho derrubaram o poder aquisitivo dos consumidores e afetaram a demanda.

Quando o consumo foi retomado, muitos dos elos da cadeia estavam desmobilizados.

“Vemos que o desabastecimento vem ocorrendo no resto do mundo. A diferença é que outros países conseguem priorizar suprimentos no mercado interno. Aqui, infelizmente, estamos tendo problema de crédito e o reflexo disso na produção”, afirma o presidente do Simpi.

Segundo o Datafolha, 77% das empresas disseram não ter acesso a crédito durante a crise. Esse percentual já foi maior –em abril, 91% não conseguiram dinheiro emprestado.

No fim de 2020, 61% das micro e pequenas indústrias afirmaram ter exatamente o capital de giro necessário para manter o negócio, o melhor resultado desde junho.

Essa melhora na situação do caixa pode também ter elevado a percepção de que o ano que acaba de começar seja melhor do que o anterior.

Quase metade dos empresários –48% deles– está com expectativas positivas para os negócios em 2021. Somente 8% disseram estar pessimistas.

O ânimo é maior entre as pequenas e no interior do estado –52% acham que 2021 será ótimo ou bom. Na região metropolitana de São Paulo, 44% dos empresários estão otimistas com os negócios.

A defasagem no capital de giro também diminuiu no fim de 2020, com menos empresários com dificuldades. Em junho, 62% dos micro e pequenos industriais estavam com caixa insuficiente. Em dezembro, eram 32% em dezembro.

“Tomara que o otimismo se concretize, mas não vejo dado econômico que permita construir esse cenário”, diz Joseph Couri, presidente do Simpi.

Em dezembro, 51% das empresas ouvidas pelo Datafolha estavam funcionando normalmente, e 20% tinham uma parte das atividades paradas. Praticamente o mesmo percentual (21%) informou que estava funcionando, mas com a maior parte das atividades paradas.

A pesquisa Datafolha identificou uma queda no número de pequenas e micro indústrias correndo o risco de falência ou recuperação judicial. Entre as micro, 17% diziam, em junho, que o negócio poderia falir. Em dezembro, eram 7%. Nas pequenas indústrias, o percentual saiu de 10% para 5% no mês passado.

Também em junho, 16% das micro indústrias viam chances de iniciar uma recuperação judicial. Ao fim de 2020, somente 3% consideram essa possibilidade. Entre as pequenas, a recuperação judicial era um risco em 10% e caiu a 6% em dezembro do ano passado.

 

ESTADÃO

Investimentos estrangeiros retornam à Bolsa e somam R$ 56 bi em três meses

O Brasil voltou a ser destino do capital estrangeiro no final de 2020, com o aumento do otimismo global em torno da chegada da vacina contra a covid-19. A Bolsa brasileira recebeu uma injeção de quase R$ 56 bilhões apenas no último trimestre do ano, refletindo a busca dos investidores por mais rentabilidade e a troca de ativos das carteiras – diante da expectativa da chegada de um pós-pandemia. O movimento tende a prosseguir neste ano, afirmam analistas, mesmo com as recentes notícias de mutação do vírus e as novas medidas de lockdown pelo mundo, que podem alterar as atuais previsões de crescimento global.

A entrada de capital estrangeiro desde outubro, no entanto, não foi suficiente para reverter o fluxo de saques em 2020, que encerrou com um saldo negativo de R$ 31,8 bilhões. Foi o terceiro ano consecutivo de saída líquida de recursos de estrangeiros. Segundo dados da B3, considerando também os investimentos totais dos estrangeiros em ações, incluindo nas ofertas, o saldo em 2019 ficou negativo em R$ 4,7 bilhões, e, em 2018, em R$ 5,7 bilhões. Os estrangeiros possuem perto de R$ 1,1 trilhão investidos em ações no Brasil.

Mesmo com os desafios internos, especialmente os relacionados às contas públicas, a expectativa é de que o fluxo de capital siga direcionado ao País. “Se a economia brasileira crescer acima de 3%, com responsabilidade fiscal, esse dinheiro disponível no mundo vai buscar bons emergentes. E somos um, desde que a gente faça nosso dever de casa”, disse o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, em entrevista recente ao Estadão. O executivo ponderou, contudo, que o Brasil pode perder essa onda de liquidez global se deixar de lado a responsabilidade fiscal. “Se isso ocorrer, eles buscarão países mais estáveis”.

Para o economista da Rio Bravo Investimentos, João Leal, apesar desse risco, a tendência em relação ao fluxo de estrangeiros é positiva. “A elevada disponibilidade de liquidez global com políticas monetárias expansionistas nos países desenvolvidos, pacotes fiscais mais amplos e uma expectativa de retomada econômica global com as vacinas favorecem o apetite ao risco dos investidores estrangeiros”, destaca o economista.

O corresponsável pelo banco de investimento do Bank of America no Brasil, Hans Lin, afirma que o investidor de fora voltou a olhar o País e que algumas empresas tendem a se beneficiar. Segundo ele, a tendência é que um dólar mais enfraquecido favoreça o fluxo de recursos aos emergentes. “Fizemos uma pesquisa e os investidores acreditam que os emergentes são os que terão um desempenho melhor”, frisa. Ele explica que isso pode levar a uma procura maior por empresas com múltiplos mais baixos, ou seja, consideradas mais baratas.

“O investidor estrangeiro que compra ações em emergentes, geralmente, está procurando crescimento. A empresa que conseguir capturar crescimento, consolidar o setor, vai ter sucesso em atrair o estrangeiro”, afirma o chefe de emissão de ações do Morgan Stanley no Brasil, Eduardo Mendez.

Mudança de rota

A troca de carteiras dos investidores para um mundo pós-pandemia também tende a beneficiar os emergentes. O estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira, afirma que podem ganhar destaque os ativos da chamada “velha economia”, caso dos bancos, setor industrial e commodities, que são aqueles que ficaram “para trás” em 2020, quando a busca dos investidores foi por empresas de tecnologia, que surfaram com o aumento da digitalização por conta do distanciamento social.

Agora, com a vacina, há uma mudança de procura dos investidores por outro tipo de empresa, com a leitura de que a vida voltará, aos poucos, ao normal. “É importante que o Brasil não perca esse bonde da liquidez global. O País precisa fazer o mínimo para que o estrangeiro se sinta confortável. É uma combinação de manutenção do teto dos gastos e crescimento”, explica.

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